_Mamãe... Mamãe, acorde. - Carolina ouviu a voz da filha e entreabriu os olhos, enxergando-a com dificuldade ajoelhada na cama. Engoliu em seco e sentiu sua garganta arder, como se não tivesse água no corpo. Se sentia pesada e fraca demais para se mover. Maldito sonífero, pensou. Deveria saber que seu corpo reagiria com extremidade à droga, já que não estava nem pouco acostumada com aquilo. Sentiu seus olhos se fecharem automaticamente outra vez, e uma pontada na cabeça a lembrar da noite passada. Flashes da discussão passavam pela sua mente e agora ela se sentia nauseada, como numa ressaca mil vezes mais forte que o normal.
_Amora, eu não pedi pra deixar sua mãe descansar? - Victor reclamou com a afilhada,entrando no quarto.
_Ela não me responde, Dindo. Mamãe, você tá bem? Tá doente? Quer que eu chame Gabi? - Ao ouvir o nome da paulista o choro se formou imediatamente em sua garganta, mas ouvir a voz da filha preocupada daquele jeito a fez juntar forças para abrir os olhos, engolir o choro e se erguer um pouco na cama. Encontrou o olhar de Amora, apreensivo, e uma pontada de culpa lhe atacou o peito.
_Não filhinha, tá tudo bem, venha cá. - Ela disse num fio de voz, trazendo a criança para seu colo e a aconchegando ali, como um bebê. - Mamãe tá bem, só tô um pouquinho enjoada. Deve ter sido algo que eu comi ontem a noite. - Mas a menina ainda parecia apreensiva, como se, de costume, pressentisse algo estranho no ar. - Você já tomou café? - Perguntou, acariciando seus cabelos. Amora fez que não.
_Então vá lá na cozinha que Dindo preparou um sanduíche mara de banana com Nutella pra você. Pode comer no sofá vendo desenho também, viu? Eu vou ver um remedinho pra sua mamãe e já vou lá. - Carolina encarou o amigo boquiaberta, mas antes que pudesse protestar, Amora lhe beijou o rosto e saiu como um foguete em direção a cozinha.
_Nutella no café da manhã, assistindo tv? E comendo no sofá BRANCO Victor? Barril dobrado viu! - Reclamou, já sentindo o estômago embrulhar só no pensamento de chocolate no café da manhã.
_Você preferia que ela ficasse aqui te enchendo de perguntas? - Ele pôs as mãos na cintura e a baixinha suspirou, derrotada.
_Tá, tanto faz, já tá tudo uma bagunça mesmo, enche minha filha de Nutella que eu nem ligo. - Ela se jogou na cama, mas no momento que sua cabeça bateu no travesseiro, sentiu uma tontura intensa, acompanhada de um enjoo fortíssimo.
_Que foi, vai vomitar? - Ele mal fechou a boca e ela correu pro banheiro, expulsando todo álcool e o resto do remédio que tinha ingerido na noite passada. Victor correu para segurar seus cabelos, preocupado. - Ai, meu Jesus, Carolina... Eu sabia que não devia ter te dado aquele comprimido. - Ele reclamou.
Carolina vomitou por alguns minutos até sentir seu estômago completamente vazio, e levantou do chão com a ajuda do amigo.
_Ô minha bichinha, não gosto de lhe ver assim não... - Victor comentou enquanto ela lavava o rosto. - Cadê minha Carol porreta, Good Vibes, pra cima, que não se deixava abalar, hein?
_Tá aqui, amigo. Chega de sofrência. Tava na bad, chorei, vomitei, mas lavo o rosto e bola pra frente, que tem mala pra arrumar e uma vida inteira me esperando em Salvador. - Disse ela começando a escovar os dentes.
_Isso que eu gosto de ouvir! Tome um banho e vai se sentir bem melhor. Eu vou preparar um café bem forte pra você e comer alguma coisa também, e aí começo a arrumação.
_Você não existe. - Ela comentou, recebendo um beijinho na cabeça antes de Victor deixar o banheiro.
-
_Bora, amiga. Levanta nem que seja pra comer um pouquinho, vai. - Patrick insistiu com a voz macia deixando a bandeja de café da manhã em cima da cama.
![](https://img.wattpad.com/cover/200258921-288-k283812.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Último Eclipse
RomanceQuando duas almas predestinadas se encontram, é como se houvesse um Eclipse. Uma explosão de faíscas em um abraço, contagiam até quem está assistindo de muito longe. Em pouco tempo são muitas pessoas compartilhando do mesmo sentimento: o frio na bar...