Capítulo 2 - Incorrespondência

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Marcelo

Droga de relatórios. Esse negócio nunca dá certo!

9 da manhã e estou na Ruth Goulart tentando fazer a porcaria do pagamento e enviar relatórios para alguns investidores da escola mas ambos não querem dar certo. Que ótimo. Só um diretor pra trabalhar na escola num sábado.

Batem na porta da minha sala e eu tento imaginar quem é já que é um sábado e eu estou sozinho na escola.

--- Quem é? --- Pergunto.

--- Sou eu amor, a Débora.

--- Ah, pode entrar. --- Digo revirando um pouco os olhos.

Nós brigamos na noite passada e eu saí de casa hoje de manhã sem falar com ela, então é a primeira vez que estamos nos vendo hoje. Tudo o que eu queria era paz. Só isso.

As vezes eu queria ser adolescente de novo e ter aquele bom-humor que eu tinha, bom, como a maioria dos adultos eu perdi isso com o tempo e agora sendo diretor da Ruth Goulart eu perdi o resto que provavelmente já nem tinha.

Tenho que admitir que parte das brigas com Débora também são culpa minha. Eu ando muito estressado esses dias mas Débora também não colabora! Somos, os dois, culpados.

--- Você saiu hoje de casa e nem falou nada comigo. --- Diz se apoiando na mesa.

--- Eu deixei um bilhete, não deixei? --- Digo sem tirar os olhos do computador.

--- Sim mas... --- Eu a interrompo.

--- Por que a preocupação então?

--- Eu queria te ver, Marcelo. E tentar fazer as pazes.

--- No meu ambiente de trabalho? --- Pergunto retoricamente. Ela precisa separar a vida pessoal do trabalho. --- Débora, você é completamente capaz de me esperar chegar em casa.

--- Marcelo calma, olha como você tá estressado esses dias!

--- Mas você também não colabora.

--- Ah, eu não colaboro?! Essa é boa.

--- E vir no meu horário de trabalho me atrapalhar não é motivo suficiente pra você?

--- A questão não é nem essa agora, você tá assim todos os dias! Em todo tempo, a cada minuto, a cada segundo! E isso tá me chateando.

--- Nós dois temos culpa nessas brigas. Eu ando estressado, okay, me desculpa, mas você tem que aprender a lidar com isso e deixar de fazer algumas coisas que provocam nossas brigas.

--- Ah é? Que tipo de coisas? --- Pergunta cruzando os braços.

--- Não me atrapalhar na hora do meu expediente é um começo, não reclamar de tudo que você vê na frente, não reclamar do João como você reclama. Sinceramente, isso e outras coisas me deixam louco. --- Digo me voltando para o notebook na minha frente.

--- O João é um garoto que precisa de disciplina, você não vai me tirar a autoridade de chamar a atenção dele. --- Olho pra ela com indignação.

O Sonho e o Futuro (Lucelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora