18 | A aprovação

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*Alguns dias depois:

*Alexia:

Sentada em frente ao computador enquanto como as unhas, esse é o meu estado. O site do resultado da prova demora a carregar , e eu já estou a ponto de ter um piriri! Fecho os olhos e respiro fundo, Gabriel brinca com alguns animais de plástico no carpete, e produz o único barulho presente no quarto. Abro os olhos e me deparo com o resultado, mesmo com medo leio todo o email:

"Olá futura Dr. Alexia, você foi aprovada no seu exame de seleção para ingressar na UFRGS, estamos muitos felizes pela sua conquista!

Você tem dois dias para validar sua passagem e moradia no estado Do Rio Grande do Sul.

Aguardamos ansiosamente sua chegada!

Atenciosamente: Direção- UFRGS"

—Aí meu Deus!—Sussurro. —Aí.... Meu.... Deus!—Digo mais alto. —Aí! Meu! Deus! —Grito e o Grego entra no quarto quase derrubando a porta.

—O que está acontecendo?—Pergunta ofegante.

—Eu passei! —Grito.

—Passou? Como assim passou?—Diz sem entender nada.

—Passei na prova Daniel! Eu vou fazer medicina! —Grito e pulo no colo dele.

—Eu não acredito. —Diz desapontado.

Desço do seu colo e olho para ele.

—Você não está feliz pela minha conquista?

—Lógico que estou Alexia. —Se senta na cama e olha para o computador. —Mas isso vai separar a gente...—aponta para a tela. —você vai pra outro estado, outra região. Você vai esquecer de mim, vai construir uma nova vida, sem me incluir. —Revira os olhos e eu sorrio. Eu sou completamente apaixonada por esse cara.

—Não vai ser uma viagem que vai nos separar, são poucos anos. você pode me visitar. Eu posso visitar você. Nós daremos um jeito.

—São Seis anos, eu vou estar velho demais. E você vai ter se desviado da pessoa que é agora. Não quero que você vá estudar.

—O tempo passa para todo mundo Daniel. —Sorrio. —Eu jurei que estaria sempre contigo e eu vou cumprir, será apenas uma distância, logo logo estarei de volta.

—E nosso casamento?—Pergunta estreitando as sobrancelhas.

—Já somos casados.

—Somos namorados, ao menos aceitou de verdade meu pedido de casamento! Agora vejo que tudo foi pensado por você, não me aceitar faz parte do seu plano para se separar de mim.—Aponta o dedo pra mim.

—Moramos juntos Grego, para mim isso é casamento. —Dou de ombros. Desconsidero o que ele falou.

—Quando você voltar vamos casar. —Determina e eu levanto os braços em sinal de rendição. —Vem cá vem. —Me puxa e me senta no seu colo.

—O Gabriel.—Digo e ele sorri.

—Vem cá com o papai vem Gabe.—O menino imediatamente solta os brinquedos e vem correndo, se enrosca nas pernas do pai sorri mostrando seus poucos dentes. Cara como ele consegue que esse menino o obedeça?

—Eu amo vocês dois ok?—Diz e nós dois acentimos. —Somos uma família agora e eu prometo sempre cuidar de vocês dois, mesmo que brevemente eu não esteja mais aqui.

—O que você quer dizer com isso amor?

-Quando trabalhamos com o tráfico princesa, não sabemos até quando estamos vivos, posso morrer hoje, amanhã, ou daqui a 80 anos, nunca se sabe. Vocês têm que estar preparados para tudo. E mesmo que doa, se eu partir você vai me prometer que vai cuidar do nosso filho.

—Você não vai morrer Grego, não viaja.

—Eu estou falando sério Alexia, eu não sei até quando o tráfico segura a barra, e quando o morro cair, eu vou ser o primeiro a morrer! Tô na linha de tiro, pagam alto pela minha cabeça. —Meus olhos se enchem de lágrimas.

—Sai dessa vida Daniel.

—Eu não posso. O morro precisa de mim.

—Claro que pode. Eu não quero perder meu marido para Tráfico, eu já perdi meu pai, e foi a coisa mais dolorosa que eu senti!—As lágrimas começam a escorrer. —Ver o homem que me deu o seu sobrenome mesmo não sendo meu pai de verdade, estirado no chão com um tiro na cabeça foi demais para mim. —Fecho os olhos. —Até hoje me lembro do último abraço, ele saiu naquela noite, mais antes de sair me viu na mesa estudando. Me deu um beijo na testa e falou que eu sou do tamanho do meu sonho, e que sabia que eu ia conseguir... Eu nem desconfiava que era a última vez que eu ia ver o Bernardo... —Daniel seca minhas lágrimas. —Eu não posso passar por essa dor novamente entende? Ver alguém que eu amo morrer na minha frente...

—Você não é a única que viu alguém que ama morrer na sua frente.

—Quem?—Pergunto simples.

—Vai deixar o Gabriel com a Diana, vamos ter uma longa conversa.

***

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora