O Rei Dragão - parte 40: Saul-Sardí, Saul-Jhórdi e Saul-Sége

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- Primo, eu já disse o quanto é admirável e uma figura referencial em minha formação pessoal?

- Atlas...

O adolescente baixou a cabeça, em algum momento precisaria pedir o favor, preferencialmente antes de chegarem ao acampamento sargonense.

- É que... pedi permissão para explorar a vila, o mercado... Meu pai consentiu desde que demovesse a ideia de chegar perto do Espinheiro...

- E você por acaso passeou pela vila ou mercado?

- Algumas ruas no caminho para cá. – deu de ombros – Nem cheguei perto.

- Notável falta de juízo.

Atlas guiou Tairone de volta ao plano árido, os centauros se instalaram ali com barracas imensas para acomodar homens e animais. Vieram famílias ricas e pobres, também empregados não centauros para auxiliar nas tarefas. Alguns tendenses foram contratados para servir nesse período de estadia.

Assim que viram Tairone, fizeram alarde e cumprimentaram-no. O pai de Atlas, Dumbar, era o primo direto de Tairone, bateu em suas costas e comentou:

- Olhe quem meu filho encontrou no mercado! Tem bom faro o garoto! Meu primo, viemos para estar junto com você, vai reclamar uma audiência com a rainha e dizer umas verdades ou derrubar os portões reais com as patas do cavalo sargonês?

Antes de Tairone formular uma resposta foi interrompido por outro centauro de compleição elegante, montando um cavalo branco com tranças na crina e rabo:

- Pois me diga o que fazer, preciso de palavras para esse povo. Sua família exerceu liderança por séculos e nos últimos tempos tem negligenciado. Coube que eu os guiasse, quando recorreram ao segundo nome mais importante. Se eu fosse vaidoso, tomaria sua posição de líder, porém trouxe todos no encalço do centauro que almejam seguir. E seguirão até o fim, então diga para que eu e o povo que cisma em agir como a tribo que fomos nas eras passadas, saibamos o que acontecerá.

Baldrudi disse tudo isso e cruzou os braços aguardando como Tairone justificaria seu comportamento aos centauros. Apesar de colocá-lo numa situação difícil, a face de Baldrudi era enigmática quanto à intenção. Nos olhos das pessoas brilhava o orgulho de presenciar um herói: Tairone. Ele pediu que a Divindade o ajudasse a ser sincero sem revelar os segredos da missão.

- A realeza deve descrições de seus motivos, pagamos caro demais para ser protegidos de Pedra Branca. Cadê ele? O Chefe da Guarda, Dom Mauro o matou? Mostrem o branco de seus ossos! A acidez malcheirosa na carne putrefata! Quem exige o mesmo?

A multidão de pessoas, com ou sem cavalos, gritou concordando.

- Tentam nos subjugar através do medo do regresso dos dragões. Sabem de uma coisa? Eu não tenho medo dos dragões! O terror é saber que aceitamos nos subordinar a uma classe que acredita ter o poder de queimar nossa carne e trespassar nossos filhos com lâminas. Qual de vocês teve paz de espírito num encontro com a companheira para procriar após os eventos do ano do dragão?

Os casados gritaram, enquanto os adolescentes ficaram sem graça. Atlas ficou ruborizado ao ouvir a palavra "procriar".

- Eu, a quem apontam como líder, tenho medo desse poder. Sem vergonha de assumir, porque quando foi necessário eu lutei, Sargos lutou, enquanto sabemos que outros povos foram postos em chiqueiros e dobrados quase sem resistência. O que aconteceu comigo, quando saí da minha fazenda rumo à Casa Real é que resolvi levantar e lutar mais um pouco. O que sofri até hoje não foi o suficiente para me fazer encolher. Quero mais e nunca vou parar enquanto a saudade doer. Esse é o único plano, a única razão. Homem ou mulher que deseje lutar também, eu Tairone, pai de Taísa, estarei diante dos portões reais daqui a cinco dias.

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