Capítulo Onze

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Mais uma semana passou lentamente, bem se arrastando mesmo. Quando estou com Mônica a semana voa, mas quando não estamos juntas isso vira um mártir de saudades.

Com isso, eu foquei mais nos meus afazeres para desfocar de Mônica que estava difícil sobre comunicação. No geral mesmo. Sem mensagens via whatsaap, ou qualquer outra rede social, sem as  ligações demoradas.

Normalmente nossas ligações duram horas, porque com a gente o assunto nunca acaba e a saudade vence a validade mas não estraga. Isso é uma tortura pra mim, e para ela também que fica o tempo todo querendo falar comigo mas as ocupações não deixam.

Quando finalmente conseguimos nos falar por ligação foi para acertar os últimos detalhes de uma pequena viagem. Íamos para o sítio no interior de São Paulo no próximo final de semana. Poxa! Isso me custou quase 1 mês praticamente.

23 dias sem ver a Mônica, e ainda bem ruim de comunicação, ninguém aguenta isso gente! Tortura, loucura! É bem ruim.

Mas também iremos matar essa maldita saudades de uma vez por todas. Sexta-feira viajaremos juntinhas, numa viagem de 4 dias. Será que da para curtir? Haha!

Eu que não queria ir nessa viagem, agora? estou ansiosissima para que chegue logo o dia, só pra poder abraçar a Mô. Estar do ladinho dela. Eu amo estar com ela, seja onde for, como for, que seja com ela, me basta!

    
 

   ▣━━◤Parte 2◢━━▣


Eu estava radiante e cantarolando canções de amor para sexta-feira sua linda. O dia de ver meu amor havia chegado. Lá em casa minha mãe e padrasto estavam já sabendo que eu faria uma breve viagem com minha namorada.

Até aí estava tudo ok. Minha mãe e meu padrasto são evangélicos, não curtem a minha ideologia de vida, mas não são extremamente radicais a ponto de me desprezarem. Obvio ignoram algumas coisas, tentam engolir suas razões religiosas e seguem a vida assim.

Eu sou ativista e gosto de lutar pelos meus direitos, não aceito intolerâncias descabidas, aliás, o preconceito é antigo e sempre vem mascarado pela frase: “eu respeito mas não aceito” pessoas da nossa própria família são os primeiros a nos julgar.

Mas no geral eu também os respeito para tentar conviver em harmonia. Sou verdadeira no meu modo de ser e pensar, sempre limitando os espaços, respeitando cada um, cada caso.

Mas como disse, não abro mão dos meus direitos. “Doa a quem doer?”

Não! Não partilho dessa expressão. Não dói respeitar o próximo, não dói permitir/aceitar que meu próximo viva bem a seu modo, sem machucar ninguém, sem cometer crimes violentos contra a sociedade, não dói eu me doar para que o mundo seja bom para todas as raças, estilos de vida, religiões e até politicamente falando. Gente, amar não Dói!

Amem-se por favor! A seus modos, mas que seja amor! Amor é a Lei. Amor sob vontade. Como pregava Raul Seixas – Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa!

NÃO HÁ NADA DE ERRADO COM O AMOR! SE É AMOR, ESTÁ TUDO DENTRO DA LEI" – Aleister Crowley

A viagem seria depois da meia noite. Todos preferem este horário porque a estrada fica mais livre acesso. É bem mais tranquilo para eles, garantiram né? Sei lá, Se eles preferem dirigir de madrugada quem sou eu para me opor.

Mônica iria me buscar em casa dessa vez e de lá seguiriamos viagem. Mas novamente a ocupação não permitiu, eu decidi ir encontrá-la no lugar de sempre pra facilitar, afinal a estrada era para o lado oposto da minha casa, não fazia sentido algum Monica ir até lá pra depois voltar todo o caminho.

Como também não gosto de incomodá-la optei por pegar um Buming (mobilidade de aplicativo) e ir ao seu encontro. Ela até que não questionou tanto dessa vez, pois estava mesmo me dizendo que não conseguiria ir me pegar no horário em trato.

No horário combinado, as 23:40 da noite eu já estava esperando Mônica no ponto. Cheguei bem rapidinho porque nem havia trânsito.
Já havia se passado 20 minutos e nada de Mônica chegar, eu já estava inquieta, ligava para ela e nada de me atender.

Deixei mensagem no whatsaap mas ela não visualizou nenhuma. Que droga! Estava ficando apreensiva porque já passava da meia noite.

Minha calma já não existia mais, e peguei o celular para chamar um táxi, precisava ir embora, o desespero de estar longe de casa altas horas, sabendo que logo os ônibus se recolheriam para suas garagens e o movimento de pessoas se resumiriam a quase nenhuma, só de pensar nisso, meu coração acelerava.

Eu estava de costas quando um homem bem esquisito se aproximou. Ele olhava para minha mochila enquanto me fazia perguntas bem pessoais, como por exemplo: o que eu estava fazendo ali sozinha? Quem eu estava esperando? Se eu não queria que ele me acompanhasse há algum lugar!? Ele aparentava estar alcoolizado e ser morador de rua.

Eu já estava mais brava do que com medo e óbvio que não respondi nenhuma pergunta que vinha dele. Por fim ele disse que iria para algum outro lugar mas que antes queria dinheiro, ele não pediu, ele praticamente exigiu que eu desse dinheiro a ele.

Até parece que eu ia abrir minha bolsa pra pegar dinheiro e dar pra esse cara. Não iria mesmo! Eu disse que não tinha e me afastei, ele parecia não acreditar em mim, começou me seguir, poucos passos mas veio atrás.

Meu coração quase parou quando ele segurou no meu braço, me assustou, porém, ou eu me defendia ou ele ia folgar mais. Ou pior, poderia me machucar pra valer ali mesmo. Eu forcei meu braço para escapar de seu agarre o que deu certo.    

O homem fechou a cara e parecia agora bem irritado, eu olhei para os lados tentando achar algum guarda na estação de metrô que estava há uns 40 metros para pedir ajuda, mas não avistei nenhum. Encarei o homem com força também, se ele fosse fazer algo minha cara feia não serviria de nada mas, era a minha reação eu estava mesmo brava e assustada.

Dei as costas, coisa que eu não deveria fazer, pois isso é baixar a guarda.  Logo a frente tinha um quiosque de lanches que ainda estava aberto e lá estava alguns homens e mulheres, do lado tinha uma parada de ônibus, qualquer coisa peço ajuda ali mesmo. Pego qualquer ônibus pra tentar escapar, sei lá, eu já não estava mais raciocinando muito bem.

Me distanciei urgente do homem louco e segui para a lanchonete, mas outra vez senti uma mão forte me segurar pelo braço. Virei rápido para tentar fazê-lo me soltar, estava disposta a brigar pela minha vida se fosse necessário. Joguei toda minha força pra me livrar de suas mãos de novo, já ia gritar pra alarmar a todos que pudessem me ouvir, meu corpo é puxado e sou surpreendida com um rosto famíliar.

Normalmente não me agrada me deparar com este rosto, mas ver Helena agora, foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos 20 minutos da minha vida.

#Uffa

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora