Capítulo 7

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- MAS O QUE É ISSO?

Uma quantidade considerável de água atinge meu rosto e por alguns instantes tenho dificuldade em entender o que está acontecendo. Olho ao redor e lembro que estamos na praia e deduzo que, provavelmente, peguei no sono na cadeira que ocupava. Nicholas está de pé ao meu lado, com uma garrafinha de água vazia na mão direita, enquanto seca o cabelo com a mão esquerda, usando para isso uma pequena toalha.

- Jura que você não tem mais o que fazer? – Questiono encarando-o, usando uma das mãos como uma viseira, a fim de proteger meus olhos dos raios solares.

- Em minha defesa, te chamei várias vezes! Não queria te acordar, precisei. Você estava balbuciando o nome da minha irmã há um bom tempo e resolvi tomar uma decisão mais drástica antes que eu me traumatizasse. Pervertido!

Não que eu não tivesse sonhos quentes com Penelope, mas não era o caso. Estava sonhando com sua festa de 16 anos. O fato de ela ter admitido que nutria sentimentos por mim desde sempre – mesmo os renegando agora – tem feito com que eu visite minhas memórias, inclusive quando estou dormindo. Desta vez, durante o sono, visualizei o que teria acontecido se não recuasse. A tirava dos braços do Harper, a beijava e terminávamos a noite dançando juntos. A sensação era maravilhosa, até meu amigo tentar me afogar.

- Babaca! Não é o que você está pensando...

- Ei! Sem detalhes! – Sentei-me e Nick acomodou-se ao meu lado, sentando na areia.

Penny, Ava e Henry estavam no mar. Brincavam uns com os outros e meus olhos não abandonavam Pe. Eis que seu colega de faculdade decide juntar-se a nós, deixando as meninas na água.

- Não vai entrar, Omar? – Ele diz, apontando para onde as garotas estão, usando sua blusa, que deixou no encosto de outra cadeira para secar os olhos e, em seguida, colocando seus óculos escuros.

- A vista daqui está boa. – Meneei a cabeça negativamente, colocando os meus óculos de Sol que estavam em meu colo.

- Está mesmo. Clark falou, se abancando no assento.

Meu olhar fulminante o atingiu, mesmo por trás das lentes escuras. Constrangido, percebeu que tinha falado alto demais e tratou de se explicar. Ou melhor, tentou.

- Cara, Penelope e eu temos nada além da amizade. Não estava falando dela...

Abaixei minha armação estilo aviador para que pudesse mirá-lo olho no olho. Henry articulava os lábios sem que um som sequer saísse deles.

- Você é bem burro! – Nicholas constatou, encarando nosso acompanhante. – Pode não estar de olho na minha irmã, mas está de olho na dele!

Notei que Nick estava reprimindo o riso e, para ser sincero, eu também. Assim como meu amigo não tem ciúmes de Penny, também não tenho de Ava. O que tenho por ela é zelo, preocupação de irmão, mas nunca permitiria que isso a impedisse de viver um romance. Porém, confesso que vê-lo tremer na base foi era quase tão divertido quanto observar Nicholas admitindo que está doido pela Isabella.

- É que... Desculpe, Omar... Hm... – Já era hora de parar de sacaneá-lo.

- Tudo bem, Henry. – Não sou do tipo ciumento com minha irmãzinha. Repousei minhas costas no encosto da cadeira. – Então, quer dizer que você e Pe...

- Somos só bons amigos. – Virou as pernas na minha direção, reduzindo o tom de voz. – Ela vai me agradecer depois por isso... Depois que a raiva passar, claro. Vim porque Penny tem receio de não resistir a você. Acho isso uma bobagem. Conheço a história de vocês... Confesso que já quis te dar um murro por fazê-la sofrer, entretanto... Acho que já pagou sua penitência. Preferiria não estar envolvido nisso.

Hora de aceitarOnde histórias criam vida. Descubra agora