JANE - 46
— Você só pode ter enlouquecido de vez!
Isso era o que eu estava escutando da boca de Vera ao contar que estava ali, na sua sala exclusiva para dizer que estava desistindo do concurso e estava disposta a pagar pela multa da quebra de contrato.
— Você pode ter certeza Vera de que não estou louca e tampouco enlouqueci. É direito meu querer desistir do concurso e é por motivos maiores, estou abrindo mão.
— Eu não quero saber. - foi rude. — Faltam menos de um mês para o término desse concurso e você não pode e não vai estragar tudo por causa dos seus motivos idiotas, Jane.
Então meu sangue ferveu e eu estava prestes a enfiar a mão na cara dela.
— Realmente você não tem que saber Vera e sim tem que respeitar. Nas últimas semanas que passei vivendo dentro desse inferno, só deu para enxergar a cobra que você é e ainda por cima fuxiqueira porque fica escutando conversa atrás da porta.
Ela deu risada.
— Me deixa adivinhar o motivo para você desistir do concurso... - parou para pensar. — Já sei! Você se apaixonou pelo mocinho indefeso que ama uma mídia e ainda por cima te usa, mas ele é casado e seu amor reprimido está atrapalhando o seu desempenho, pois sabe que o mocinho é perdidamente apaixonado pela esposa que está viajando e que voltará muito em breve. Acertei? - arqueou a sobrancelha. — Eu sei que sim.
E lá estava ela, destilando o seu veneno que eu cheguei a um dia acreditar que não existia, ao menos não o ruim.
— Quer saber? Eu estou farta Vera, de você ficar com o seu '' achismo'' e com você achando que está certa em tudo. Você se engana ao dizer que eu me apaixonei pelo mocinho, já que sempre é o mocinho que fica tentando me conquistar dizendo mentiras nos cantos da casa. Se engana ao imaginar que Gabriela é uma ameaça para mim, porque você sabe e já presenciou no corredor daqui que ela um ser humano insignificante, então se poupe Vera. Estou desistindo do concurso sim, pois foi disso que eu vim tratar com você, a partir de amanhã eu já não estarei mais dentro dessa casa e você que se vire e se foda!
Eu disse tudo e faltou dizer que o mocinho era o pai de Gabriel mas isso eu pouparia porque não era a hora certa de falar, se é que existe hora certa.
Ela me segurou pelo braço quando decidi sair da sala e começou a apertá-lo de uma forma que estava doendo.
— Você não vai embora, nem que eu tenha que te fazer perder o voo, ônibus ou a puta que pariu. Você não vai difamar a nossa imagem, porque eu não vou deixar!
Não pensava em difamar a imagem de concurso algum e confesso não estar entendendo o seu medo tão grande da minha saída.
— Me solta! - esbravejei.
— Você é uma idiota e eu sempre soube que você seria um problema dentro dessa casa, Jane!
— Eu vou denunciá-la para a polícia Vera, está me escutando? - eu tentava me soltar dela.
Até que cansada de relutar, virei-lhe uma bofetada de fazer o rosto arder e a empurrei fazendo com que batesse as costas na mesa de mármore e caísse no chão ao gemer de dor.
— Você nunca mais encosta o dedo em mim, sua idiota!
E dessa vez, consegui sair.
VOCÊ ESTÁ LENDO
RECOMEÇO POR AMOR
عشوائيO passado de Jane não era algo em que gostava de lembrar, mas o fruto dele, sempre a fazia. Deixada no altar pelo homem que jurava amá-la e ainda por cima grávida, até hoje, após oito anos desde que tudo acontecera, ela ainda relembra com pesar aqu...