Na aula, Gabriela fazia com as crianças o ABC dos copos, que consistia em criar um ritmo batendo, virando e passando copos de plástico em um círculo.
Depois dos comandos dados, ritmo estabelecido e movimentos decorados, ela cantava uma música em cima da batida e isso gerava desconcentração, o que acabava em vários errando o ritmo, muitas risadas e tudo começando de novo.
Carolina participava de tudo, sentada na roda junto as crianças.
_Vira copo. - Gabriela deu o comando e a baiana, concentrada no ritmo, acabou passando o copo colorido pto lado.
Isso gerou risadas e um falatório coletivo de "Ô Carol, presta atenção!" "A Carol errou!" "Vixe" "Aaai, minha mãe, se ligue!"._Oxente?! Antes era passa copo! Gabriela não se decide e eu que pago o pato, é? - A baixinha se indignou num sotaque arrastado, fazendo a percussionista rir.
_Prestenção, Bahia, não tem um padrão. Tem que se ligar na minha voz. Vai de novo: Pega copo. - Todos responderam os comandos certos até criar o ritmo e Gabriela cantar a musiquinha por cima, inteira e sem erros de ritmo dessa vez, rendendo uma comemoração com palmas no final.
_Muito bem, galera! Conseguimos! - Parabenizou a paulista, dando vários high-fives nos alunos.
_Com licença! - Mirela entrou na sala de mansinho, carregando uma bandeja enorme com um bolo fatiado coberto de chocolate. - Quem quer bolo de cenoura?
_De onde surgiu isso, meu pai? Presente celestial? - Gabriela se aproximou do enxame de crianças que se formou em volta da ptofessora de teatro, que pôs a bandeja na mesa.
_Ah, o pessoal da cozinha falou que tinha cenoura sobrando. Fui lá amamentar a Eloá e tava essa coisa linda na mesa, vim trazer pra vocês. - Respondeu casualmente.
_Que bom que tem coisa sobrando, sinal que a hortinha deu certo. - Gabriela atacou um pedaço e ofereceu para Carol, que fez que não com a cabeça.
_Oxe, tem horta aqui? - A baiana se interessou.
_Tem, a gente fez ano passado com a turminha do reforço. Alface, cenoura, salsinha... tem de tudo. - Mirela respondeu.
_Depois eu te levo lá pra ver, cê vai pirar. - A paulista ofereceu e as duas se sorriram, deixando Mirela na pose de "segurar vela". - Ô Dudu, um pedaço em cada mão não, né cara? O bolo não vai fugir, se acalmem.
_Devagar, gente, Gabi tem razão, o bolo não vai fugir e tem mais que o suficiente pra todo mundo. Devagar, Marcela, vai engasgar! - Carolina ajudou, mas as crianças pareciam desgovernadas com o bolo.
_Carolzinha ia amar trabalhar aqui, não ia amiga? - Comentou Mirela, sorrindo.
_Oxente Mi, que loucura é essa? - A baiana riu sem graça.
_Mas é verdade, você leva muito jeito pra coisa, e gosta das crianças. - argumentou a professora de teatro.
_Eu sou apaixonada neles. Tinha que ver a zoada que foi hoje, pedindo pra eu vir na aula de Gabi, não foi, seus maluquetes? - Carolina brincou, sendo abraçada por Clarinha e Amora, que as vezes tinha um pouco de ciúme da mãe com os amigos.
_É uma babação em cima de você, só querem saber da Carol agora, tudo é Carol. Mas a Mirela tem razão, cê gosta deles de verdade e criança sente isso. - Gabriela disse.
_Por isso que eu digo, seria ótimo te ter trabalhando por aqui, pena que mora em outro estado. - Comentou Mirela.
_Oxe, mas a gente pode se mudar. - Amora respondeu.
_Gente, parem de coisa, eu nem tenho preparação pra lidar com criança. Eu sou mãe, acho que isso ajuda um pouco. Quando a gente tem filho, parece que vira mãe de todos os filhos do mundo, não só do nosso. Diga aí se não é? - a baiana se dirigiu à Mirela.
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O Último Eclipse
RomanceQuando duas almas predestinadas se encontram, é como se houvesse um Eclipse. Uma explosão de faíscas em um abraço, contagiam até quem está assistindo de muito longe. Em pouco tempo são muitas pessoas compartilhando do mesmo sentimento: o frio na bar...