JANE - 69

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JANE

A maioria dos meus finais de semana, eram resumidos à fazer doces e encomendas para aniversários, casamentos e afins e para a minha grande e maravilhosa sorte eu tinha Gabriel ao meu lado que enquanto eu preparava o brigadeiro, ele enrolava com cuidado e muito carinho os beijinhos.

Um grande ajudante.

Hoje era mais um daqueles dias, minha segunda encomenda era de quinhentos doces e estávamos terminando juntos no ritmo de Sidney Magal, o terceiro cento e a primeira já estava pronta, esperando virem buscar.

– Esse doce irá ficar uma delícia mãe, está muito bonito! - elogiou meu menino.

– É o que eu espero querido. - digo enquanto desligava a panela para colocar o doce para esfriar.

– Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar, quero ver o seu corpo dançar sem parar. - ele cantava ao som da música, fazendo a colher de microfone.

Era muito bom vê-lo sorrindo, mesmo que durante a noite ou em alguns momentos acabe tendo recaída.

Conversávamos animadamente quando escutamos a campainha tocar, olhei no relógio.

– Filho, me ajude a levar as caixas que acredito que seja o Valdir vindo buscar os doces. - pedi à Gabriel que rapidamente pegou dois centos.

Eram quinhentos.

Fui à frente e com certa dificuldade consegui abrir a porta e pasme, não era Valdir e sim Michel que por pouco me fez cair de costas com os doces.

Gabriel o viu e voltou para dentro com o doce correndo, enquanto eu fiquei ali, plantada feito um pé de alface na horta.

– Como você nos encontrou? - perguntei.

E ele me mostrou o contrato que havia trago consigo.

– A multa... - mordi o lábio. - Eu irei pagar, ok? Na segunda-feira peça para alguém me mandar em forma de boleto e eu faço o depósito.

Ele arqueou a sobrancelha.

– Do que você está falando Jane?

– A multa de quebra do contrato, é por isso que você está aqui, não é? - perguntei encostando-me à porta.

– Não Jane, estou aqui pois vim lutar pela minha felicidade e a minha felicidade é você e o nosso filho.

Quando desliguei o telefone não querendo falar com ele por estar '' sem tempo'', achei que ele pudesse no mínimo se tocar que não o queríamos em nossa vida e que sua presença faz tão mal ao nosso filho, quanto para mim, mas pelo visto foi um tiro no pé, porque mesmo com tudo isso, ele ainda fez questão de aparecer aqui.

– Achei que tivesse se tocado do quanto você é tóxico em nossas vidas Michel. - falei ajeitando o doce em meu braço, já estava doendo.

– Jane, eu só quero uma chance...

– Cadê o paparazzi? Não os trouxe para verem o show? - perguntei com a sobrancelha arqueada.

Seus olhos se enchem de lágrimas.

– Eu estou cansado disso tudo Jane! Cansado da '' fama'', cansado da minha vida, daquela empresa de tudo, para mim as únicas coisas que importam é você e o nosso filho e eu só queria uma chance para fazer com que desse certo Jane, porque até agora você não me deixou tentar.

– Eu tentei sim Michel e foi por tentar que agora o meu filho está com depressão e tudo isso é culpa tua. Vai embora. - entrei fechando a porta em sua cara.

Gabriel estava ali, sentado na cadeira de frente para a porta em que eu estava.

– O deixe entrar mãe. - pediu.

– O quê? - perguntei fingindo que não havia entendido.

– Eu quero conversar com ele. Por favor, nem que essa seja a última vez.

– Você tem noção do quanto isso pode te fazer mal Gabriel?

– E você já percebeu o quanto não tê-lo também faz? O que importa mãe, eu tô doente de qualquer forma e se for pra ser assim, eu prefiro vê-lo agora.

Dou-me por vencida.

Giro a maçaneta e ali estava ele, sentado no banco que Gabriel mais gostava.

– Entra. - pedi.

E vi um pequeno sorriso brotar nos seus lábios.

– Qualquer gracinha que fizer, te coloco pra fora a pontapés Michel. 

RECOMEÇO POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora