GABRIELA - 73

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GABRIELA

Nem nos meus melhores sonhos, eu tinha o privilégio de perder tantos quilos em sequência e olha que minhas dietas sempre foram rígidas, mas por sofrer por Plínio, eu havia perdido em semanas cerca de dez quilos.

Minha filha havia sido '' deixada'' com sua avó paterna, enquanto eu ia encher a cara em bares da cidade e chorar as pitangas para as garçonetes.

Eu tinha dinheiro para aquilo.

Lembro-me de que havia jogado merda no ventilador à alguns dias, ao chegar em casa e contar à Michel que minha filha, não era sua filha e fazê-lo entender que assim como ele me enganou a vida toda, eu também fui capaz de enganá-lo pegando pesado.

O dia havia amanhecido lindo e eu estava de ressaca para variar, minha filha estava com a avó e em casa e Michel estava viajando à ''trabalho. ''

Tomei um banho e ao pensar em Plínio, minha fragilidade veio à tona.

— Como eu queria que fosse tudo diferente. – digo a mim mesma secando uma lágrima.

Nunca imaginei que amar de verdade fosse sufocante, ou tampouco que fosse doer da forma em que está doendo.

Ao sair do banho e me enrolar em um roupão, olhei no relógio de cabeceira e já se passavam das onze da manhã.

Bocejei querendo voltar para cama, mas decidi respirar.

>>>

Ao descer para tomar café, dei de cara com meu pai de braços cruzados em minha sala.

Detalhe: O meu pai nunca aparecia.

— Pai, que saudade! – fui abraça-lo e recebi um empurrão que quase me fez cair.

Ele estava transtornado.

— Sua vagabunda! Eu deveria acabar com você, assim como você está acabando com a nossa família Gabriela.

Ele praticamente estava cuspindo em minha cara.

— Do que o senhor está falando? – eu perguntei com os olhos cheios de lágrimas.

— Você é uma dissimulada! Aonde já se viu Gabriela, trair o próprio marido com um filho da puta de um funcionário.

Meu coração acelerou e eu aposto que arregalei os olhos.

— Quem te contou isso? Ou melhor, da onde o senhor tirou essa ideia maluca? – perguntei tentando me manter calma.

— Você mesmo Gabriela! Você mesmo. – diz abrindo o Whatsapp e em seguida colocou um áudio, onde eu contava para alguém, vulgo Michel que minha filha não era sua filha e que Plínio era o meu amante.

Eu estava em um beco sem saída e querendo do fundo do coração, acabar com a vida daquele desgraçado.

— Isso é mentira pai, eu estava bêbada.

E sem muito que dizer, ele mirou uma bofetada em meu rosto.

— Eu não acredito em você, até porque eu já perdi as contas de quantas vezes você mentiu para sair por cima da situação. Eu te criei Gabriela pra ser mulher direita e não para ser uma vagabunda! O Michel não te merece e você não merece ter ninguém ao seu lado, tanto que até o seu amante te deixou.

Ele dizia aquilo tudo e o meu coração doía um pouco mais a cada palavra pronunciada e eu? Nada disse, além de chorar.

— Eu estou cancelando tudo! – ele gritou. — Todos os seus cartões de crédito, todas as suas contas, tudo! E essa casa? Você pode ir embora dela, porque você não é bem-vinda e quem a comprou fui eu e coloco quem eu quero aqui dentro. Termine esse lixo de concurso e vaze daqui, ou eu lhe jogarei uma ordem de despejo.

— Eu também tenho direito nisso daqui, eu sou sua herdeira! – ergui o tom de voz.

Maldita a hora que eu fiz isso.

Meu pai tirou seu cinto de couro da cintura e já sabendo o que viria, fechei os olhos e torci para que não doesse mais do que meu coração.

E doeu na primeira cintada.

— Tem direito? – uma cintada. — Deveria ter pensado na desgraça do teu direito quando foi dar pra outro. – outra cintada. — Quando traiu o próprio marido. – outra. — Quando mentiu para mim no passado. – mais uma e eu já gritava. — Grita vagabunda! É isso o que você é Gabriela, eu tenho nojo de você, muito nojo. – mais uma cintada e alguém o segurou.

O meu rosto ardia por causa da sua bofetada, as pernas e os demais lados que ele bateu com o cinto, ardia sem ver.

E eu apaguei.

>>>>

Não sei quanto tempo foi que eu fiquei apagada, mas ao acordar encontrei Plínio com um olho roxo no pé da minha cama.

O meu corpo todo doía e o coração? Eu sentia que deveria fazê-lo parar de bater.

— O que faz aqui? – perguntei com os olhos cheios de lágrimas. — E porque você está com o olho roxo? – passei a mão por seu rosto, esperava não estar sonhando.

— Você desmaiou no momento em que cheguei e vi seu pai te batendo.

— E ele te bateu? – perguntei.

— Não. Quem me bateu foi seu marido.

— Desculpa te fazer passar por isso. – deixo as lágrimas rolarem.

— Eu preciso de dinheiro Gabriela e foi só por isso que eu voltei. Preciso que você me arrume algo, porque tenho certeza que a partir de agora estou sendo demitido sem direito a nada e eu tenho uma família para sustentar.

E eu tonta, achando que ele havia voltado por minha culpa.

— Eu não acredito... – falei tentando me mexer, porém a dor em minha cintura pelo cinto ter pegado ali, se fazia presente me deixando até com falta de ar.

— Pois pode acreditar.

— Eu achei que tivesse percebido que eu sou o seu verdadeiro amor Plínio.

— Pensou errado. Eu só voltei porque preciso de dinheiro e ainda te salvei, porque com a fúria que seu pai estava era capaz dele te matar.

— Foi por sua culpa. – eu seco uma lágrima. — Foi pelo nosso envolvimento, foi pela nossa filha que eu apanhei daquela forma.

— E eu não sinto muito Gabriela. Você sabia que era casada quando me procurou e eu estava solteiro na época, em hipótese alguma eu errei, quem errou foi você que ainda por cima engravidou! Não posso dizer que você mereceu tudo isso, mas cada um colhe o que planta.

E eu chorei ainda mais, não era aquilo que eu precisava escutar e também não era o que eu queria.

— Faça o cheque, eu volto em duas horas para buscar.

— Eu perdi tudo Plínio. O meu pai irá cortar todos os meus cartões e as minhas contas.

— Se vira. É sua culpa eu estar perdendo o meu emprego, agora eu quero receber.

E assim, ele me deixou sozinha aos prantos para variar.

RECOMEÇO POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora