ENCONTRO DE ALMAS (Livro 1 )

Capitulo 29-SUSTO

POR BENJAMIM

Nossa como esta casa é quente, não consigo dormir, fecho os olhos e vejo Derick vindo em minha direção, segurando minha cintura com aquelas enormes mãos, e falando que me deseja no meu ouvido.

Como meu irmão sempre fala "Por icer" eu preciso beber um copo de água, acho que todos já foram dormir, será que vão achar ruim se eu pegar um copo de água?

Me levanto, visto a calça, porque peguei a mania de dormir pelado, mas não me arrisco dormir totalmente pelado nesta casa, digo rindo e saindo de fininho do quarto.

Quando desço as escadas, vejo que as luzes da cozinha estão apagadas, mas tem uma meia luz ligada, então nem vou precisar acender nada, o que é ótim, vou pegar um copo de água e já subo.

Quando me aproximo da pia da cozinha, sinto alguém me olhando e escuto.

– Posso te ajudar em algo?- digo para mim mesmo  mentalmente "continue pleno e não desmaie Benjamin"

Me viro assustado.

- AAAA ME DESCULPA , eu só não queria atrapalhar você, digo, Senhor.

–Benjamim por favor sem esse lance de senhor, sou apenas o Derick, me sinto mais confortável assim, ainda mais dentro de minha casa- disse com uma voz cansada e cabeça baixa.

–Você está com algum problema?- perguntou sentando, e percebendo que ele está tomando um vinho

– Eu estou frustrado, pelo o que aconteceu com Flora, era obrigação minha a proteção dela, a proteção de todos nesta alcateia, eu sou o alfa daqui e como eu pude não perceber que poderia ter um possível traidor em nosso meio? me sinto um fracasso, sinto um inútil, cresci aprendendo tudo com meu pai, conheço todos da minha alcateia pelo nome, sempre fui muito generoso, tenho o meu lado autoritário mas sempre tratei todos bem, não posso acreditar que alguém fez isso com Flora e que possivelmente quis me atingir. Sabe, Flora não sai de casa pra nada, sempre quietinha no mundinho dela, agora que ela estava feliz por ter seu primeiro amigo, por estar mais próxima de mim, pois Kimura sempre foi seu porto seguro e eu sempre fui uma fraude como irmão, ela é minha responsabilidade também- disse com um ar de tristeza.

Olho firme pra ele, e logo depois ele serve mais ia taça de vinho, percebo que ele de certa forma está procurando consolo na bebida, tão típico de alguém autoritário e forte, mas que de certa forma grita por carinho.

Quando estava preste a falar algo, vejo que ele vira outra taça e começa novamente.

-Sei que a Flora é muito frágil por conta da sua deficiência visual, mas ela sempre foi tão querida, lembro quando ela tentou andar a primeira vez, ela rolou igual uma bolinha, olhei para baixo pois senti algo em meus pés, era Flora, ela me olhou e disse "ops ", foi tão linda que peguei ela no colo fiz carinho em sua barriga e ela gargalhou colocando sua pequenas mãos em meu rosto- falou  com um tom de tristeza um sorriso no canto da boca e ainda meio perdido em suas lembranças.

–Quando ela virou uma lobinha papai entrou pela casa todo orgulhoso, Flora estava chorando porque ficou pelada na frente de seu padrinho, ela corou e subiu para o quarto, eu, Kimura, Mahina e papai rimos muito com a timidez dela, e meu pai apesar do título de padrinho era louco para ouvi-la o chamando de pai.

Ele me olhou bem nos olhos por alguns minutos, levou outra taça de vinho até sua boca, ele abaixou a cabeça triste novamente.

– Éramos tão unidos, mesmo não sendo uma família tradicional de lobos, éramos unidos, depois que meu pai morreu toda a alegria desta casa foi embora. Flora achou melhor ir mora com Mahina e Kimura, pois não queria me atrapalhar, eu me fechei, me senti abandonado, mesmo Kimura sendo meu Beta e Mahina todos os dias estando aqui cuidando de mim e da minha casa, mais falta Flora ao meu lado. Quando papai morreu, por conta da sua velhice, ele me fez prometer  que independente de tudo eu cuidaria de Flora, mesmo achando minha companheira, mesmo ela achando seu companheiro, eu ainda cuidaria da menina dele, ele morreu quando ela tinha seus 14 anos estava preste a completar 15, não importa se seja uma simples menina humana ou uma loba, toda menina sonha com uma festa de 15 anos, dançando uma valsa com o príncipe ou com seu pai e irmãos.

– E meu querido pai não pode fazer isso, e eu estava tão triste pela sua perca, que nem percebi que o aniversário de Flora chegou, quer dizer nem ela mesmo percebeu, sabe Benjamim quando um alfa morre a sua alcateia toda sente por meses sua partida.

Foi então que percebi uma lágrima sair dos seus lindo olhos, em minha frente um homem tão grande e tão forte, com um cheiro tão dominante, não se importando em se abrir e até mesmo chorar na presença de um mero humano .

Num ato carinho eu  coloquei minha mão direita em cima da sua, lógico que com um medo de ser repreendido pelo ato, mas me surpreendi quando ele colocou sua outra mão em cima da minha, e pude perceber que suas mãos estavam fria, e foi a primeira vez que faço isso com alguém, que consolo, somente toquei carinhosamente nos momentos de aflição em Thomás em ninguém mais.

Olho para ele que está concentrado ali olhando em nossas mãos juntas, ele me olha com um olhar como se me perguntar o que fazer?

– Derick, acho que você deve  apenas ser você aqui dentro da sua casa, sabe ser apenas você mesmo, sem filtros. Abraçar quando sentir vontade, rir alto quando quiser, dizer a Flora o quanto a ama, independente do seu medo de também não ser amado, o que acho impossível pois só ouvir coisas boas ao seu respeito, e fazer Flora se sentir assim perto de você - digo ainda com a mão por debaixo de sua mão que agora parece está mais quentes. – Flora é linda, e por mais que não consiga demonstrar por conta do medo que sente de atrapalhar suas vidas, sei que ela sente orgulho em dizer que tem dois irmãos mais velho, não sei se você percebeu mas quando falei que Mahina era mãe dela percebi que Flora não a chama desta forma, mas quando fala de Mahina comigo ela a chama de Mãe, lembro que dela dizendo " minha mãe é japonesa, bem mais baixa que eu, e sempre está de Kimono, é tradição das mulheres de seu país "

Ele me olha com um olhar mais feliz é reconfortante .

Quando ainda estávamos encarando um ao outro vejo que alguém desce as sacada e acende as luzes, era o Kimura e rapidamente eu  tiro a minha mão de Derick.

– Eu... tenho.... quer ir, tenha uma ótima noite!

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Revisado 24/04/2020