19 | Helena

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Volto mais que rápido de onde a Diana estava. Subo as escadas correndo, entro no quarto e tranco a porta. Daniel me espera sentado na cama, as costas escorada na cabeceira e em suas mãos encontram-se uma caixa. Me sento ao seu lado na mesma posição.

—Pode começar. —Incentivo.

—Eu já fui casado. —Engasgo e tenho que receber alguns tapinhas nas costas até recobrar o fôlego.

—Como? —Digo com a voz sufocada.

—Na verdade sou viúvo. —Estreito a sobrancelha.

—Essa conversa está indo por um rumo que eu nunca imaginei. —Uno as sobrancelhas.

—Ela morreu assim que nos casamos, ainda na porta da igreja. Recebeu um tiro no peito. —Fala sério. —Morreu nos meus braços, ela era o amor da minha vida.

—O amor da sua vida.—Repito sentindo o gosto amargo do ciúmes, não sei como é possível sentir ciúmes de alguém que já se foi, mas, eu estou sentindo.

—Existe o amor da sua vida, e o amor para a sua vida. —Diz. —Ela era o amor da minha vida, você é o amor para a minha vida. —Completa e eu suspiro. —
Eu senti que também estava morrendo quando vi ela nos meus braços sem respirar, é a pior dor que um humano pode passar, nada se compara.

—O que tem na caixa? —Pergunto e ele olha para a caixa média em suas mãos.

—É tudo que eu guardei dela. —Destampa com cuidado e tira de lá algumas fotos, enfeites, cartas, e uma caixinha menor vermelha.

Pego uma das fotos em que ao fundo da pra se ver o coliseu romano. Foi tirada em um entardecer, ele segurava ela nos braços como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Parecia tão jovial, nem um pouco parecido com o Daniel que eu conheço.

Em outra foto eles estão em algum lugar que tinha nevado. Tudo está branquinho, e eles usam roupas de inverno.

—Foi tirada na Rússia, foi nossa primeira viagem. Foi lá que a pedi em casamento.

Passo para outra foto, me deparando com ela vestida de noiva.

Passo para outra foto, me deparando com ela vestida de noiva

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—Nossa....-Sussurro. —Ela era linda...

Ele sorri triste.

—Eu ainda lembro de quando a conheci, —Coça a cabeça. -Estávamos na escola, ficamos amigos e começamos a namorar. Éramos jovens demais, tínhamos sonhos demais...—Molha os lábios com a língua. —Quando eu a conheci senti que era por ela que eu esperava, senti que Deus tinha me dado um presente e que eu tinha que honra-lo. —Sinto uma pontada no peito—Viajamos o mundo, conhecemos a Europa, Ásia, e África, tudo isso durante um ano.

—Você a amava muito.... —Ele sorri.

—Ela foi meu primeiro amor, minha primeira mulher, eu a amei tanto que meu peito dói só de lembrar—Olha para a caixinha em sua mão e abre, revelando um par de alianças em ouro. Ele me entrega a caixa.

Meio insegura seguro a aliança feminina, dentro estava o nome do Daniel gravado em letras cursivas. Guardo essa e pego a masculina. Engulo em seco ao ler o nome escrito.

"Helena"

—Então ela era a tão famosa Helena...

—Sim. —Responde e então se cala, como se esperasse o que eu tinha para dizer.

—Foi para ela que você construiu aquela vista do ponto mais alto do morro.

—Sim.

—E é ela que você ainda ama. —Quando vejo as palavras já tem saltado da minha boca. Ele olha pra mim assombrado, os olhos escuros arregalados, a boca aberta em sinal de surpresa.

—Não! Ficou louca? A Helena está morta por minha culpa. —estreita as sobrancelhas e eu dou de ombros.

—É apenas uma suposição.

—E você está com ciúmes de uma defunta.—Ergue uma sobrancelha e eu mostro o dedo do meio. Me pegando de surpresa ele acaricia meu rosto, fecho os olhos me afundando no seu carinho. —Eu tenho tanto medo de perder você da mesma forma que perdi a Helena... —chego mais para perto dele e abraço ele afundando a cabeça em seu peito, lentamente faz cafuné em meu cabelo. —Me recuperei da morte dela, mais se eu perder você nunca mais serei o mesmo. Você é minha luz, é minha guia diante de todo o caos. A verdade é que eu não tô preparado pra te deixar partir, fazer sua vida longe de mim... Meu medo é você encontrar outro melhor que eu!

Levanto a cabeça do seu peito e seguro seu rosto com as duas mãos.

—Tudo que eu quero e que eu preciso já está diante de mim, —Beijo a ponta do seu nariz. —Nunca deixarei você.

—Promete?—Pergunta.

—Prometo.—Afirmo, beijando-o logo em seguida.

***

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora