*Alexia:
Uma voz.
Enquanto estou perdida em um lugar parecido com um labirinto, escuto uma voz. Me chamando. Dizendo para abrir os olhos.
Eu estou de olhos abertos ora! Só não consigo encontrar a saída desse labirinto.
Sigo o som da sua voz, a voz que durante dias escutei. É o sonho mais louco que estou tendo.
Corro acompanhando o timbre rouco. Gargalho ao ver a saída bem a minha frente. Finalmente!
***
Abro os olhos mas a claridade intensa me faz fecha-los novamente. A voz que ouvi durante todo esse tempo é a do Edu, ele chora desesperado segurando minha mão. Sem entender nada olho em volta, estou em um hospital.
Fleches da noite do show vem a minha mente, juntamente com a fúria que sentia no momento do acidente.
—... Acorda por favor Alexia.—Aperto levemente sua mão gigantesca comparada a minha. Ele me olha incrédulo como se estivesse vendo um fantasma. Sorrio vendo seu estado.
—Eu não acredito... —Sussurra.
Não consigo explicar o que acontece comigo quando o vejo novamente, uma paz invade meu peito, sinto como se nada de ruim pudesse me acontecer novamente. Sinto que Deus me deixou voltar para cuidar desse homem com coração de menino. O mundo é perverso demais, porém tenho a estranha impressão que nunca mais vou me machucar, pelo menos não enquanto tiver Eduardo do meu lado, seja da forma que for, ele deve ser meu anjo da guarda.
—Eu... Amo... Você... —As palavras saem de forma automática, e eu fico tão surpresa quanto ele.
Seus olhos amarelados me encaram sem parar. Um sentimento que talvez estivesse escondido desde aquele dia no banheiro daquele cinema, vem a tona como um balde de água fria.
Segura meu rosto delicadamente e beija meus lábios castamente enquanto chora. Meu rosto está molhado de lágrimas também.
—Isso é real? —Sussurra.
—Acho que sim... —Digo baixo e tusso. —Eu escutei todos os seus choros e súplicas. Senti você todos os dias perto de mim. Acho que isso me fez voltar. —Tusso novamente. Me sinto meio sem fôlego
—Eu senti tanto sua falta... —Sorri feito uma criança boba enquanto chora. Seu toque é incrivelmente macio.
—Temos que levar você para uma consulta, não é normal um homem chorar assim! —Brinco e ele Gargalha mostrando o dedo do meio.
—Sua pirralha intrometida.
Finalmente encontrei meu lar, meu verdadeiro lar!
***
Eduardo sai correndo contar aos outros que eu acordei e não demora para meu quarto estar repleto de curiosos. Médicos, enfermeiros, recepcionistas, e obviamente minha família. Que por sinal está meio diferente, mais velhos poderia dizer. Isso me faz refletir sobre quanto tempo eu devo ter "dormido"
—Gostaria de pedir que todos se retirassem, tenho que fazer alguns exames na minha paciente,— As pessoas começam a sair. — Fique apenas uma pessoa da família para acompanhar os procedimentos por favor. — Débora e Edu saem me deixando sozinha com o médico e o meu pai que segura minha mão aparentemente sem acreditar que eu estou viva e bem. — Alexia, meu nome é Diego, fui o responsável pelo seu tratamento durante todo o tempo que esteve internada aqui, e é incrivelmente gratificante te ver bem e aparentemente sem nenhuma sequela.—Aceno com a cabeça e ele continua:—Porém, você passou por muitos traumas corporais e é de extrema importa que realizemos alguns testes em você, tudo bem?
—Sim doutor.
—Ótimo! então vamos lá, — Pega alguns equipamentos e passa na sola do meu pé, seguro a risada — O que foi?
—É que faz cocegas...
—Hmmm, muito bom!— Guarda os equipamentos e pega outro que parece um martelo. —Muito bom mesmo! vamos ver se você consegue ficar sentada, me ajude por favor René. —Juntos me colocam sentada e eu consigo ficar normalmente. —Diga se você sentir alguma coisa, OK? — Assinto. Ele bate o martelinho e bate no meu joelho. —Sentiu alguma coisa?
—Senti bem no meu osso!–Reclamo.
–Ótimo! –Guarda tudo e segura minha coluna—Vamos ver se você consegue ficar de pé, me ajude René—Meu pai me segura pelo outro lado e eles me põem de pé. Minhas pernas estão um pouco molengas mas nada além disso. —Vamos soltar você, preparada?—Balanço a cabeça e eles me soltam lentamente—Consegue andar? —Cambaleante dou alguns passos pequenos. Olho para o meu pai que está emocionado. —Nenhuma sequela física. —O médico anota no seu bloquinho. —Você lembra de tudo com clareza?
Um filme passa na minha cabeça. Tudo que aconteceu naquela noite volta a tona e é como se eu estivesse vendo aquela maldita cena novamente. Fecho os olhos com força tentando afastar essas lembranças.
—Consigo lembrar de tudo que aconteceu, cada mísero detalhe...
—Isso é incrível! Inacreditável! —Anota e olha para mim. —Você vai fazer alguns outros exames e então estará liberada para ir para casa.
—Obrigado doutor! —Meu pai fala enquanto eu lentamente volto para a minha cama onde me sento. —Fico tão feliz de te ver acordada meu amor! —Me abraça e eu afundo a cabeça em seu peito. —Eu sinto muito por tudo que aconteceu, princesa. —Aperto ainda mais o abraço. —Eu juro que nunca mais vou deixar aquele miserável chegar perto de você! —Me afasto um pouco e olho em seus olhos verde-água.
—Eu quero vingança papai. –Meu tom é gélido, mal consigo reconhecer.
—Meu amor aconteceu muita coisa...
Uma pessoa pigarreia atrás de nós, olho assustada para a mulher parada na porta. Mais assustada ainda quando minha mãe se aproxima chorando de braços abertos.
Me abraça e eu congelo.
—Minha menininha... —Soluça.
—Mamãe... —Minha garganta trava e eu a aperto forte em meus braços afundando o rosto no seu pescoço. Absorvo seu perfume de rosas amarelas. Mamãe sempre adorou esse perfume.
—Eu tive tanto medo Minha filha... —Me afasto e seco suas lágrimas.
—Me perdoa mãe, eu me arrependo de não ter escutado a senhora. –Soluço.
—Xiii! Esqueça isso meu amor, tudo está bem agora. –Olho para a porta e vejo Debi e Edu abraçados. Sorrio em meio às lágrimas.
Espero que agora tudo comece a dar certo.
***
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O Príncipe Do Tráfico
Novela Juvenil-O alemão é meu! E ninguém vai ser capaz de tira-lo de mim! +18 escrito por uma -18, contraditório não? Capa: @atelieCGS