O Rei Dragão - parte 28: Stand By Me

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When the night has come

And the land is dark

And the moon is the only light we'll see

No I won't be afraid, No I won't be afraid

Just as long as you stand, stand by me

Pela hora e o esforço, Op-Hal começou a demonstrar sono, era uma criança pequena demais para passar por tamanha prova de resistência. Antes das gêmeas serem levadas por Silvio, o grupo parava constantemente para descansar a pedido delas, coisa que o menino nunca fez. Ia valente, arrastando os pezinhos miúdos recusando se entregar. Eduardo ofereceu colo, mas ele não quis. O feirante já havia percebido que Op-Hal não gostava de colo, só deixava a mãe pegá-lo porque mães não deixam alternativas. Sob os dois, o Espinheiro ainda ativo e movimentando os galhos era um fator que atrapalhava manterem o equilíbrio e impedia que sentassem. "Queria eles vivos. Até que ponto?" pegou-se criticando a teoria de Silvio em pensamento.

Finalmente Op-Hal tropeçou e Eduardo o pegou, estava mole de tão cansado. Deitou o menino meio adormecido atravessado na sela de Abelha e ficou segurando para impedir que caísse, pois o bicho era o que apresentava maior dificuldade de andar por cima da planta. Quase sem forças, Op-Hal fez caretas de protestos, relaxou e apagou, num sono pesado.

Eduardo não percebeu a aproximação do maesel branco até que estivesse quase pousando. Susso confiara mandá-lo sozinho,o maesel já havia entendido o que fazer. Sendo um animal menor que Abelha, dificilmente suportaria o peso de dois homens e uma criança. Além disso, Mênia não poderia ajudar, possuía mais volume corporal que o marido.

Dar conta que estava a um voo de realizar o sonho de conhecer a terra já pisada por seu avô e bisavô, fez Eduardo abrir seu típico sorriso para o maesel branco. Foi quase saltitando de alegria, seu corpo reservara energia para esse momento. Deu tapinhas amigáveis no animal.

- Fico devendo outra, hein, Coisa!

Pegou o menino desacordado, montou o maesel branco que bicou o ar, ruflou as asas e voou tão alto que pareciam ir rumo a Pedra Branca.

Voaram por um tempo que pareceu durar mais do que a espera enquanto caminhava aguardando o retorno do maesel. Tentava enxergar o continente Dorijan e decepcionava-se com a escuridão extrema. A ansiedade era aflitiva. Quando sentiu o cheiro da maresia, aspirou enchendo os pulmões até doerem. Ao baixarem a altitude, com colaboração da luz de Pedra Branca distinguiu o brilho da água e a opacidade da mata. No meio deles, a faixa de areia clara, ali um vulto acenando com os dois braços: era Susso.

Diferentemente da primeira vez que despencou no terror completo da queda que o fez desmaiar, nessa viagem o rapaz pôde sentir o frio gostoso na barriga de descer veloz na direção do chão. Parecia que o maesel enterraria o bico na areia, então, reaprumou o corpo e pousou as patas traseiras, depois as dianteiras, com elegância.

Eduardo suspirou perante a responsabilidade de realizar o grande sonho. Desceu do maesel branco para pisar naquela terra, como tanto sonhou. Silvio já havia retirado Op-Hal para levar a esposa que estava sentada com as gêmeas dormindo apoiadas nela, mesmo assim abriu um espacinho para o filho.

Eduardo pôs os pés na areia e sentiu todo seu corpo amolecer com a sensação de afundar. Andou de um lado para outro incapaz de conter a felicidade. O outro veio compartilhar, para que o jovem tivesse alguém com quem explanar os sentimentos.

- Incrível, não é? Juro, o Consenso não me preparou para isso! – brincou Silvio.

- É mais que... Nem sei! Antes do Espinheiro eu vi o litoral uma vez... mas isso...

- É a terra dos dragões!

- Foda!

- Shhh! Olha a boca! – Mênia ralhou.

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