Capítulo 33

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Após abordar o segurança e o recepcionista sobre quem seria aquele que me reconheceu na confusão do luau, em Coney Island, e nenhum deles ter identificado a foto havia mostrado, tive a impressão que ficaria sem respostas. Até que uma luz surgiu no final do túnel: Senhor Heck, o faxineiro do prédio.

- Eu já vi esse rapaz aqui sim! Não sei quem é ele, porque sabe, tenho muitos afazeres. Nem sempre posso conversar e nem todos são educados como você, muitas vezes pareço ser invisível. – Coça a cabeça. – Não o vejo por aqui já faz um tempo e a última vez que o vi foi... Foi com aquela jovem ali!

Ele apontou para trás de mim.

- Tanisha?

- Oi gatinho, saudades? – Fitou-me de maneira sugestiva, completamente aquém do que acabei de descobrir.

O elevador emitiu um aviso sonoro, comunicando sua chegada conforme solicitei. Estendi o braço, fazendo menção para que ela entrasse antes de mim e adentrei na caixa metálica em seguida.

A mulher veio em minha direção e, antes que apalpasse meu peito, já bem perto de mim, com uma mão segurei a sua, com a outra, mostrei a tela do meu celular.

- Conhece? -

Seu rosto, até então com um semblante lascivo, empalideceu.

- Não lembro. – Todas as células do seu corpo gritavam "É mentira!".

- Tem certeza? O senhor Heck disse que viu vocês dois juntos.

Minha colega de trabalho abriu a boca algumas vezes sem emitir som. Por fim, finalmente conseguiu falar.

- Ah, sim... – Se afastou, ficando ao meu lado, olhando para o letreiro luminoso que mostravam os números dos andares que percorríamos. – Já cruzei com ele algumas vezes por aqui. Se não me engano era estagiário ou algo assim. Nada demais!

- Era? Como assim? Não é mais? – Franzi o cenho, olhando-a de rabo de olho.

Chegamos ao nosso pavimento e Tanisha se antecipou, praticamente fugindo de mim.

- Johnson, nos vemos na sala de reuniões, preciso ir gato!

E saiu correndo, desaparecendo pelo corredor. Bufei e conferi as horas no relógio. Ainda tinha tempo até nossa conversa sobre o novo projeto e decidi ir até o RH.

- Bom dia, Paul! – Me pus na entrada do escritório do responsável pelo setor. – Será que poderia me tirar uma dúvida?

Paul, o chefe dos recursos humanos, seria a pessoa mais indicada para me esclarecer sobre Warwick. Pelo menos era o que eu achava...

- Omar, o que posso dizer é que ele já fez parte do nosso programa de estágio e foi desligado há um mês, a pedido do nosso chefe. Não houve justificativa e o Calvin acatou a solicitação sem reclamar. Qualquer outro detalhe, apenas mediante pedido judicial ou algo nesse sentido. Mas, por que está me perguntando sobre esse rapaz?

- Aconteceu uma situação no feriado onde esbarrei nele. Para mim, passaria despercebido, porém, o garoto deu a entender que me conhecia.

- Compreensível. Você é responsável por vários trabalhos, os mais bem sucedidos do estúdio, enquanto ele tinha tarefas simples, quase que um pau para toda obra. Se se esbarraram por aí, garanto que foram pouquíssimas vezes e com suas ocupações, normal ter ficado alheio a sua identidade. Falei o que eu podia, entretanto, pode tentar falar com nosso patrão. Vocês têm um ótimo relacionamento, que sabe ele não abre o jogo contigo?

Sem ter mais o que fazer, agradeci pelos esclarecimentos e me dirigi para a reunião com esperanças de encontrar o senhor Fox, presidente da empresa. Porém, fomos notificados de que nossa conversa com ele seria por meio de uma vídeo-chamada, pois ele estava em uma viagem a negócios, fechando parcerias com selos fonográficos.

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