O Rei Dragão - parte 14: Garotas Bonitas

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Pourtant quelqu'un m'a dit

Que tu m'aimais encore

C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore

Serait ce possible alors?

Mênia poderia ter morrido se tivesse caído, por sorte conseguiu pendurar-se num dos espinhos e salvar a própria vida. Considerou pular de volta para a árvore que estava num nível mais alto, "péssima ideia", pensou e optou por balançar o corpo tomando impulso para agarrar o galho do Espinheiro com as pernas. Conseguiu, mas sofreu um corte na lateral do joelho, entre as pernas. O sangue escorreu quente e pingou percorrendo uma longa altura até o solo.

Ainda possuía os músculos da época da juventude por baixo da camada adiposa adquirida com os anos, então pensou que se convencesse sua mente, seria capaz de grandes proezas novamente. Movimentou mãos e pés e foi descendo pelo galho da roseira gigante, numa distância segura saltou para o chão sem machucar-se. Ali era um ponto costumeiro de Op-Hal descer da planta e caminhar pelas clareiras, e Mênia iniciou uma caminhada em busca do filho.

***

Pedra Branca, Pedra Branca,

Que um dia, foi Higé

E hoje olha, maldiz e rosna

Para os homens lá céu,

Lá de Pedra Branca, Pedra Branca,

Uma bolinha de luz no céu.

As meninas cantavam a cantiga popular enquanto Beatriz curtia sua primeira experiência plena de liberdade. De repente, algo passou raspando pela cabeça de Abelha, outro por cima do ombro de Beatriz, eram vários e choveram sobre eles ao mesmo tempo para cair sobre a grama. Abelha deitou o corpo e investigou com a tromba, agarrou uma lagarta rechonchuda e verde. As gêmeas inclinaram o tronco para ver também, eram muitas espalhadas, se recuperando da queda e reiniciando seu arrastar habitual.

- Uh-oh! Bina... – Beatriz ficou ereta outra vez para afastar-se da irmã.

Sabrina olhou para trás sem entender, enquanto a outra já estava mais sentada sobre o traseiro de Abelha do que na sela, os olhos grudados na lagarta que subia pelas costas da gêmea. Nesse momento ela sentiu o bicho se movimentando pelo seu corpo, a viscosidade através do tecido.

- Uh... oh... Tira! Tira! Tira! – saiu de cima do maesel e ficou saltando enquanto estapeava o quanto alcançasse das próprias costas.

Ouviram uma risada vinda do alto e Abelha reativou seu instinto de guarda, e indicou o lugar exato de onde viera o som, pois audição sempre foi seu melhor sentido.

Ligeiro, um ser ágil, parecendo um pequeno macaco ou esquilo grande e sem rabo, desceu rapidamente e caiu agachado diante do grupo.

Ficou de pé, então viram um menino de bochechas rosadas, olhos e cabelos marrons, quase uma cabeça menor que as gêmeas. Ele limpou um restinho de gosma que escorrera no canto da boca adoravelmente desenhada e de sua mão pendia metade do cadáver da lagarta que estava comendo.

- Vocês são iguais. Mas cada uma tem um nome, você é a Sabrina e você é a Beatriz.

Beatriz se escondeu atrás da irmã, que deu uma de valente respondendo:

- É não!

Em apoio a coragem de Sabrina, Beatriz fez sinal de não com o dedo. Op-Hal insistiu:

- É sim! Tem o Eduardo também, e essa é a Abelha. Eu gosto do que voa.

-Tem nada!

Op-Hal assobiou e piou como um pássaro, logo o maesel branco surgiu para atendê-lo. Foi demais para Beatriz que começou a chorar no ombro de Sabrina. O garoto tentou chegar perto para espiar o pranto, piorando a situação.

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