MICHEL - 75

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Após resolver toda a documentação com direito à reunião para anunciar o novo cargo de Flávio, peguei todos os meus pertences de valor em minha sala e a deixei com os olhos cheios de lágrimas.

— A vida é feita de términos e recomeços Michel, siga em frente. – murmurei a mim mesmo e rumei à minha até então casa.

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A imagem que vi ao chegar me deixou atordoado.

A sala estava cheia de cacos de vidro, sofá por cima de outras poltronas, garrafas quebradas, uma enorme bagunça o que me fez pensar que o pai de Gabriela pôde ter passado por aqui.

O silêncio pairava e até Vera havia sumido.

Caminhei um pouco mais por dentro do cômodo e dali conseguia ver que a sala de estar também estava destruída.

— Parece que passou um furacão por aqui. – murmurei.

Caminhei até a sala e me surpreendi por um único espelho ter sobrado naquele cômodo.

As prateleiras estavam jogadas por cima da mesa que também era de vidro e estava quebrada, ficando apenas os pés dela.

E então, ao olhar para o único espelho restante, me deparei com Gabriela segurando uma faca de cortar carne nas mãos e com os olhos todos borrados de maquiagem, dando indícios de que havia chorando.

Ela estava prestes a enfiar a faca em minhas costas, quando eu vi e virei com tudo segurando o seu punho.

— Você está louca? – eu gritei.

— Eu vou acabar com você seu desgraçado. – ela tentava me furar enquanto eu tentava segurá-la quase que em vão.

— Vamos conversar. – pedi tentando acalmá-la.

Ela riu.

— Conversar? Conversar o quê seu infeliz? Conversaremos a respeito de que você fodeu com o restante que eu tinha de vida? Que você acabou com a minha família?

Nessa hora ela já chorava e gritava ao mesmo tempo.

— Você acabou com a sua vida Gabriela! – respondi.

Travamos uma briga, onde ela queria me esfaquear e eu já estava perdendo as forças porque ela ficava se debatendo e resolvi pegar o objeto mais próximo de mim, vulgo cadeira.

— Você não se aproxima ou eu a quebro na sua cabeça Gabriela.

E ela não parou.

Com um chute ela derrubou a cadeira das minhas mãos e com um empurrão me jogou contra a parede fazendo com que eu batesse a cabeça no vidro e ele se quebrasse inteiro.

Fui escorregando pelo chão com dor em meu corte.

— Sete anos de azar seu desgraçado, sete anos! – disse referindo-se ao espelho quebrado.

Segurei seu braço com a força que me restava e com a mão esquerda ela mirou em meu rosto, onde começou a esbofetear sem dó nem piedade.

Estava em cima de mim e nós gritávamos um com as outras palavras desconexas, mas em nenhum momento eu a agredi, apenas ameacei.

Pedi a Deus para que me mandasse alguém e nada.

Até que Gabriela conseguiu se soltar do aperto e quando ia enfiar a faca com tudo em meu peito, escutei um barulho alto ecoar.

— POW...

Em seguida a faca praticamente voou no chão e pude vê-la ainda em cima de mim empalidecer.

Cocei levemente os meus olhos e seus olhos foram se fechando lentamente.

Olhei para cima e lá estava Vera, chorando com uma arma apontada para onde Gabriela estava.

Vera havia salvado a minha vida, atirando em Gabriela.

RECOMEÇO POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora