Capítulo 51

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Algumas semanas haviam se passado desde o incidente com Amora e Yaweh no Petzoo. Desde então, a peça havia sido totalmente definida e ensaiada: Amora havia ficado com o papel de Molly, a caçula das orfãs. E realmente, ela era a menorzinha do elenco. Era uma quinta-feira e na sexta a peça estreava em um teatro alugado próximo a Reconvexo, e Gabriela era puros nervos. Carolina havia passado na escola para uma breve visita, e agora massageava os ombros da namorada, que sentada em sua mesa, dava uma última olhada nas papeladas do aluguel do teatro. Cookie, o cachorro, estava no petshop, com a babá que elas contrataram. Sim, agora o cachorro tinha babá. Nem Amora tinha, mas o cachorro? Claro. Elas riam daquilo toda vez.

_Você vai acabar explodindo se continuar estressada assim. - Disse-lhe a baiana, sem parar a massagem. - Olhe quantos nós nessa coluna, pelo amor de Deus.

_Não tem como não se estressar, amor. - Disse a mais alta após exalar um longo suspiro. - Ainda mais agora, com Yaweh e Amora se estranhando, Rízia me enchendo pra fazer as fotos da peça, e a Low que resolveu andar com Eliara aqui dentro a tira-colo... - Desabafou.

_É o quê? De novo essas duas? Vixe, nega, alguma coisa me diz que elas estão aprontando. - Carol exclamou. Já era a terceira vez que Eliara andava por ali, de cochicho pelos cantos com Maria Laura. Seu sexto sentido não gostava nada daquilo, e sua vontade era de se trancar no apartamento com Gabriela e Amora, e protegê-las a todo custo. Mas ela sabia que não podia, então sempre dava um jeito de fazer umas visitinhas durante o dia.

_Para de por mais minhoca na minha cabeça, Carolina...- A paulista esfregou as têmporas, na tentativa de espantar a dor de cabeça que acabara de começar e nem se deu conta quando seu tom saiu mais seco do que pretendia. Aquilo não era para a namorada, era para o estresse da semana. Só percebeu quando a massagem em seus ombros parou bruscamente, e a baiana lhe encarou num misto de mágoa e confusão.

_Carolina? -  Perguntou, como quem dava uma chance para a outra se corrigir. Gabriela sabia bem, desde o BBB, o quanto ela odiava ser chamada por seu nome inteiro. Até lá dentro, ela era sempre Peixinho ou Carol, mas nunca Carolina. A mais alta lhe sorriu culpada, mas sua sobrancelha esquerda continuou arqueada, na defensiva.

_Desculpe, meu amor. Vem cá, vem... - A voz macia e os braços que lhe puxaram para o colo e para um beijo intenso, foram mais do que suficientes para amansar a fera. - Eu tô um saco essa semana, né? Cê não tem nada a ver com o meu estresse. Pra falar a verdade, você é a cura dele. Me perdoa?

_Perdoo. Mas você tem que parar de se estressar tanto, sobra até pra mim... - A baiana reclamou com um biquinho involuntário nos lábios, o que fez a outra sorrir.

_Nunca mais vai sobrar pra você. Prometo, tá? - Foi só Gabriela acabar de falar e seu alarme no celular tocou. Era hora de ir ajudar Patrick com o ensaio. - Vamos comigo?

_Não posso amô, deixei trabalho pela metade lá em casa. Clarisse me mata se souber. E já tá quase na hora de buscar o Cookie na pet. - Carolina checou o horário no celular da mais nova, precisava correr para terminar tudo.

_Lá em casa? - Gabriela perguntou, com um sorriso besta na cara. - Algo me diz que alguém não vai conseguir voltar pra Bahia...

_Pare, vá... - Lhe deu um beijinho de leve sorrindo. - Quer que eu fale "lá na sua casa"?

_Não senhora, de jeito nenhum. Dá o doce e depois tira da boca? - E de novo, era sorriso com sorriso, num beijo leve e lento, até serem interrompidas pelo barulho brusco da porta abrindo.

_Sorry, foi mal... - Patrick disse com a cara culpada. - Oi Carolinda , não sabia que cê tava aqui.   Gabriela, quer parar de boiolagem e vir me ajudar? Tá dando tudo errado no ensaio e cadê a bonita? Trocando saliva, isso são horas? Desculpe Carol, mas as vezes ela precisa levar bronca.

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