Gabriela despertou sentindo sua garganta seca, implorando por uma água gelada. Levantou com cuidado e olhou no celular: 03:25 da manhã. Foi até a cozinha e bebeu um copo d'água quase sem respirar, sentindo o alívio na boca.
Ao voltar para o quarto, não pôde deixar de sorrir ao ver Carolina e Amora dormindo abraçadas, a menina com a perna em cima da mãe.
Desde o primeiro dia tinha achado engraçado o jeito que ela dormia, toda esparramada e se mexendo muito, acordando nas poses mais malucas possíveis.
Não resistiu à vontade de deitar por trás de Carol e abraçar as duas, ficando ali, colada ao corpo da baiana e ouvindo sua respiração calma e compassada. "É só um pouquinho", pensou. Mas não contava com a peça que seu corpo, agora hidratado e relaxado, lhe pregaria. Acabou pegando no sono ali mesmo, sentindo o cheiro maravilhoso do cabelo recém lavado de Peixinho.
Carolina acordou no outro dia e a primeira coisa que viu foi Gabriela e Amora apagadas, uma de cada lado de seu corpo. Não sabia como a paulista tinha ido parar ali, e ficou pensando se Amora tinha percebido a mudança de lado.
Olhou no relógio do celular e suspirou: sete e meia da manhã. Seu relógio biológico não a deixava dormir por muito mais tempo do que aquilo, a não ser que tivesse bebido ou estivesse exausta demais.
Ligou o ventilador de teto para refrescar o sono das duas, depois de ter que fazer uma ginástica para sair dali sem acordá-las. Foi até a cozinha, abriu a geladeira e não havia nada que julgasse descente para um café da manhã, além de um resto de uvas e morangos.
Resolveu descer até a padaria que ficava ali por perto e aproveitar para dar uma corridinha. Com certeza, suas meninas não despertariam tão cedo, mas por via das dúvidas pegou um dos post its de Gabriela, escreveu um recadinho e colou na cabeceira da cama: "Fui comprar as coisas para o café. Amo vocês" e um coraçãozinho ao lado.
Não deu quinze minutos que ela tinha saído e Amora despertou, com a barriga roncando. Sacudia Gabriela como de costume, tentando fazer com que a percussionista levantasse e lhe fizesse café.
_Tô com fome , Gabi! Levante, bora, parece meu primo. - Ela reclamou, e Gabriela abriu os olhos com preguiça, notando que Carolina não estava na cama.
_Cadê sua mãe? - Foi a primeira coisa que ela perguntou, já com medo que Carolina tivesse surtado e fugido outra vez. A pequena lhe estendeu o post it, impaciente, e foi só ler a letra bem desenhada que seu coração ficou leve outra vez, e ela não pôde deixar de sorrir.
_Tô com muita fome, não vai dar pra esperar mamãe não. - A pequena reclamou outra vez.
_Vai ter que esperar meu amor, não tem nada em casa. - A paulista riu e a menina bufou em frustração.
Não demorou muito para Carolina entrar em casa cheia de sacolas e roda suada.
_Ê suadeira boa! - Comentou colocando as sacolas na mesa - Tão com fome?
_Siim! - Amora respondeu, mas Gabriela parecia muito distraída admirando o corpo suado da baiana, sua barriga à mostra, pela blusa amarrada, brilhando de suor, as pernas bem torneadas e bronzeadas, seu rosto um pouco avermelhado... aquilo era uma tortura.
_Eu trouxe coisas pra fazer um suco verde, trouxe pãozinho, ricota... Vá levar as coisas pra cozinha pituca, eu vou tomar um banho e aí comemos. - Amora pegou as sacolas com toda força que tinha, fazendo Carol rir. - Quer uma ajuda?
_ Não, eu sou uma mulher forte e independente. - Ela respondeu, levando as sacolas com dificuldade até a cozinha.
_Ei, meus olhos estão aqui em cima. - Carolina brincou, estalando os dedos na frente da paulista, que riu sem graça.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Último Eclipse
RomanceQuando duas almas predestinadas se encontram, é como se houvesse um Eclipse. Uma explosão de faíscas em um abraço, contagiam até quem está assistindo de muito longe. Em pouco tempo são muitas pessoas compartilhando do mesmo sentimento: o frio na bar...