RECOMEÇO POR AMOR

MICHEL - 76

M I C H E L

Engana-se quem pensou que só porque a policia escutou Vera confessar seu crime, eu não precisei prestar o famoso depoimento.
Não só prestei, como sai em todos os telejornais ao lado de Vera como um possível suspeito da morte de Gabriela.
Mas há um detalhe: Gabriela ainda não está morta, apenas na UTI.
Fiquei por cerca de cinco horas respondendo à um interrogatório e quando pensei em voltar pra casa, desisti e me hospedei em um hotel.
Eu estava atordoado, pensava que seria tão fácil me separar de Gabriela quanto foi me casar, mas não tem sido e eu estou um bagaço.
Na televisão do hotel, em todos os noticiários passavam eu saindo de casa e em sequência entrando na delegacia, evitando contato com os repórteres.
Meu celular tocava sem sessar e todas eu recusava,  exceto uma: Gabriel.
- Oi pai, estou te vendo na televisão.
Que jeito legal de começar uma conversa.
- Está filho?
- Sim. É sério que você matou a bruxa Gabriela?
Sorrio fraco com o que ele disse.
- Não filho, foi a Vera e posso te dizer uma coisa?
- Pode.
- A Gabriela não morreu, está na UTI, eles inventam muito.
- Poxa... Olha pai, eu sei que Deus nunca vai me perdoar por isso, mas eu espero que ela não sobreviva. Não gosto dela.
- Eu também não.
- E porque se casou?
- Já conversamos...
Ele ficou em silencio por segundos.
- Quando você vem?
- Em breve filhão.
- Hum... Vai sumir de novo?!
- Claro que não,  porém tenho que ficar indo na delegacia prestar depoimento sempre.
- Que chato. Ó, minha mãe quer falar com você,  beijo tchau.
- Calma Gabriel. - escutei Jane dizer.
- Você está louquinha pra falar com ele sua sem vergonha. - escutei ele dizer.
- Gabriel. - o repreendeu. 
- Boa noite Jane.
- Oi Michel.
E meu coração, só de escutar sua voz foi às alturas.
- Como você está? - perguntou.
- Exausto precisando de você.
Pude senti-la revirar os olhos.
- Voltou para sua casa? - perguntou.
- Que jeito?! Cheio de repórteres, vim para um hotel e espero que não me encontrem.
- Você realmente a matou?
Agora quem revira os olhos sou eu.
- Gabriela não morreu Jane, ela está na UTI e quem atirou foi a Vera e você não sabe do babado.
- Que babado?
- A Vera é mãe da Gabriela.
- PUTA QUE PARIU. - gritou.
- Sim, eu fiquei perplexo.  Ela está presa por ter tentado te matar e também por ter tentado matar Gabriela mas ela me salvou, se não fosse ela, eu estaria mortinho pela Gabriela que tentou me esfaquear.
- Que barbaridade.
- Sei que estou cansado e só queria estar por perto de Gabriel e... de você.
- Vou desligar.
- Espero que um dia você pare de fugir de mim Jane, eu te amo. Pode desligar agora.
Silêncio na linha...
Quando estava prestes a desligar, ela disse:
- Michel... Gabriel está com saudade e...
Parou de falar.
- E... - a incentivei.
- E eu também.
Pronto, desligou.
Apesar de todo o momento tenso que estava vivendo, aquilo me tirou um sorriso largo.
Talvez eu estivesse no caminho certo.
Talvez não seja tarde demais para mim e Jane.