O Rei Dragão - parte 26: Guardas e Guardiões

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Fidélix não parecia o mesmo Guarda que tempos atrás arrebentaria aquela porta num pontapé, segurou Trácota pelo braço e foi ríspido:

- Eu notei seu interesse pela Conselheira, cuidado!

-Não se mete na minha vida! – levantou uma sobrancelha irônica – Eu nunca julguei você.

A raiva pela insinuação fez Fidélix crispar o rosto de ódio. Fechou o punho para socar o colega, desistiu e socou a parede.

O som chamou a atenção do lado de fora, então Mauro entrou no tronco junto com eles.

- Que frescura é essa? Vocês não brigam entre si em público, idiotas! O que há com você, Fidélix? – o Chefe chegou louco de vontade de distribuir uns murros.

De fora, Pérola impacientou-se e tentou espiar. Perguntou:

- O que encontraram aí?

- Espere. – ordenou o Chefe secamente.

Eva apoiou as mãos para subir no tronco e Mauro pisou de leve nos dedos dela.

- Eu disse para esperar.

A Conselheira assustada recuou e protegeu as falanges doloridas junto ao peito. Marília a abraçou para confortá-la. Dentro do tronco a interpelação de Mauro prosseguiu.

- Mal reconheço essa apatia de vocês! – silêncio constrangedor – Digam alguma coisa!

Fidélix explodiu.

- Eu também mal o reconheço, nem os caras! Passa uma temporada enfiado naquela Casa e chega aqui permitindo que ponham armas no nosso pescoço! Você disse que iríamos buscar a maldita Rosa, pegar uns fujões e olhe nossa situação! Eu me sinto humilhado e traído. – bateu com polegar no peito.

- Falou tudo, eu estive entre eles e vi demais! Sei que brevemente o aparato tecnológico e nível de treinamento deles superará nosso quantitativo numérico. É questão de tempo até desejarem declarar-se superiores.

- Que venham! A Guarda derrubou dragões, quem se arrisca nos confrontando são eles!

- Derrubamos? Que eu saiba isso aconteceu há muitas gerações! Você jamais lutou com tal oponente tampouco Trácota. Somos uma classe quase sem adversários, vivemos um tempo fácil demais para pertencer a Guarda. Vejo que vocês se tornaram mimados e preguiçosos, o único aqui que enfrentou o único dragão vivo cara a cara fui e não pude matá-lo. O que me reúne ao Consenso é justamente a promessa da aventura que sempre aguardei o momento de vivenciar!

Trácota compreendeu.

- Dragões?

- Exato. A Administradora do Consenso me mostrou algo que para mim equivale a ouro, um documento dizendo que não foi mágica de rainha que fez o Espinheiro porra nenhuma, a mágica veio do Pedra Branca! – segurou Fidélix pelos ombros e esgarçou um sorriso – Ele está aqui.

Fidélix aceitou a animação e permitiu que circulasse em seu sangue. A chance de derramar sangue de dragão como seus antepassados furaram carne sem piedade.

- Tem certeza, Chefe?

- O Espinheiro foi um revés que a Casa Real anunciou como um feito próprio. Rúbia é como nós, nada pode fazer com sua carga de magia.

Nesse momento a conversa foi interrompida pela onda reativa no Espinheiro a algum novo intruso, a partir de Tendas. Os galhos sibilaram de ódio e os três puxaram o restante do grupo para dentro da cabana.

Trácota aproveitou a distração do grupo e imprensou Eva num canto. O Guarda era o mais alto do grupo e Eva a menor do seu, ela tinha cabelo cortado curtinho só com as mechas do topo compridas e óculos enorme. Era menos sensual que as outras moças, mas já havia prendido o belo louro Trácota, de algum modo. Como Eva se debatia, tapou a boca dela.

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