Capítulo Sessenta e Cinco

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Eu fiquei puta de raiva porque Helena estava namorando e não me disse nada. Como assim ela aparece com um namorado do nada sem mais nem menos? Eu ainda ia tirar essa historia a limpo.

Eu sei onde poderia encontrá-la hoje, e eu não perderia a chance. E Helena estava me evitando esse tempo todo, era isso, ela estava namorando e obvio seu namorado não poderia saber sobre nós.

Eu cheguei ao consultório de Carla no horário perfeito para pegar Helena após sua sessão com a psicologa.

— Oi Alice. — Helena me cumprimenta ao sair pela porta ao se deparar comigo sentada na sala de espera do lado de fora.

— Oi Helena. Quero falar com você.

— Alice, agora não dá...

— Da sim! E você vai me ouvir! — Ordenei. Aliás Helena sempre fez isso comigo todas as vezes em que eu não quis ouvi-la, ela me forçava.

Então eu também faria a mesma coisa. Tinha que funcionar. Carla nos deixou em sua sala a sós.

— Alice diga o que quer. Eu não tenho todo o tempo do mundo, preciso buscar os meus filhos na escola e depois voltar ao trabalho. — Helena não me encarava como de costume.

— Porque está me evitando tanto Helena? — Pergunto aflita.

— Alice... É complicado. Entenda.

— Você está namorando e não ia me dizer nada? Me deixou igual uma idiota correndo atrás de você... — Meus olhos já se enchem de lágrimas e eu estou prestes a chorar.

— Eu não tenho nada para lhe falar Alice. Daniel é um caso antigo, você não entenderia.

— Eu não entendo que o mais importante de tudo para você é apenas sexo? Tudo não passa de uma brincadeira.

— Alice... Você não entende nada! Não diga besteira... — Helena altera a voz usando autoridade.

— Eu só jogo com a verdade Helena Simões! — Ela me encara.

— Alice, tudo o que houve mexe demais comigo ainda. Eu não aguento a pressão da perca de Mônica... — Helena faz uma pausa e abaixa a cabeça. — Desde então eu venho tendo que lutar contra os monstros para poder seguir em frente, dia após dia. Isso é um fardo muito difícil Alice... Entenda.

Eu também abaixo a  cabeça e as lágrimas escorrem.

— Já fazem 4 meses desde que Mônica se foi... Sinto falta dos cuecas. Porque não me deixa vê-los?

— Alice, nós duas juntas lembramos Mônica... você sabe. Estou tentando mantê -los longe de qualquer sofrimento. — Ela diz.

— Está tentando apagar as lembranças de Mônica? E se eles me verem ou falarem comigo isso fará com que lembrem da madrinha?

— Alice... Eles já sofreram demais sentindo a ausência dela. — Helena deixa escapar um olhar pesado.

— E a solução é apagar qualquer vestígio de lembrança do passado? É assim que vai resolver esse problema?

— Alice tente entender...

— E nós? — Aumento a voz. — Hein? Me diz Helena e nós? — Helena permanece em silêncio por um tempo.

— Não existe nós. Acabou.

— Acabou? Como assim Helena? Percebe o que está dizendo? Isso é loucura... — Me seguro para não permitir que as lágrimas venham a tona.

— Alice olha ao redor, não sobrou nada de nós em pé. Tudo foi enterrado naquele maldito dia... — Ela fecha os olhos pendendo levemente sua cabeça para o lado,  revelando na sua voz uma mistura de sentimentos, tristeza, raiva, saudades, melancolia, rancor, arrependimento... — Por favor Alice, colabore, vamos evitar maiores sofrimentos.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora