—Fale logo doutor. —Digo sem paciência.
—Bom, a cirurgia da paciente foi bem sucedida apesar da hemorragia que ela sofreu. –Suspiro um pouco mais aliviado.
—Isso é uma boa notícia. –René fala sorrindo.
—Como já disse ela perdeu muito sangue, conseguimos repor boa quantidade porém ainda precisamos de mais, mas, no momento ela está muito fraca.
—Ela vai ficar bem? –Débora pergunta aflita.
—Agora vem a má notícia. O estado da Alexia é bastante complicado. Seu corpo está muito machucado, alguns órgão estão quase dilacerados além claro da hemorragia já citada. —O médico engole em seco e olha para o René. —Sua filha está em coma René, no momento ela foi levada para a Unidade de Terapia intensiva.
—Ela vai acordar não vai? –Digo sentindo minha garganta fechando.
—Vocês acreditam em milagres?
Assentimos os três.
—Eles não terem morrido no local do acidente já foi um milagre,–O médico segura o ombro do René que está desolado e eu me jogo na cadeira. —Rezem. O estado dela não é nada bom.
Ele continua explicando o que vai ser feito para nem o coração nem o cérebro dela parar, porém eu não consigo ouvir uma única palavra. O dia mais feliz da minha vida se transformou no meu maior pesadelo.
O médico se despede e se afasta.
—Doutor! Espere! –Me levanto e vou até ele.
—E o menino? O Gabriel?
—O menino está na ala pediátrica esperando alguns exames e tratando de algumas escoriações e da fratura que sofreu em uma das costelas. Ele ficará bem.
—Posso vê-lo?
—Claro, me acompanhe. –Sorrio triste e acompanho o médico pelos corredores infinitos desse lugar.
Tudo é incrivelmente branco e gelado, mas a área pediátrica é colorida e cheia de brinquedos. Os médicos e enfermeiras usam roupas mais chamativas e alguns usam até jaleco com estampa de animais.
Sou encaminhado por uma enfermeira até o quarto onde Gabriel está. Ele dorme tranquilo, a mulher mais ou menos da idade da Alexia me informou que é por conta dos remédios.
Me aproximo e me sento na cadeira próxima a cama. O quarto parece um quarto normal de criança, nem parece que estamos em um hospital.
Com cuidado faço carinho nos cabelos cacheados do menino. É possível ver alguns hematomas na sua pele morena.
Ele vira o rosto lentamente e com dificuldade abre os olhos. Me encara por alguns segundos.
Nos vimos pouquíssimas vezes, mas isso não me impediu de criar um amor enorme por esse garoto. Grego nunca deixou eu me aproximar dele, tanto que nas duas vezes que ele foi até o Rio Grande do Sul com o René, Daniel não passava um dia sem ligar para saber se ele estava tendo contato comigo. Ele age como se eu fosse um tuberculoso.
—Onde está a mamãe ?–Pergunta arrastado e com os olhos quase se fechando.
—Sua mamãe está doente. Ela precisa se cuidar assim como você. –Sorrio triste.
—A mamãe morreu? –Seus olhos são tristes.
—Não! Não! Ela não morreu Gael.
—E porque você tá chorando tio Edu?
Passo as mãos nos olhos vendo que eu realmente chorava.
—Eu estou apenas feliz de ver você. –Digo beijando sua mãozinha pequena.
—Eu tô com sono...—Sussurra e abraça o leãozinho de pelúcia fechando os olhos.
—Durma meu amor, a tia Debi vem cuidar de você. —Dou um beijo no topo da sua cabeça. Cubro seu corpo pequeno e gordinho, e saio fechando a porta delicadamente. Encontro René e Débora já no corredor. Sorrio quando os vejo.
—Como meu neto está?
—Ele está bem, pegou no sono novamente.
—Eu vou vê-lo. –René sai apressado e Débora me encara triste.
—Vimos ela.—Cruza os braços.
—Podemos visita-la? –Pergunto um pouco mais feliz.
—É melhor você não ir Edu, é uma cena forte, você está muito abalado. —Estreito as sobrancelha.
—Eu vou vê-la!—Digo firme.
—Não seja teimoso Eduardo.
Sem responder mais, saio pelos corredores até achar o médico que está cuidando da Alexia. Débora vem atrás de mim, me chamando, mais eu finjo que não é nada.
—Eu quero ver a Alexia também. —Falo para o médico.
—Venha. –Fala e Débora segura meu braço.
—Eu vou com você.
***
Toco o vidro que nos separa. É a cena mais dolorosa que já vi em toda a minha vida. Ela está cheia de aparelhos, com um respirador, e com aquela barulho irritante do "pi-pi-pi"
Eu daria minha vida para vê-la acordada novamente.
Poder pega-la em meus braços. Sentir seu cheiro doce. Ouvir sua risada. Ver seu sorriso tímido. Acariciar seus cabelos. Levar bronca dela por deixar a toalha molhada em cima da minha cama. Ver romances clichês como sempre fazíamos aos sábados. Tocar sua pele macia. Sentir seu beijo uma última vez.
Eu daria minha vida pela vida dela.
Escoro a testa no vidro. Débora me analisa em silêncio, ela sabe que eu preciso desse momento.
—Porque teve que acontecer isso logo com ela? –Pergunto quando minha amiga me abraça. —Eu preciso dela viva. Mesmo que depois de acordar ela volte para aquele filho da puta, mais eu necessito que ela fique viva. Se ela morrer eu não sei o que vai ser da minha vida Débora... –Soluço.
—Vai ficar tudo bem Edu, eu sei que vai. –Ela se afasta um pouco e olha para mim. —Vamos, você precisa descansar um pouco. Tomar um banho, trocar essas roupas cheias de sangue. Ela vai ficar bem.
Antes de sair olho uma última vez pelo vidro. E sussurro:
—Eu amo você princesa. Vou estar sempre com você. Você é tudo que tenho... Esperarei por você... Até o fim!
***
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O Príncipe Do Tráfico
Teen Fiction-O alemão é meu! E ninguém vai ser capaz de tira-lo de mim! +18 escrito por uma -18, contraditório não? Capa: @atelieCGS