Hora de aceitar

Prólogo

Adiantei todas as tarefas pendentes da faculdade para ter tempo de me preparar psicologicamente para essa noite. É o aniversário de Penelope e está cada vez mais difícil disfarçar o que sinto. Ela está fazendo 16 anos e tenho me sentido desconfortável por ter 20 anos recém-completados e me ver completamente apaixonado por ela. Sei que muitos não veem problema nessa diferença de idade, porém, acredito que nesta altura da nossa vida, seria mais um motivo para tio Brian brecar meus planos de fazê-la minha namorada.

De todas as atitudes que eu poderia ter, optei por aguardar. Esperar pelo momento certo e torcer para que o destino estivesse do meu lado. Posso dizer que, por mais que creia ser a conduta correta a seguir, não é a mais fácil. Penny está se tornando mais linda a cada dia e óbvio que não sou o único a reparar. Simpática e inteligente, nenhum cara teria dificuldades em se interessar por ela e os rapazes da escola tinham não só a proximidade constante como vantagem, como tinham a sua mesma faixa etária. Para a minha sorte, seu pai espantava todos os pretendentes, ou seja, o que servia para mim, servia para todos os outros: Penelope estaria fora de todos os limites. Egoísmo da minha parte, eu sei, mas me fazia ganhar tempo.

Estava separando a roupa que usaria mais tarde, quando meu celular tocou.

- Oi meu filho! Você poderia fazer um favor para seu pai? Seu tio está no salão com Ellen e Hazel e fiquei de levar sua irmã, Isabella e Penny ao cabelereiro para se arrumarem para a festa. O problema é que Michael e Devon convocaram toda a equipe de Nova Iorque que participará da transmissão do evento do fim de semana para uma reunião de emergência. Como eles estão na Europa, será na sala de conferências da emissora.

Desde que o site em que meu pai, tio Brian e tia Ellen trabalhavam migrou para um canal de TV adquirido pelo Senhor Evans, os três praticamente ficavam responsáveis pelas operações em seus respectivos departamentos na ausência dele e do Tio Dev.

- Eu não sei...

- Ah, filhão, me ajuda! É só pegá-las lá em casa e deixá-las no lugar que elas informarem.

- Ok, já estou indo.

- Valeu, garoto! Te amo, nos vemos à noite.

Retribui a declaração e finalizei a chamada. Desci as escadas e encontrei minha mãe na cozinha, esquentando leite no fogão. Provavelmente para Lauren, minha meia-irmã. Pouco após o casamento do meu pai, com tia Hazel, mamãe se casou com tio Malik e há seis anos, a minha irmãzinha nasceu. Ela estava febril e os dois já haviam desistido de irem ao aniversário para ficarem com a menininha.

- Vou dar uma saída rápida, mas volto para me arrumar! – Dei um beijo em sua bochecha e peguei uma maçã na fruteira e estava seguindo em direção à porta dos fundos quando ela chamou minha atenção.

- Omar, sei que você não quer se abrir comigo e tem total direito de se manter em silêncio. Mas sou sua mãe, te conheço como a palma da minha mão. – Respirou fundo e continuou. – Não deixe a oportunidade de ser feliz escapar por entre os dedos. Quase permiti que isso acontecesse, então, por experiência própria, digo que não te fará bem.

Apenas assenti por não ter o que dizer.

Dirigi por alguns minutos e cheguei ao apartamento do meu pai. O celular de Ava estava desligado, então, sai do carro, joguei os restos da fruta que comi no lixo e toquei o interfone. E quem atendeu?

- Já estamos descendo! Essa voz... Meu coração errou o compasso.

- Sim... Eh... Tá...

Deus, por que tenho que parecer um bobão quando falo com ela?

As três garotas desceram e não pude deixar de tirar os olhos de Penny. Linda, usando um vestido azul claro de alças e tênis branco, se esticou na minha frente, apoiando-se no meu peito, deixando um beijo no meu rosto. Morri um pouco com esse gesto.