JANE - 35

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JANE - 35 


Gabriel depois de tanto chorar em meus braços, aparentou ter absorvido e entendido a situação.

Estávamos conversando no quarto quando escutamos alguém bater na porta.

— Pode entrar Vera. – ele disse secando rapidamente os olhos.

Mas não era Vera e sim seu pai.

Meu coração acelerou no momento em que os dois se encararam.

— Ah... É você. – ele deu de ombros e desceu da cama, indo em direção ao banheiro.

Eu o conhecia de forma suficiente para saber que ele estava fugindo.

— O que deu nele? – Michel pergunta com a sobrancelha arqueada.

— Agora ele já sabe que é teu filho e não gostou nenhum pouco da história.

Ele fica vermelho.

— Aposto que você deve ter falado coisas horríveis para que ele agisse dessa forma comigo. – ele diz começando a ficar irritado.

— Por não precisar envenená-lo é que eu não contei, porém ele sabe o que você fez conosco, não é uma criança boba e não te perdoa por isso.

Vejo pela primeira vez na vida os seus olhos se encherem de lágrimas.

— Se um já é difícil reconquistar, imagine dois... – ele murmura e abaixa a cabeça.

— Eu escutei e posso te dizer Michel? Cada escolha tem a sua consequência, aprenda a lidar com ela.

E assim fui até ao banheiro chamar por Gabriel que respondeu bem alto: '' Ele já saiu?''

E Michel respondeu:

— Ainda não, filho.

Gabriel irritado saiu de dentro do banheiro, parou em sua frente e começou a dizer:

— Eu não sou seu filho, eu sou um conhecido seu porque você não tem direito de ser meu pai, então para você eu sou Gabriel.

— Nós podemos conversar? Me deixa te explicar o porque eu sumi. – ele pediu praticamente implorando.

— Você sumiu por causa de rabo de saia e isso não é bom, não quero conversar, sai daqui. – sentou na cama e tampou os olhos.

Michel saiu, extremamente desconcertado.

Por dentro, estava feliz porque ele precisava escutar isso não só de mim, mas também de Gabriel, porém, por outro lado eu estava chateada porque acima de tudo Michel era seu pai e Gabriel o devia respeito, ou não.

MICHEL

Já não tinha nada e tudo que tinha acabo de perder por causa das minhas malditas escolhas.

Desde que chegara aqui, me apaixonei perdidamente por Gabriel e me encantava um pouco mais todas às vezes que eu tirava um tempo só nosso, seja para jogar videogame, assistir filme ou até mesmo dormir juntos no meio do filme.

Mesmo que eu tenha percebido isso após oito anos, Gabriel foi o melhor presente que Jane pôde me dar nesta vida, mas eu não dei valor no presente e agora ele me odeia.

Você é um filho da puta Michel.

Cheguei ao corredor e encontrei Vera com uma roupa deslumbrante, ela viu o meu estado e me acompanhou até o quarto.

— O que você quer Vera? – perguntei irritado.

— Saber o que você tem. – disse sentando-se ao meu lado.

Vera era mais que uma funcionária, era uma amiga de verdade e acredito eu que é a única que nunca iria me trair ali dentro.

— Não tenho nada, estou bem. – menti descaradamente.

— Eu sei que você tem algo e você nunca me esconde nada, vamos, desembucha Michel porque eu não tenho muito tempo.

E então contei a ela toda a minha história com Jane e ela ficou boquiaberta por ver como o destino era um grande idiota de fazer com que nos reencontrássemos e também contei que sou pai de Gabriel e que agora ele me odeia com todas as suas forças e não podia fazer nada para reverter aquela situação.

Sem vergonha alguma chorei em seus braços, eu era um homem forte fora do meu quarto e dentro dele eu desabava sempre, ou chorava por me sentir mal ou agredia o saco de boxe instalado no canto de uma das paredes e assim eu expelia toda a minha raiva do mundo e da pessoa que me tornei.

RECOMEÇO POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora