A.V.A.S.S.A.L.A.D.O.R...

Capítulo Vinte e Cinco: Bela Surpresa

Ricardo Menezes...

Ela me abraça forte, como se a qualquer momento eu pudesse ir embora. Como se isso fosse uma opção para mim, como se eu quisesse ir para algum lugar. Continuo aproveitando desse contato enquanto ela se preparava para me relatar situações da qual eu sabia que me afetaria e aumentaria a minha vontade de quem a machucou pagar caro por isso. Ela respira fundo e me encara antes de se afastar, mantém seus olhos nos meus e posso sentir seu nervosismo quero voltar a ter alguma aproximidade, mas ela me impede com a mão. Entendo o seu lado no momento e mantenho a nossa distância. Por enquanto. 

- Fui abusada Ricardo de todas as maneiras possíveis que você possa imaginar. – Conta e eu sinto o peso de suas palavras. E de fato eu não queria ter que imaginar, mas tinha passado mais que tempo pensando em como descobrir algo do seu passado, por que talvez assim eu pudesse tentar lidar com ela melhor e com seus fantasmas. Mas ouvir dela confirmar algo que eu já desconfiava tudo muito mais real. 

- Acredite eu já imaginava que você já havia passado por essa situação terrível, mas não consigo imaginar a amplitude de tudo isso. – Revelo. Eu tinha minhas próprias conclusões a respeito, mas não poderia dizer que qualquer palavra dita por ela poderia sim me pegar de surpresa por mais que tivesse uma base. Mas saber que a minha mulher tinha passado por algo assim me machucava muito. saber o que ela viveu e passou é inimaginável para mim. 

- A primeira vez que sofri com isso, foi com meu tio. O marido da minha tia pensei que ele me via como uma filha, sempre tão carinhoso e atencioso me dava presentes e me levava para passear. E quando ele tentou me tocar eu nunca me sentir tão suja. – Relata. Uma criança imagino tendo que lidar com a perversidade tão cedo e não consigo imaginar tudo que ela teve que enfrentar.

- Mas você entende que a culpa não era sua? – Indago. Espero que possa ver que ela é a vitima que não devia ter fugido, lutado, mas não sabia muito bem como era o relacionamento com a sua tia então prefiro não tocar no assunto agora, não quero que perca o seu foco.

- Hoje eu entendo, mas para a criança que eu era só tive medo, muito medo e acabei fugindo e nunca mais vi a minha tia. – Menciona. O que me faz pensar que a sua tia fosse sim alguém confiável. Mas o medo nos faz agir por impulso. Mesmo que depois queira voltar no tempo e mudar. 

- Eu não consigo imaginar como deve ter sido difícil. – Falo e realmente não tenho um panorama de comparativo, para ser honesto a minha vida comparada a da Megan foram flores e maravilhas. Eu sempre tive tudo enquanto ela vivia o verdadeiro inferno.

- Não, ali estava fácil. Eu não tinha mais para onde ir, então simplesmente morei nas ruas e aí que começou o pesadelo. – Ela respira fundo e posso sentir o seu medo, a vergonha de relatar tudo que havia passado e o meu peito se aperta só de pensar por tudo que ela passou. – Os homens me olhavam como se eu fosse um pedaço de carne e muitos se ofereciam para pagar um prato de comida, ou me levarem para sua casa. Eu via a má intenção. E fugia. – Acrescenta. Ela está totalmente longe como se voltasse para os momentos quando tudo isso aconteceu.

- Homens conseguem ser idiotas em alto níveis. – Rosno tentando imaginar como ela se sentia. Uma menina ainda morando nas ruas e tendo que viver sozinha sem ter em que se abrigar, ninguém que cuidasse dela. Minha raiva só aumenta. Principalmente por ter sido um idiota com ela no começo. 

- Conseguem sim. Eu tinha quatorze anos quando eu fui estuprada Ricardo. Infelizmente eu me lembro de cada detalhe, era noite deviam ser onze horas e eu estava faminta, com sede e como meu dinheiro tinha acabado eu não tinha, mas como ter uma alimentação digna. Fuçava os baldes de lixos atrás de ter o que comer. – Diz e isso me quebra ao meio. Fecho os olhos e posso ver uma garotinha de pele escura e olhos verdes de anjo a procura de alguém que lhe estendesse a mão que a ajudasse sem segundas intenções e infelizmente ninguém conseguia enxergar e ajudar de verdade. Que mundo perverso é esse que a gente vive.