16|O teste

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*Alguns dias depois:

Passaram-se alguns dias desde a ultima invasão do morro. Hoje é exatamente 10 de janeiro dia do meu teste. Não consigo nem respirar direito de tão nervosa que estou. Foi uma batalha até conseguir contar para o Grego, ele foi Durão como sempre e falou que eu não deveria fazer esse teste, deveria ficar aqui sendo a rainha dele.

Ele só pode estar louco!

Me ajeito na cadeira dura e rezo baixinho para que tudo dê certo.

***

Quase quatro horas depois, entrego a prova. Minhas mãos estão trêmulas e eu estou quase chorando. Essa é minha única chance de tentar realizar o meu sonho. Não sei o que faço se não conseguir passar.

—Hey, Lexa!– Olho para trás e vejo Débora– Agora loira– correndo até mim.

—Como foi seu teste amiga? –Pergunto sem emoção alguma.

—Ihhhhh... Quem morreu Alexia?

—Meu sonho de ser Médica morreu! –Ela revira os olhos e eu continuo. —Vou passar o resto da minha vida vivendo a sombra do príncipe do tráfico. –Bufo. —Eu não quero ser uma traficante, quero ajudar pessoas. salvar pessoas! Eu não quero terminar o resto dos meus dias em uma prisão na Colômbia.

—Você nem recebeu o resultado ainda. —Me conforta.

—São apenas três vagas. —Rebato chorosa.

—Você é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço.

—Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço Débora. Tenho certeza que você passou e vai fazer direito no Rio Grande do Sul. –Ela me puxa até um banquinho que tem fora da escola. Me empurra e então ela começa seu discurso motivacional:

—Olha aqui sua água de salsicha eu acho bom você parar com esse pessimismo se não quiser que eu sente a mão na sua cara sua imunda!– Recuo por causa das suas palavras. — Tá achando que é o que? Você é a pessoa mais dedicada que eu conheço. colocou ponto final em várias coisas pra conseguir essa chance dessa prova! –Ela se senta ao meu lado. —Você é a dona do morro. Todo mundo treme na base ao te ver chegando. Todos tremem na base ao verem o grego.– Olho para ela com os meus olhos marejados. — Você não é uma nota Alê, você é incrivel e uma nota é apenas uma nota. Você não precisa daquele curso, aquele curso precisa de você! –Ela segura minha mão —Promete pra mim que não vai mais sofrer por isso?

Estica o dedo mindinho e eu entrelaço com o meu.

—Prometo. –Ela sorri e eu enxugo minhas lágrimas.

—Ótimo! Agora vamo no Burger King Que eu tô morreeeeeeendo de fome! –Sorrio das loucuras da minha amiga e me levanto já um pouco melhor.

Débora tem razão, eu não preciso desse curso, esse curso é que precisa de mim.

***

Depois de me empanturrar de comida eu vou para casa. Entro em casa e logo um serzinho se enrosca nas minhas pernas.

Mamã – Pego o bebê no meu colo e dou um beijo em suas bochechas rosadas e gordinhas.

—Como foi seu dia meu gordinho?– Sem saber falar direito ele apenas enrola a língua e no final me da um estalado beijo na bochecha e pede para ir para o chão.

A mãe de Gael, a filha da Diana, foi embora com um namorado e simplesmente deixou a criança com a avó. Depois de uma conversa eu e Daniel decidimos adotar a criança. Dona Diana pode cuidar dela enquanto eu e meu noivo daremos um sobrenome para o menino além de todo o suporte que ele vai precisar.

Desde então ele nos chama de Mamã e Apa.

Que bom que você chegou Alexia. –Daniel diz saindo de uma pequena sala que ele tem.

—Achava que você estava no QG junto com os outros. –Digo soltando minha bolsa no sofá e me sentando para tirar os sapatos.

—Eu não estou me sentindo muito bem hoje. Acho que vou ficar doente. –Sorri meio triste enquanto ajeita o cabelo ainda molhado. —Como foi seu teste? –Se joga do meu lado no sofá.

—Péssimo! –Respondo choramingando.

—Ótimo! –Sorri abertamente enquanto eu o fuzilo com o olhar. Como ele pode dizer uma coisa dessa? —Só assim você não vai abandonar a gente. Nosso filho precisa de nós dois. O morro é o melhor lugar para você. Eu já te disse que a Débora é uma má influência para você, ela vai abandonar o Thiago e quer que você também me abandone.

Me olha com a carinha do gato de botas.

—Ele tem a Diana e tem a você também. ---Bufo. ---E sobre a Débora, o que ela faz ou deixa de fazer é problema exclusivo dela. Não ouse mais repetir tanta bobagem.

—Ele precisa de uma mãe, ruiva. –Se aproxima de mim. —E Eu preciso da minha mulher. –Fala olhando nos meus olhos e ignorando minhas palavras sobre Débora.

Golpe baixo!

—Vamos esperar o resultado, depois conversamos mais sobre isso. –Dou um selinho em seus lábios e só então vejo que ele está com febre.

—Você está quente Daniel.

—Te falei que estava me sentindo mal.

—Vem comigo, vou te dar remédio e você vai descansar, entendeu? –Ergo uma sobrancelha e ele responde travesso.

—Certo Doutora Alexia Montalverne. –Sussurra e me puxa para um beijo literalmente quente.

Esse Grego me tira do sério.

***

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora