Olá querido diário gay ou Pedro do futuro ou sei lá o que;
Eu estou escrevendo porque meu diário ambulante está há 200km de mim e no momento está com os próprios problemas, a tia dela faleceu e eu queria mesmo estar com ela, eu queria tanto poder ligar pra Oli pra falar tudo que aconteceu, mas eu não posso encher ela com meus problemas, então você vai ser o que vai me ajudar, pra quando ela estiver bem eu mostrar pra ela, ela vai ficar orgulhosa de eu estar usando o presente dela.
Sabe diário (tenho que me lembrar de arrumar um nome pra você), meu pai veio aqui ontem falar comigo e eu não queria sentir isso, mas eu o odeio, com tudo que eu posso, eu o odeio e não há honra em dizer isso, minha mãe diz que eu preciso aprender a perdoar, porque ela já perdoou, mas como? Como perdoar alguém que fazia o que ele fazia cara? Eu olho pra ele e lembro das noites tampando o ouvido da Vick pra ela não ouvir ele gritar bêbado coisas horríveis, eu lembro das brigas que eu me metia na escola achando que aquilo era normal, lembro da dor de ver ele bater nela e não conseguir defende-la, então eu bati nele, eu dei um soco nele e isso me deu paz por um segundo, até ver minha mãe chorando e agora eu estou aqui em uma praça escrevendo e com medo, será que um fruto não cai tão longe assim da arvore? Eu não quero ser como ele, mas depois de agredi-lo eu sou.
Eu não imaginava nada disso, ele não me contou depois quando chegou, ele nem mencionou aquilo e eu nem notei e eu me lembro de porque eu não notei, porque eu estava preocupada demais em fingir que eu nunca havia beijado a namorada dele.
"Eu via todo mundo indo e vindo no velório, todos me dando os pêsames mas não sentia que eu estava lá, estava aérea, saber que minha tia estava morta, ver meu pai chorar acabou comigo, sentia que nada daquilo era real, que ia acordar e tudo ia estar igual, mas não estava, meu pai fingia estar forte e eu não queria chorar, não na frente dele, o Vini que estava treinando pegou o primeiro ônibus quando soube.
— Oi! — Ouvi a ultima voz que eu queria ouvir, mas eu não tinha forças pra discutir.
— Oi! — falei.
— Eu sinto muito! — ela me olhava com pena.
— Eu também!
— O Pê me ligou, ele queria mesmo estar aqui! — senti uma lágrima escorrer.
— Eu também queria!
— Oli...
— Eu preciso sair daqui!
— Quer andar?
— Por favor!
Sai andando com ela, que não disse nada, só caminhou ao meu lado calada, três quarteirões, até eu não aguentar mais, encostei em um muro qualquer e comecei a chorar de soluçar, ela continuou para da minha frente sem qualquer reação.
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A PROVA D' ÁGUA ROMANCE LÉSBICO
RomanceMariana estava acostumada a não se apegar depois que seu primeiro amor foi embora, mas uma bendita foto a faz olhar Olivia com outros olhos e aos poucos perceber que a pequena garota de olhos cor de chocolate trás com ela uma história triste e traum...