Capítulo Cinqüenta e Sete

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Eu estava cochilando no sofá, após ter ligado a tevê em alguma programação aleatória. Despertei com meu celular tocando. É Helena. Graças a deus, faz 1 hora que saíram daqui e não haviam dado notícias. Espero ouvir uma notícia boa.

— Oi Lena, e aí como está Mônica?

— Porque não pergunta pra mim Alice? — Eu parei de ouvir Helena me dando algumas recomendações na ligação, ela falava rápido para mim fechar as portas, as janelas e não abrir para ninguém que tocasse a campainha, mas de repente sua voz ficou longe demais para eu entender o resto. Ouvi ainda Helena citar o nome Mônica. 

Eu senti um arrepio fora do comum me consumir por inteiro ao ouvir a voz de Mônica atrás de mim. Antes da frase, ela tinha deixado escapar uma risada que arrepiou os cabelos da minha nuca e cada pelinho espalhado pelo meu corpo. Eu me viro de vagar, meu corpo treme como uma vara de bambu, minha boca está seca, e meu ar está fugindo de meus pulmões.

— Mô–mônica? Oi... como você está? A–as meninas estão com vo-vo-cê? — Ela me olha com uma expressão fria em sua face. Eu tento me movimentar e ela me segue apenas com o olhar. Eu ouço ainda Helena me chamar do outro lado da linha, eu ainda mantinha o celular na orelha, então acredito que Helena tenha ouvido eu falar com Mônica.

— Como se você se preocupasse comigo né Alice? — Meu coração bate forte a cada passo de Mônica em minha direção. — Eu dou passos para trás, mas ela foi mais rápida, chegando perto de mim, e tomando o celular da minha mão.

— As pessoas que você ama, não lhes pertencem irmã. Sabe o que sempre me deixou zangada de verdade? Esse seu egoísmo de querer manipular tudo e todos ao seu redor. Manipula até o amor das pessoas. Vivi vendo isso a minha vida toda e sabe? Eu não concordo! — Mônica diz ao celular.

Eu ouço Helena pedindo para Mônica parar e ficar onde está. Que elas precisam conversar. Helena parece tentar manter a calma, e isso é o que mais começa a me assustar, além de presenciar uma Mônica meia zumbi, suja de sangue, e extremamente transtornada a minha frente seus olhos estão com as pupilas dilatadas e encontram-se vermelhos, ela funga seu nariz a todo instante.

— Não se preocupe Helena, sou sua irmã de alma, eles estão seguros comigo. — Mônica desliga o celular o guardando em seguida em seu bolso. Ela tira um frasco e coloca um pó branco nas costas da sua mão. Ela passa o nariz inalando a substância, limpa o excesso em suas narinas e guarda o que sobrou no bolso novamente.

— Se vira. – Ela ordena fungando o nariz fazendo uma careta, Como se algo incomodasse.

— Mônica não faça isso... — Sinto uma forte dor ao Mônica segurar forte meu cabelo e prender minhas mãos atrás das costas, ela me joga em cima do sofa prensando meu corpo embaixo do seu.

— Shh você fala demais Alice. — Ela imobiliza minhas mãos usando uma fita crepe cinza. — Seu nome deveria ser "Cha-ti-CE" — Ela gargalha achando sua piadinha engraçada, tão sem noção quanto ela. Ela está perturbada.

— Mônica isso está indo longe demais...

— Caralho que teimosa. Garota insuportável. — Ela diz me amordaçando com um pedaço da fita.  Faço careta ao sentir o gosto amargo do plástico.

Quando ela me soltou eu tentei usar as pernas para levantar e quem sabe correr, mas eu tropecei no tapete e nem precisou Mônica correr atrás de mim para me conter, eu bati a testa no centro e senti um dor atravessar minha cabeça e minha vista embaçar pelas lágrimas.

— Tão patética... — Ouço Mônica dizer.  Eu queria muito pedir ajuda, mas ouvi uma risada fria e passos se distanciar de mim. Ela foi para os quartos.

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