Capítulo 9 - Não

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Marcelo

Semanas se passaram desde que Luísa começou a trabalhar aqui. Ela está se saindo muito bem, terei de confessar, mas meu relacionamento com ela continua o mesmo. É bom dia, tchau e só. Eu não quero forçar alguma amizade com ela, só quero resolver meu passado e me resolver comigo mesmo, eu preciso de paz pelo menos de uma parte da história.

Os alunos estão elogiando muito as aulas dela. Quando ela tem que faltar por algum motivo eles reclamam comigo, como se eu tivesse alguma culpa da incompetência dela nessa parte.

Hoje eu decidi que eu vou chamá-la para uma conversa séria e civilizada. Eu sinto necessidade de me explicar e de me resolver com ela. Meu passado realmente me condena com essa situação.

Estou na minha sala agora. Daqui a pouco já é o último horário do dia, quando ela terminar de dar aula eu vou chamá-la aqui.

Não preciso nem dizer como Débora está reagindo com isso tudo, né? Ela é ciumenta pra caramba, não pode me ver com a Luísa que me enche de perguntas e briga comigo. Cheguei num ponto que não ligo mais, se ela quiser levar esse relacionamento a diante, que ela faça isso, porque eu já estou exausto de carregar essa relação sem futuro nas costas.

Nós estamos bem por enquanto, tem algum tempo que não brigamos e acho que é porque eu e Luísa nos afastamos de vez. É, com certeza é por isso.

A partir do momento que em um relacionamento a confiança se mostra em falta eu acho que já não existe mais amor e nem motivos para continuar.

Por isso deixei Luísa de lado no passado.

O barulho do sinal avisando ser o último horário me assusta e me faz despertar.

Alguém bate na minha porta e eu permito que entre.

--- Com licencinha. --- Diz Iuri, vindo em minha direção e se sentando em uma poltrona em frente a minha mesa. --- E aí, cara? Como estão as coisas com a Luísa e a Débora?

--- Tudo na mesma. Quero dizer, eu e Débora nos resolvemos mas Luísa como sempre, teimosa, não quer falar comigo de jeito nenhum, então também não estou forçando.

--- Você vai falar com ela depois desse horário?

--- Vou sim, será minha última tentativa, se ela continuar insistindo em não me perdoar ou em não acreditar em mim eu vou desistir de vez. Esse ódio vai atrapalhar nosso desempenho no trabalho. Essa é minha maior preocupação.

--- E você disse que está bem com a Débora.

--- Sim, por incrível que pareça, tem um tempo que não discutimos, mas tenho certeza que isso será por pouco tempo, sempre é. --- Digo.

--- Cara, você não acha que está iludindo a Débora? Porque parece que é só ela que sente amor nessa relação.

--- Ela sente tudo, menos amor. Quem sente amor não faz o que ela faz.

--- Mas eu já ouvi ela desabafando com a Sophie uma vez e parece que ela sofre muito quando vocês brigam. --- Paro um pouco e reflito nas palavras de Iuri. Será mesmo que ela me ama?

--- Bom, de qualquer forma, eu vou insistir mais um pouco. Não é fácil terminar algo de anos assim com alguém.

--- Okay, só não a encha de esperanças, cara, não a magoe. --- Ele me aconselha e eu penso mais um pouco.

O Sonho e o Futuro (Lucelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora