Capítulo 12

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Clarisse tinha acabado de ir buscar Davi, e agora eles chegavam no apartamento alugado. Mandou o menino ir direto pro banho, depois descansariam um pouco e logo já seria hora de buscar Amora.
A conversa com Gabriela lhe rodeava a mente. E se Carolina se negasse a assinar os papéis? Amora ia ter um ataque. Na verdade, não sabia quem ia ficar atacada primeiro, a sobrinha ou a irmã. Se sentia no meio de um tiroteio. Pensou que era melhor acabar com aquilo logo e ligar pra Carolina pra falar das novidades, e foi isso que fez. A mais nova demorou um pouco para atender o facetime, mas logo apareceu na tela.

_Oi mana! Tava agora mesmo falando com Victor, ele me mandou uma foto de Amora pequeninha... Ai que saudade da minha Pituca que eu tô. Ela já voltou? - A baiana falava da salinha dos fundos do brechó.

_Ainda não, a aula termina só as cinco. Você chorou foi? - Clarisse percebeu que os olhos da irmã estavam meio mareados e vermelhos. Carolina riu e escondeu o rosto, embaraçada de dizer que tinha chorado de saudade da filha.

_Um pouquinho só. É que é a primeira vez que eu fico longe do meu neném por tanto tempo assim... Acho que depois dessa viagem eu vou amarrar ela em mim até chegar a hora de ela ir pra faculdade. - As duas riram daquela melancolia toda.

_Nossos nenéns já tem sete anos, mana. - Clarisse disse e logo respirou fundo, pra se preparar pra jogar a bomba no colo da irmã. - Mas não foi por isso que eu te liguei. Queria eu ter te ligado só pra jogar conversa fora...

_O que houve? Aconteceu alguma coisa? Amora tá bem? - A mais velha viu Carolina ficar preocupada na mesma hora, como se fosse levantar a qualquer momento e ir atrás da filha.

_Calma,  Amora tá bem, tá tudo bem. - Carol respirou aliviada - Só que houve um problema com a matrícula dela, lá... Acontece que pra ela se matricular, precisa ter a assinatura de um dos responsáveis legais. A punho. - Clarisse fez uma cara de quem deu a pior notícia do mundo, e Carolina suspirou frustrada.

_Mas nem morta que eu vou até aí só pra assinar um papel, Clarisse. Frescura da porra viu... Só podia ser coisa de Gabriela mesmo. - Clarisse riu da implicância da irmã com a paulista. Quando se tratava de Gabriela, Carolina parecia uma criança de 5 anos.

_Pois saiba você que Gabi tá fazendo de tudo pra ver se consegue fazer com que a sua assinatura scaneada valha, viu? Falou até em burlar o sistema. - Carolina virou os olhos e bufou, frustrada.

_Você e Amora com essa babação em Gabriela, quem aguenta? Eu mereço mesmo! Amora eu até entendo, mas você, mana? Parece até que esqueceu a cachorrada que ela fez comigo. - Agora a voz tinha uma ponta de mágoa. Todo mundo de repente parecia ter esquecido os sentimentos dela, e que não queria ter que ver a percussionista nem pintada de ouro.

_O que você queria que eu fizesse, Carol? Que eu entrasse na escola da mulher e plantasse um tabefe na cara dela?  - Clara disse, rindo da birra da irmã.

_Eu não reclamaria. - Disse a baixinha, emburrada.

_Tá bem, mana. Você tem todo direito de ter raiva de Gabi, mas agora a prioridade é Amora, não é? - A mais velha viu a irmã assentir, passando as mãos pelo rosto.

_Ai mana... Ela vai ficar arrasada se eu não assinar, não vai? - Clarisse assentiu. - Mas então, o que eu faço? Largo tudo e me despenco praí, só pra assinar a porra dum papel? É barril dobrado, viu? - Reclamou.

_Eu sei, mulher. Mas espere um pouco mais, Gabi falou que ia tentar dar outro jeito. Vamos esperar ao longo dessa semana, se ela não conseguir, você larga tudo e vem. - Carolina torceu a boca, como fazia quando estava apreensiva.

_E o brechó? - Perguntou, preocupada.

_Ah, sei lá. Peça a Lívia ou a Victor que cuidem de tudo, ou tire um fim de semana e venha. - Clarisse viu a irmã suspirar e murmurar um "tá bem", chateada. Logo foi hora de desligar pra buscar Amora. Clarisse tomou um banho, deixou Davi com Sérgio e saiu.

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