Deliciosamente Fascinado.

11.

Clara Wallker.

Alerrandro chega em um Jeep Compass preto lindo, eu era apaixonada por carro, eu gostava de tantas coisas que ninguém sabia, eu tinha tanto pra falar mas ninguém pra ouvir, e isso estava ficando tão pesado.

-Está muito calada Clara Wallker. _ Alerrandro diz entrando na quinta avenida e o trânsito estava louco hoje.

-Por que está dirigindo hoje? Onde Bart está? Não deveria estar ganhando milhões a essa hora de uma segunda feira?

- Eu tenho pessoas que fazem isso por mim, mas se eu quisesse parar de trabalhar hoje teria dinheiro suficiente para sustentar 10 gerações minhas. Sobre o Bart dei o resto do dia de folga, você me pareceu estranha achei que pudesse querer privacidade._ diz me olhando.

Sinto o espaço diminuindo, a falta de ar, o sufocamento sem nada apertando meu pescoço era demais.

- Clara o que foi?

- Por que guarda um segredo que ninguém pode saber?

Ele me olha uma, duas vezes e fecha os olhos sorrindo parecendo entender do que eu estava falando.

- Ele contou não foi?

Então era mesmo verdade, queria poder acreditar que fosse mentira, não pelo fato de que me incomodasse em algo, mas por ele, ser portador de AIDS era praticamente assinar sua sentença de morte em meio a uma sociedade preconceituosa que às vezes mal sabe sobre a doença.

- Sim e não me importo, por que não me contou?

Ele solta uma risada sem jeito.

- Por que não anda com um auto falante anunciando isso por ai. Todos  de alguma forma se importam Clara! Saiu nos jornais na época da faculdade por que infectei uma garota, uma garota que Max gostava ou parecia gostar, ele nunca me perdoou por que depois disso ele não tocou mas nela.

Max gostava de alguém na faculdade? Então ele já havia se apaixonado afinal, senti uma raiva dentro de mim, ciúmes? Por que sentiria ciúmes de algo que aconteceu anos atrás?

-Eu mão ligo que você tenha aids, câncer, ou alguma praga contagiosa, Deus eu sou empregada e você não se importou com isso, só não consigo entender o por que se sente tão envergonhado.

-Como não? Já olhou ao redor o mundo que vivemos? Tive que presenciar pessoas saindo do restaurante ao entrar e me ver comendo lá, como se eles fossem pegar algo pelo ar, as pessoas são cruéis Clara, não importa o tanto que elas digam gostar mesmo assim são cruéis, quando descobrem algo que a sociedade não aceitaria no mundo em que eu vivo as coisas funcionam assim.

Eu podia entender, naquele momento minha impatia por ele tinha crescido ainda mas, senti pena de um Alerrandro que já devia ter passando por coisas horríveis.

Do que vale tanto dinheiro hoje em dia?

- Então se pudesse ter guardado esse segredo de todos teria feito isso?

-Sem pensar duas vezes, as pessoas dizem aceitar você como é mas a realidade é diferente._ ele diz estacionando o carro em frente a um restaurante.

- O que está fazendo?

- Alimentando você, já é quase metade da tarde e pela força que está segurando essa caixa de brownies sei que não tem nada no estômago, volto já._ diz saindo e dando a volta desaparecendo dentro do restaurante.

Deixo minha cabeça cair e bater contra o vidro, Max queria algo comigo era óbvio não sei por que logo eu , que era simples e não tinha nada de diferente. Ele já gostou de alguém Boltton disse que nunca o viu se interessar por alguém mas ele estava enganado. Max já sentiu o que era amar.