CRS X Philadelphia 76ers

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Mais um jogo hoje e dessa vez algo surpreendente acontecia, não tinha noção do que acontecia até entrar em campo, o estádio estava lotado, LO-TA-DO. Em anos isso não acontecia aqui, novamente tínhamos que ganhar o jogo pra continuar na briga e nossa responsabilidade só aumentava, mais sem pressão. 

Nossa torcida estava presente e eu queria fazer essa caldeirão pegar fogo, não só queria como ia. O time começou o mesmo do outro jogo, o time de Philadelphia não estava indo bem e já não brigava por classificação mais mesmo assim não iria jogar pra nada, elas eram um time um pouco chato por que tendem a parar muito o jogo com falta e pensando nisso a Carli resolveu manter o time, com a flutuação agressiva que a gente quer imprimir não vai ter com elas paraem muito. 

O jogo começou truncado e a primeira chance real foi delas, uma bola brigada na intermediaria que acabou em chute sem muito perigo aos 8 minutos. Elas seguiram tentando nos afunilar, estavam marcando muito de perto e interceptando o passe antes mesmo dele ser feito, com isso aos 15 minutos elas finalizaram de novo mais a zaga colocou pra fora com segurança. 

Logo nosso time acordou, aos 22 Hanna conseguiu uma ótima jogada na linha de fundo, conseguindo sair de 3 marcadoras e cruzar para Vitória que acabou e chocando com a goleira delas, a bola entrou mais o gol acabou sendo anulado por que a arbitragem alegou que ela pegou a bola quando estava em domínio da goleira. 

O que fez minhas pernas tremerem foi o estouro que a torcida deu quando a bola entrou, o gol não valeu mais sentir o que é comemorar um gol com essa galera toda foi surreal. É um calor, uma energia que não se explica. Ainda é raro algo do tipo no futebol feminino mais quando acontece é mágico. É de arrepiar completamente, se temos que ganhar pra ter isso então vamos ganhar sempre por que eu quero sentir isso sempre. 

Após os atendimentos o jogo recomeçou, ela foram pra cima de novo, com esperança de fazer mais gols, ou pelo menos não deixar que a gente fizesse. Em uma cobrança de escanteio a centroavante delas conseguiu cabecear mais ficou tranquilo pra Tasya. Na reposição de bola elas armaram um contra ataque rápido e a mesma centroavante entrou livre pela esquerda na área e teve todo espaço pra pensar e finalizar, mais Tasya defendeu com os pés jogando a bola pra fora. 

Elas estavam começando a gostar do jogo e achar que poderiam ganhar, em todo o campeonato elas não jogaram tão bem assim e isso acabou pegando todas nós de surpresa. Já dentro dos acréscimos tivemos uma boa chance consegui colocar uma bola na ala direita pra Laura, ela deu uma batida e mandou pro gol, uma pena ter subido muito mais valeu o chute. 

Fomos para o intervalo, nosso time não trocou jogadoras mais mudou as peças, Toni ficou responsável por ajudar na contensão do ataque delas fazendo uma linha de 3 com a Lucy e a Catia, elas teriam um pouco mais de liberdade pra subir e ficar comigo no meio, eu ficaria mais centralizada jogando nas costas da Vitória. Nosso meio não perde muito em mobilidade, mais vai ficar um pouco desocupado, o que pode ser usado por elas pra tentar manter o ritmo do jogo. 

Aos 51 em uma jogadaça de Hanna pela ala direita ela entrou com a bola em diagonal até a linha de fundo e tocou pro meio, a bola passou por 2 zagueiras e pela goleira e Vitória sendo a centroavante com faro de gol que é entrou de carrinho na bola jogando ela pro fundo do gol. E o estádio que estava LO-TA-DO foi a loucura. Nossa 15 fez uma dancinha e foi amassada pelo time. Estamos a frente e assim queremos continuar Chicago. Depois disso a torcida fez uma festa linda, mesmo com o time delas indo pra cima e quase empatando em uma cobrança de falta, a centroavante delas de novo cabeceou e quase calou nossa festa, Tasya deu um tapinha na bola que ainda bateu no travessão e a Laura da defesa tirou.

Aos 61 consegui colocar a Laura do ataque pra correr, ela foi levando pela esquerda e balançou saindo da marcação e bateu pro gol e infelizmente dessa vez nossa 15 deu de zagueira e desviou a bola pra fora. Ela até tentou sair da bola mais ainda pegou nela e na zagueira dela e foi pra fora. 

