Capítulo 2

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- O QUE ESTÃO FAZENDO AQUI?

Fodeu!

O grito de Penelope ainda ecoava pelo seu quarto enquanto tanto Nicholas, com o diário da garota nas mãos, quanto eu, segurando minha foto com uma declaração de amor feita por ela escrita no verso há pouco tempo, estávamos petrificados.

Bem que queria falar, mas acho que o susto me fez perder a voz.

- Maninha, a culpa é minha! Estava jogando bola e ela caiu embaixo da cama! Fui pegá-la e encontrei seu diário. Brinquei com Omar, sugerindo que ele lesse, mas ele não quis. Forcei a barra, ele me fez colocar de volta no lugar e pronto, você chegou! Ele tem nada a ver com isso!

Pelo menos, falou a verdade, o que não amenizou em nada a expressão raivosa de Penny.

- Tudo bem. Com você converso depois. Agora saia, quero falar com Omar. E se possível, não deixe ninguém nos interromper.

Ela jogou a mochila na cadeira da escrivaninha e deu passagem para o irmão sair. Antes de ela fechar a porta, o vi sibilar "boa sorte" para mim.

Ela veio em minha direção, tomou a fotografia impressa das minhas mãos e guardou dentro do caderno que havia sido deixado por Nick em cima do seu colchão.

- Não te ensinaram que não se pode mexer nas coisas dos outros? Pensei que fosse mais educado. Pe falou entre os dentes.

- Eu sou. Por esse motivo evitei que ele ferisse sua intimidade, lendo suas confidências.

- E o que te difere dele? Ela se sentou na cama, com os braços cruzados, aguardando minha resposta.

- Foi tudo muito rápido! O papel caiu, o peguei e quando vi, já estava lendo-o. Não foi minha intenção, perdão... — Eu não poderia deixar de questioná-la, a dúvida estava me matando de dentro para fora. — Por que você tem uma foto minha? A postei não tem tanto tempo...

Sua feição foi de irritada a amedrontada.

- Não sei explicar. Havia salvado no celular, estava imprimindo algumas coisas para a faculdade e simplesmente senti vontade de fazer o mesmo com ela.

- E a legenda, atrás dela... — me acomodei na cama, de frente para Penelope — É verdade?

Penny baixou o olhar e levantou-se ligeira, só parando perto da janela, de costas para mim.

- Era. — Como assim "era"? — Não é mais. Decidi que não vale mais a pena alimentar por tantos anos um amor que só me machuca.

- Amor? Anos? Como uma criança, não conseguia formular perguntas, só a indagava através de palavras soltas.

- Deixa de ser imbecil, Omar! Não aja como se não soubesse.

- Mas eu não sabia! Desde quando?

- Desde sempre.

Sem se mover, Pe despejou o que aparentemente guardou por um longo tempo dentro de si. Inclusive que no dia do seu aniversário de 16 anos, após nosso beijo, que foi o seu primeiro, ela não ficou com Justin Harper.

- Mas eu vi vocês quase se beijando! Falei um pouco mais alto que deveria e olhei para a porta esperando que alguém entrasse, o que não aconteceu.

- Quase. Não nos beijamos. Confesso que não o recusei de imediato, mas bastou Justin se aproximar para que eu constatasse e dissesse que eu não queria. Voltei para a festa, ele se foi e Ava e Bella me disseram que você tinha passado correndo e que Nick contou a elas que nos viram.

- E por que não me procurou para contar o que aconteceu de verdade?

Tudo bem, depois que me ouvi, percebi que minha indagação foi descabida e, antes que eu pudesse me corrigir, ela fez isso por mim.

Hora de aceitarOnde histórias criam vida. Descubra agora