O Rei Dragão - parte 37: Amor e Amizade

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Said, sugar, make it slow

And we'll come together fine

All we need is just a little patience

Era até divertido observar Sabrina e Beatriz dormindo. Mexiam e remexiam até ficarem afastadas, aí abriam o olho sem acordar, encontravam a gêmea, voltavam a ficar perto e repetiam tudo de novo. Eduardo nunca enjoava da cena e se perguntava como podia ser capaz de amar tanto. Agradeceria muitas vezes a Divindade que cruzou seus destinos. Cada uma abraçava uma boneca idêntica a que fizeram com a Bisa, em Tendas. "Mágica do Espinheiro", explicaram. Amanheceu o primeiro dia do ano com elas porque Rosa passou a noite trancada num quarto de uma ala distante. Desde que voltaram da vila, Rosa passou o resto da noite de Ano Novo, ignorando Eduardo, como ele fizera com ela de manhã.

Silvio também estava arredio, mancando e quieto. Falou pouco, desejou Bom Ano antes da ceia e preferiu dormir. Restaram Eduardo, Mênia e as crianças. Viram o marcador do tempo indicar o instante da virada do ano, comemoraram e aprenderam com a mulher alguns sortilégios de boa sorte. Mênia decretou o fim da festa e obrigou os meninos a subirem para dormir e foi dar atenção ao marido. Eduardo ficou no trono da rainha com as meninas. Refletiu sobre as ironias do destino, recentemente passou noites ao relento e chegaram a uma morada palaciana.

Amanhecia o aniversário de Dorijan e último dia dele perto com Rosa. "É o melhor nós partirmos? Acredito que vou sobreviver, tenho cada vez mais segurança na minha capacidade. Me preocupa o futuro. Sabrina e Beatriz saberão se defender? Não vou viver eternamente, terei que confiar em Op-Hal. Com Dorijan, contariam com outra força de proteção. Dois meninos, duas meninas, poderiam inclusive constituir famílias. Impossível negar que aos cinco anos de idade, Op-Hal já adora a Bê, restaria então... Não quero nem pensar nessas coisas, é cedo demais. Mas qual pai nunca perdeu uma noite de sono preocupado com o destino dos filhos em sua ausência? E nessa enorme responsabilidade onde encaixo a minha felicidade?"

- Bom dia, magrelas!

Eduardo não pôde concluir as divagações, as gêmeas despertaram antes de Taor, então o feirante precisou atender os cuidados que elas careciam.

***

- Está amanhecendo e esse pessoal não cansa! – Fabine comentou sobre a festa dos Conselheiros, tentando puxar assunto com Tairone.

No intervalo entre a saída do Notívago Gago e seu retorno com Mutemuia, Nemo conseguiu cochilar.

A Administradora entrou no estábulo e ficou um tempo admirando a figura imponente do centauro e seu cavalo. Recomendou a Fabine que ficasse de vigia na porta para impedir que vissem ou ouvissem a conversa.

- Minha realidade, os hábitos... Mudei tanto que chego a pensar se deixei de ser sargonense para ser apenas Conselheira. Diante da sua figura, eu sinto quente em minhas veias o sangue centauro! – bateu no peito.

- Meus parentes tem amizade com seus parentes. Nós dois descendemos de Ayessé, fundadora do Templo da Mãe Taor. A Senhora é Mutemuia, Administradora da Casa de Rohr, filha de Maísa, neta de Quina.

- O centauro é Tairone, filho de Juliete, neto de Tácia. Sua égua remonta uma linhagem domesticada por seus antepassados faz duzentos anos.

- Sim. Este é meu amigo Nemo, grande barqueiro do Bordo.

Nemo, ainda sonolento, estava tímido com a aura de poder emanada por Mutemuia, ficou pior ao ouvir o anúncio "grande barqueiro". Acenou com um gesto curto de cabeça, em seguida temeu parecer desfeita a brevidade.

- Seus olhos parecem duas pedras preciosas, lindos. – ela dedicou um elogio ao bordês.

Mutemuia pôs a mão no toco do braço de Tairone com a reverência de quem chega a uma relíquia de fé. Chorou e fez orações a Divindade em honra a Taísa. Enfim se dirigiu a Tairone:

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