Capítulo 27 - Meu

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Marcelo

- Senti tanto a sua falta! - Débora diz me abraçando. Ela acabou de chegar em casa.

Sem ter muito o que fazer, eu retribuo o abraço.

- Chegou tarde, né? - Digo olhando para o relógio marcando sete horas da noite. - Pensei que iria chegar mais cedo.

- Também achei. Mas você precisava de ver o engarrafamento na estrada! O ônibus ficou parado por cerca de uma hora. - Ela se solta do abraço e olha em volta. - E o João?

- Tá no quarto fazendo a lição dele.

- Vou lá dar um oi pra ele! - Ela rapidamente sobe as escadas e eu a sigo. Ela bate na porta do João de leve e escutamos um "entra" abafado. - Oi, oi, oi! - João olha para trás e revira os olhos ao ver quem é.

- Adeus, paz, volte logo. - Ele fala.

- João. - Digo em um tom repreensivo.

- Olá, Débora, como foi de viagem? Foi tudo bem? Ah, que bom, agora posso terminar minha humilde lição de casa? Obrigado, okay? Tchauzinho. - Ele diz irônico e nem espera uma resposta de Débora para cada pergunta que ele faz a ela.

- Ele deve estar de mal humor. Vou falar com ele outra hora. - Ela fecha a porta e nós descemos pra sala. Nos sentamos no sofá.

- Mas e seu pai? Ele voltou pra casa ou ficou no hospital?

- Ele já recebeu alta, graças a Deus. Fez a cirurgia e ocorreu tudo bem.

- Quem bom então. - Nós ficamos calados por um tempo.

- E como foram essas semanas sem mim aqui em casa? - Ela pergunta com um sorriso no rosto.

Eu gostaria de poder dizer: "Débora, acabou." mas seria em vão já que mesmo se eu terminasse com Débora, Luísa não poderia ficar comigo. Gostaria de dizer também que beijei Luísa e, ah, como foi bom, mas rapidamente me lembro de que estou falando com Débora e não com Iuri. Iria falar que fiquei preso no elevador junto da Luísa e fiquei stalkeando ela no Instagram e vendo aquelas fotos maravilhosas, mas eu não quero levar um tapa e muito menos brigar.

É.

Vou ter que apelar para a mentira.

- F-Foram... hum... complicadas. Afinal você faz falta na casa. - Digo desviando o olhar do dela. Quero olhar para qualquer lugar menos para os seus olhos.

- Não senti firmeza nas suas palavras! Hahaha! - Ela brinca e logo em seguida gargalha. Tento gargalhar mas nada sai de mim, apenas uma risada nervosa, fraca e sem graça.

- Pode ter certeza que falei a verdade. - Mentiras, mentiras e mais mentiras. Não aguento mais ter que mentir pra me salvar de situações como essas.

- Eu sei que falou, meu amor. - Ela entrelaça seus braços em meu pescoço e começa a me beijar.

Tento comparar seu beijo com o beijo de Luísa.

O beijo da Luísa tem um gosto incomparável, nossas bocas tem o encaixe perfeito, diria que foram feitas uma para a outra, a explosão de sentimentos que eu sinto ao beijar Luísa é imensa, é um arrepio ali, um formigamento nas bochechas aqui e aquela sensação gostosa na barriga. Nossas línguas dançam em harmônia uma com a outra. A sensação maravilhosa de escolher entre continuar beijando quem você ama ou se soltar dessa pessoa e recuperar o fôlego.

O Sonho e o Futuro (Lucelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora