Eram 18:30 quando Clarisse ligou do hospital para Gabriela. Ela esperava com Amora em sua sala, terminando umas coisas enquanto a menina olhava um desenho no Ipad, exausta da aula que já tinha acabado.
_Gabi, deu ruim. - Disse a baiana. - Davi vai ter que passar a noite aqui mesmo, e não quer me largar de jeito nenhum. Você vai ter que trazer Amora pro hospital, e a gente se ajeita aqui mesmo... - Gabriela olhou para a menina deitada no colchonete. Os olhos pela metade indicavam que o sono estava tomando conta.
_Ela tá exausta, Clarisse...- Estava com pena de largar a menina para dormir num hospital, depois de um dia cheio daqueles. Até que lhe ocorreu que a coisa mais sensata a se fazer, era o que ela vinha evitando há algum tempo. - Amora, vem cá. O que você acha de ir dormir lá em casa hoje?
O rosto da menina se acendeu, e foi como se todo o sono se esvaisse. De repente ela pulava pra cima e pra baixo, dizendo "sim" várias vezes, animada.
_Mas Gabriela, essa menina não dorme com ninguém que não seja eu ou a mãe dela! - Clarisse protestou - Sérgio até se ofereceu pra ir, mas não adianta. Nem na casa de minha mãe ela dorme! Vai acabar chorando e você vai ter que trazer ela aqui no meio da noite. - Gabriela olhou nos olhinhos animados de Amora.
_Ah, mas se eu ver que ela vai chorar, eu levo. Não custa tentar, né? Ela precisa de banho e cama, não de um banco de hospital. - Argumentou.
_É, tem razão... Vamos tentar então. Eu tô com o celular e tem uma roupa extra na mochila. Se precisar de qualquer coisa, me ligue viu? - Clarisse avisou.
_Pode deixar, super tia. Vai descansar que aqui tá tudo certo. - Disse olhando o sorriso da pequena a sua frente. - Melhoras pro Davi, viu? Beijo. - E foi ela desligar o telefone, que a pequena pulou em seu pescoço.
_EBA! Festa do pijama! - A percussionista riu, abraçando-a de volta. - A gente pode assistir Annie e comer pipoca? Por favorzinho? - Pediu, animada.
_Você não tava caindo de sono, mocinha? - A menina riu. - Podemos, mas antes a gente tem que passar no Walmart pra comprar comida, tô sem nada lá em casa. Quero ver se compro uma cadeirinha de carro pra você também, pra gente dar uns rolê seguro. Bora? - Gabriela ouviu um "siim!" animadíssimo, pegando a menina no colo, a mochila dela e sua bolsa. Deus, parecia um cabide, pensou. Mas um cabide muito, muito feliz.
Agora elas já saíam do Walmart, Amora devidamente sentada em sua cadeirinha nova. Além dela, comparam arroz e uma lasanha congelada pro jantar, pipoca e uma barra de chocolate para a sobremesa. Gabriela sugeriu comprar uma escova de dente também, mas adivinha? Amora tinha uma extra na mochila!
_Gabi, porque você comprou uma cadeirinha pra mim pro seu carro, se eu só vou ficar um mês aqui? - A menina perguntou.
_Ué, cê não vai querer vir me visitar depois que for embora? Assim eu choro. - Brincou, fazendo beicinho, vendo a pequena rir.
_Claro que vou, né? - Disse, sorrindo. - Mas eu queria mesmo é não ter que ir. Ou te levar pra Bahia com a gente, tanto faz. - Ela divagou.
_Isso é o que eu chamo de sonho impossível, Pituca. Vamo cantar! - Gabriela aumentou o som do carro, e as duas foram até em casa cantando.
_Ah, Gabi, quero tomar banho não...- A menina resmungou. Agora elas ja estavam no apartamento da paulista, e ela guardava as coisas que tinham comprado na cozinha.
_E vai dormir toda suada? Sem condições, Pinguinho, seu cabelo tá pedindo pra ser lavado, olha aí. - Ela passou a mão no cabelo da pequena, carregado de sal pelo passeio na praia de mais cedo.
_Ai Gabi, cê tá parecendo mamãe falando. - A paulista congelou ao ouvir aquilo, e Amora continuou divagando - Todo dia banho, todo dia! Acho que desde que eu nasci. E nem adianta eu fazer manha, mamãe joga água em mim. Num sei o que eu ganho com esse tanto de banho.
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O Último Eclipse
RomansaQuando duas almas predestinadas se encontram, é como se houvesse um Eclipse. Uma explosão de faíscas em um abraço, contagiam até quem está assistindo de muito longe. Em pouco tempo são muitas pessoas compartilhando do mesmo sentimento: o frio na bar...