O Rei Dragão - parte 24: Op-Hal, sacrificado na 1ª. I.G.

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- Os cães estão no rumo da árvore central, nosso propósito original. – Leonardo Máximo anunciou estufando o peitoral.

O grupo correu menos ao atingir a área onde os espaços entre as árvores diminuía.

Os animais começaram a farejar por todo canto na casa da frente, então Guardas e Guardiões cercaram o lugar.

Como os outros Conselheiros, Eva foi atrás de Caça Escalpos que já batia com o solado da bota na porta, dessa vez seus ex-companheiros da Guarda preferiram esperar de fora. Trácota pôs a mão no ombro dela e alertou:

- Cuidado garota, fácil demais.

Ela puxou bruscamente seu corpo do contato com o brutamontes e seguiu seus pares. E como eles, sentiu aquela baforada mal-cheirosa como um choque.

- Uma lanterna taórica pra iluminar isso aqui!

Recompostas e protegendo o rosto, Eva e Pérola foram iluminando na frente.

- Isso é uma lápide? – Alis observou ainda na porta. – Quem é Mênia?

Pérola voltou para ver a lápide e chamou Leonardo Máximo.

- Estávamos certos! Ele teve companhia na fuga!

Alis bufou de impaciência e Pérola explicou:

- Era cunhada dele, depois que encontramos uma grande quantidade de sangue e um maesel ferido na residência do Líder Comum, imaginamos que depois de Seurat ter entregue o filho deles Op-Hal para o sacrifício, a trama tenha surtido um ato passional entre o casal. Afinal, aconteceram muitos casos semelhante naquela ocasião.

- Que fim teve Seurat? – perguntou Alis.

- Não sei, nunca o procuramos, vocês procuraram, por acaso? Sumiu no mundo. Acostumamos a focar apenas em crianças.

- E o bebê?

- O filho único deles era um menino chamado Op-Hal, consta nos registros que o pai apresentou-o ao sacrifício na 1ª. Inspeção Geral e tudo procedeu corretamente. Encontraram o corpo dele no berço, em casa e esse foi o ponto final para concluirmos que foi um desentendimento entre uma discordante e um obediente aos decretos reais. – dessa vez foi Mauro quem explicou, em seguida pediu – Alguém leia para mim, estava dentro dessa catacumba.

Marília pegou a folha e começou a ler:

"Meu corpo decomposto dá boas vindas ao meu lar!

Quem é meu visitante? Guarda Real, Consenso ou um aventureiro nesse local inóspito?

Caso venha da Casa Real, escute meu conselho, corra o mais rápido que puder, fuja! O Espinheiro não o quer aqui.

Se não for, acomode-se e vamos conversar, depois vá embora com pressa, antes que o Espinheiro encontre uma brecha para tocá-lo e proporcionar uma morte agonizante.

Sou Silvio, Conselheiro na Casa de Rohr, Pensador ocupante da cadeira de estudos botânicos e Líder Comum de Tendas. Pergunta o que um Líder Comum faz pendurado nessa corda? Acusa-me de abandonar meu povo antes de conhecer meus motivos, pois os saiba.

Amei a vida como a maioria ama profundamente, porém concluí que tal sentimento não é mais correspondido. Longe de ser culpa da vida em si, esse peso recai sobre nós mesmos. No que transformamos o dom da vida? Numa sobrevivência mesquinha usando muletas imaginárias, desesperados por estar mais alto e com uma visão privilegiada do padecimento dos que ficaram abaixo. Disso eu cansei. Por isso, na noite de minha fuga, ao tomar minha cunhada nos braços e vendo seu sofrimento pela condenação de seu filho resolvi desistir de tudo e isolar-me nesse lugar que julgo um paraíso.

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