Logo em seguida teve o escanteio mais não virou em nada, pelo menos não pra gente. Elas conseguiram se mandar por ataque e no cruzamento Catarina tirou pra dentro da área e a volante delas que vinha de trás bateu e empatou o jogo, o gol ainda foi dado anulado mais por força de VAR foi dado como legal. 

Aos 75 elas fizeram outro gol, em uma bola mal tocada na saída pro ataque elas recuperaram a bola e trocando passes rapidamente conseguiram concluir mais foi dado impedimento que dessa vez foi confirmado, nos ajudando. Esse com certeza não era momento pra sofrer um gol. Um pouco depois em uma jogada de escanteio, Hanna mandou na minha cabeça, eu devolvi a bola pro meio e Cheryl que chegava tentou mais não conseguiu completar pras redes. 

No mesmo lance na reposição elas foram rápidas, Lara Seguer, que é uma jogadora rápida foi acionada e entrou na área quase que sozinha e finalizou com a ponta do pé, a bola conseguiu escapar de Tasya mais a perna salvadora de Cheryl entrou na frente negando a entrada da bola. O silencio começou a tomar conta do estádio, os torcedores já não estavam mais gritando e cantando, estavam tão nervosos e ansiosos como nós que estávamos jogando, mais eu senti que era a hora do som voltar. 

Aos 95, quase no final do tempo adicional ocorreu uma falta despretensiosa na lateral direita do nosso ataque, era difícil acontecer algo naquela situação mais a nossa batedora fez milagre, Toni foi pra bola e colocou no meu pé, eu sai de perto da parte esquerda da meia lua e fui indo pro meio, consegui sair da marcação e me joguei no chão conseguindo tocar a bola e mandar no cantinho pra fazer o estádio explodir. Como estava no chão só senti as meninas vindo pra cima comemorar. 

Dessa vez o silencio estava bem longe daqui e era culpa minha e da minha equipe e eu amei isso. Em alguns minutos o jogo finalmente acabou e ficamos com a vitória. Quando a arbitra apitou e saímos com a vitória só consegui olhar em volta e ouvir o que gritavam, em uma só voz eles gritavam "Bech, Bech, Bech",  todas aquelas pessoas estavam ali pra ver um espetáculo e conseguimos fornecer isso pra eles, o sonho de jogar em um estádio lotado foi realizado e a vontade dessas pessoas de ver um jogo bonito, disputado e com garra foi correspondida. Isso é um momento incrível e muito histórico para o futebol feminino desse país e eu de coração espero que não mude. Quero ver esse estádio sempre assim, cheio de gente, de sonhos e de apoio, por que a gente vai se entregar em campo. 

Sendo 1 pessoa ou 1 milhão de pessoas sempre vamos nos entregar mais com certeza quanto mais melhor. Essa força, essa atmosfera que foi criada aqui hoje pra esse jogo é sem dúvida o momento mais incrível da minha carreira até aqui, Quando a gente saiu do aquecimento e foi pro vestiário pra voltar e entrar em campo vimos um público que já era considerado grande, mais depois de ver todas essas pessoas aqui e não ver nenhum espaço vazio que seja na arquibancada foi muito lindo, é surpreendente e vai continuar sendo. 

Esse esporte é lindo e merece ser valorizado, é merecido ter estádios cheios assim sempre, não só quando as estrelas vermelhas vão jogar, seja lá quem for subir a campo tem que sentir uma atmosfera dessa. Não é só em copa do mundo ou em Olimpíadas, tem que ser em jogos de clubes também, por que o futebol feminino é grande e merece essa grandeza. 

Cumprimentei as outras atletas, meu time e em vez de ir pro vestiário me joguei no meio do povo, não literalmente mas cheguei bem perto deles, de uma pequena parte do estádio por que as pessoas já estavam indo embora e logo iriamos também. Conversei com algumas crianças, tirei fotos e dei autógrafos. Bem diferente do que aconteceu nas redes sociais, eu me senti abraçada por Chicago, agora eu tenho noção de que eles me conhecem e o quanto é bom ter esse contato com os torcedores. 

As vezes eu via pessoas e elas vinham falar comigo, mais eram poucas, nada se comparava a isso, nada se comparava a eles gritando meu nome e me agradecendo por ter feito aquele gol. Sinceramente minhas pernas tremeram por isso me mantive no chão depois do gol, não queria fraquejar depois de colocar o caldeirão pra ferver e eu não vou, tá na hora de colocar o time no topo, por que esse povo todo merece comemorar e muito. 

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