O Rei Dragão - parte 29: Rosa

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Sabrina caminhava tranquila através da planta assassina, as experiências posteriores à queda fizeram que confiasse no Espinheiro, ele nunca a machucaria. Como mágica, abria passagem e o fazia calmo, como se desse boas-vindas. A mão de Eduardo prendia a sua com força, a presença dele era suficiente para deixar a criança sem receio. Do outro lado, Beatriz, com a mão na boca como sempre fazia em caso de ansiedade, dividida entre vigiar Sabrina e o Espinheiro.

Sem parar de andar Sabrina inclinou um pouco a cabeça de lado e abriu um sorriso. Ela adaptava-se melhor às mudanças, para Beatriz era mais complicado mudar de lugar outra vez. Podia perceber essa apreensão em seus olhos, então Sabrina esticou uma mão para tocar a irmã. A gêmea não sorriu de volta, mas tirou a mão na boca, que ficou fazendo bico, para pegar a mão oferecida por sua irmã. Apertaram os dedos sem ligar para os dedos babados de Beatriz.

- Eita! – o aperto de mãos impedia Eduardo de andar direito, deu uma leve tropeçada – Peraí, magrelinhas, estamos quase chegando!

- Tudo bem aí atrás? – Mênia tinha o escutado.

- Tudo bem!

- Será como em Dhomini, após essa camada densa, deve haver espaço por dentro! – Silvio sempre achava que precisava ensinar as pessoas.

Foi uma caminhada relativamente rápida. Possível que a distância tenha sido menor que a feita por Eduardo de sua casa a tenda de Elnora, no mercado. O feirante sentiu a fisgada que lhe incomodava sempre que pensava neles e em todos os mortos pela Guarda Real na noite de sua fuga.

O Espinheiro abriu-se com mesuras que fizeram Mênia recordar-se do apresentador do circo anunciando "Senhoras e senhores do público, vai começar o maior espetáculo de Dhomini-Dorijan!"

- Por Taor! – Silvio exclamou.

O grupo deparou com a vila draconiana, tudo estava bastante tomado por musgos e vegetação, sem esconder a suntuosidade do modo de vida. Aquela fora área dos dragões que deram origem a urbanização. Copiando os hábitos draconianos, os tataravós da humanidade desceram das árvores para iniciar o processo de civilização.

A magnificência começou com a luz, já que por cima da terra de Dorijan o Espinheiro mantinha a cúpula da superfície, com tão poucos galhos quanto fazia pelo meio. Isso dava um efeito no "teto" de treliça romântica e os fachos de luz atravessavam iluminando muitas partes da cidade sem incidir sobre ela por completo. Esse "teto" era dezenas de vezes mais alto do que sobre o continente de Dhomini. O efeito era impactante, por dar um toque de mistério à beleza do lugar.

O maesel branco abriu as asas para fazer um voo de reconhecimento. Sua aparência exótica combinava bem com o cenário.

Eduardo notou que pisava na grama, fora do calçamento, e num pulo "consertou" o ato falho. Os dragões planejaram a cidade casada com a natureza local, era possível residir ali sem agredir o ambiente. Foram usados basicamente madeira e pedras nas construções. Pela largura da faixa de rua, calculou o tamanho dos seres a transitar nessa via outrora. Puxou as gêmeas para o colo e, finalmente realizado seu grande sonho, teve dúvida se não fora iditice trazer crianças pequenas para o antro draconiano.

- Notam que as residências têm diferentes tamanhos? – Mênia e Op-Hal admiravam uma casa apropriada a alguém que deveria ter quase a estatura do garoto.

- Sim! Existiam deles em diversos tamanhos! – Silvio apontou uma mansão gigantesca, que deveria estar uns cinco quarteirões atrás – Aquele dragão devia ser maior que duzentos homens!

- Aquele é o palácio de Elise?

- Ah... acredito que não, jamais li relatos que Elise fosse um dragão tão imenso. Todavia tem aparência de casa comum, nada palaciano.

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