Capítulo 44 - Noção do perigo

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Poliana

Ao escutar a porta se fechando, abro um de meus olhos para ter certeza de que não há mais ninguém naquele quarto. Quando tenho certeza que eu e João estamos sozinhos, eu me sento na cama e solto todo o ar que tinha prendido quando Débora apareceu.

— Pode levantar, João. — Digo e ele se senta.

— Quem aquela carne de pescoço pensa que é pra chamar a gente de pirralhos?! Ela vai ver só! — Quando ele faz menção de se levantar, eu seguro seu braço, o impedindo.

— Calma, João! Estamos aqui para resgatar a tia Luísa, esqueceu? Não queremos brigar com ninguém aqui.

— Mas se for preciso...

— João! — Chamo seu nome em um tom repreensivo.

— Tá bom, tá bom, parei. Prometo que vou tentar me comportar. — Sorrio e nego com a cabeça. — Mas o que nós vamos fazer agora?

— Eu não sei. Eles, aparentemente, não nos trancaram aqui dentro.

— Devem ter pensado que estávamos realmente apagados.

— Pois é.

— Mas e então? Nós vamos resgatar a tia Luísa ou não? — Ele pergunta com um sorriso no rosto.

— Não acha arriscado irmos agora? Os capangas da professora Débora devem estar a solta na casa.

— É só a gente tomar cuidado. Se eles aparecerem, a gente foge.

— A gente vai precisar de um plano. Não podemos sair daqui sem sabermos o que temos que fazer.

— Poli, é simples: Não precisamos de plano nenhum, nós só precisamos saber de duas coisas: Não podemos nos separar de forma alguma! E quando um dos capangas perceberem nossa presença, a gente improvisa e dá um jeito de fugir.

— Ah, João, eu não s...

— Você quer ter a tia Luísa de volta? — Ele segura minhas duas mãos e olha em meus olhos. Eu afirmo com a cabeça, respondendo sua pergunta com apenas um gesto. — Então nós vamos ter que sair desse quarto e ir até lá e resgatar a tia Luísa, okay? — Ele me dá um sorriso sem mostrar os dentes.

Meu coração falha uma batida.

Retribuo o sorriso.

— Okay. — Nós vamos de mãos dadas até a porta. Ficamos de frente para a mesma, encarando-a por alguns minutos.

— Tu tá tremendo. — Ele diz. Eu olho para a minha mão e percebo que, realmente, estou tremendo de nervoso.

Não posso negar que estou com medo, mas se essa é a única forma de salvar a tia Luísa, eu faço o sacrifício.

— Tem certeza de que quer ir? — Ele pergunta.

Acho bonito como o João sempre se preocupa comigo. Ele nunca me força a fazer nada que eu não queira.

— Tenho. Vamos salvar a tia Luísa juntos! — Digo com convicção. Seguro sua mão com mais firmeza e dou meu melhor sorriso a ele.

O Sonho e o Futuro (Lucelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora