Capítulo Vinte e Um

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Já passava das 9 da manhã, acordei com Rumy cutucando o meu nariz com uma pena. Ah amiga sem jeito essa minha. Perturbada toda. Pelo horário que chegamos ela achou melhor que eu fosse para sua casa.

Eu concordei. Assim eu descanso, e aproveito pra passar o fim de semana com minha amiga e colocar a conversa em dia.

— Acorda bela adormecida!

— Ah como você é chata! — cubro minha cabeça com a coberta. Rumy puxa. Eu me irrito.

— Fica brava não coração. Eu estava num lindo sonho com meu boy magia, quando o seu maldito celular me despertou, me trazendo a realidade ralé... Acha isso justo? — Eu olhava pra cara dela como quem não dava a mínima.

— Hein nobre Alice? — Eu reviro os olhos e suspiro forte.

— Aí garota chata tô nem aí.

— Não? Pois deveria estar. Porque pelo que vi, Mônica te ligou 8 vezes.

— Tudo isso? — Levanto rapidamente para pegar o celular.

— Nossa falou Mônica ela rapidinho desperta. — Rumy brinca.

— Cala a boca! —Digo jogando um travesseiro nela. Rumy chega perto o suficiente para tomar meu celular. Ela consegue porque eu estava desapercebida.

— Primeiro você vai escovar esses dentes de fera, e então vamos tomar café da manhã. Porque não sou sua babá pra ficar te esperando até a hora que a dandoca quiser. Anda porque tô com fome.

— Ah espera Ru...

— Não Alice. Não faça minha fera faminta devorar sua fera ferida não! Por favor. Anda!

— Mano do céu. Cala a boca traste do Brás! — Digo quase que rindo dessa palhaça. Mas me mantenho seria. Melhor não dá ibope, porque essa aí não é gente.

Eu lutei com ela pra pegar meu celular mas foi inútil, ela venceu e eu fui escovar os dentes para tomarmos café. Antes que eu virasse o café da perturbada.

Rumy tinha preparado a mesa do café como eu amo, tinha bolo de aipim, pão de queijo, tapioca com ovo, Santo pão francês quentinho e claro um delicioso café preto fresquinho que logo coloquei na xícara acrescentando leite, achocolatado e minha sagrada essência de baunilha, duas gotas precisas. Eu amo muito tudo isso.

A tarde foi de muita conversa e sessão de terapia com a amiga. Porque toda amiga é terapeuta mesmo sem diploma né?

Bom, a minha é.

Fizemos o almoço juntas, há tempos não fazíamos essas coisas, e a melhor parte que adoramos é tomar aquele cafezinho preto com baguette e bolo no fim da tarde.

Não abrimos mão disso. Já temos bons hobbies para a nossa tão sonhada velhice. Duas idosas cricri brigando pra saber quem deixa a dentadura cair mais vezes no dia. Olha até suspiro pra que chegue logo esses lindos dias.

No fim da tarde a campainha toca.

— Não sabia que estava esperando visitas. — Digo.

— Eu não estava mesmo! — Ela diz indo abrir a porta.

— Oushe, e você vai abrir sem ver quem é? — Já penso logo que pode ser algum assaltante. Rumy não está preocupada e abre imediatamente. Bicha louca, mas ela estava tranquila e parecia saber quem era. Pra minha surpresa uma mulher se projeta na porta. Eu estava na cozinha quando ouvi sua voz. Me espantei.

— Mônica? Como assim você por aqui? Como soube onde eu estava? — Pergunto curiosa. Enquanto corro para abracá–la.

— Eu tive uma ajudinha. — Mônica olha pra Rumy e da uma piscadinha.

— Que fofa amiga me apunhalando pelas costas. — Sorrio.

— Apunhalando nada! Quem me dera você me trazer um boy magia pra me ver.

— Ela tem razão... — Diz Mônica apontando graciosamente para Rumy.

— Eu não sou um boy magia, Mas... posso ser sua girl magia. — Mônica agora aponta para seu corpo. Seu corpo todo. Eu a olho de cima a baixo.

— Graças a Deus que não é um boy! — Digo respirando aliviada. Todas nós rimos.

Rumy contou que enquanto eu estava no banho mandou mensagens para Mônica mandando a localização de onde eu estava. Ela fez isso sem eu ver. Como eu havia decidido que não ia atender mais o celular nem se fosse a Beyoncé, Rumy achou que eu precisava de Mônica para me animar.

Mônica insistiu ligando ainda algumas vezes, eu não ia mesmo atender. Rumy não achou correto por isso mandou as mensagens sem minha permissão. Tudo bem. Foi até bom ver Mônica.

Mônica queria ir embora logo, mas queria me levar junto. Mas talvez precisasse ir trabalhar. Não era certeza, porém, a qualquer momento poderia receber uma ligação emergencial onde ela teria que entrar em seu carro e desaparecer.

Convencemos Mônica ficar pro almoço que já estava quase pronto. Minha cara ainda estava um pouco inchada por eu ter chorado. Monica ficou me perguntando o que houve, e porquê eu havia ido embora ao invés de dormir na casa de Helena. Disse que de manhã passaria para me pegar. Ela estava me enchendo de perguntas. Eu desconversava várias vezes.

Rumy sempre ajudava a mudar o foco mas Mônica não é boba. Fez perguntas sobre lá em casa, perguntou se havia brigado com alguém. Ela estava preocupada querendo saber o motivo por eu estar bem triste. Mesmo assim eu não disse nada. Minha cabeça estava um turbilhão de confusão. Não consigo decidir nada agora. Preferi me silenciar.

Mais tarde Mônica foi embora. Ela ficou um pouco chateada por eu não querer ir com ela. Disse que tinha algo para nós. Era a tal surpresa da qual havia falado. Parece que era mais uma temporada de uma série favorita que ela conseguiu em primeira mão. Mesmo assim eu não quis ir. Ela compreendeu e se foi e eu voltei lá pra dentro.

— Porque não foi boba? — Rumy pergunta meio que me encorajando para ir.

— Porque ela vai arrumar uma outra reunião que dura mais de 24 horas e vai me deixar largada. — Disse um tanto chateada.

— Hoje? Sábado? — Pergunta Rumy.

— Sim. Hoje sábado, domingo, segunda, terça, quarta, Quinta, sexta... sem tempo ruim para as reuniões de negócios de Mônica.

— Nossa Pensei que essa gente não trabalhasse aos finais de semana. —Diz Rumy surpresa.

— Ah, o ramo delas é vendas. Não tem mesmo dia para fecharem algum contrato milionário. Entende?

— Não entendo não. Mas gostaria muito de viver nesse mundo de contrato milionário. — Rumy sorri.

— Ah claro que queria. — Eu sorrio junto.

— Mesmo assim, poderia ter ido. Uma mulher dessas até eu iria minha filha. Iria linda. — Ela fala lambendo os labios.

— Rumy sua safada, tira os olhos da minha namorada. — Jogo o pano de prato nela. — E como eu disse, Mônica poderia a qualquer momento me abandonar. Quando isso acontece eu já sei onde vou parar. — Digo com uma cara emburrada.

— Nos braços de Helena? — Rumy responde meio que afirmando. Eu a olho sem respostas. No fundo ela têm razão. E isso já passou dos limites.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora