Capítulo Quarenta e Seis

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Passei o dia inteiro remoendo o que houve nas últimas 12 horas da minha vida. Pensando de como eu atraio confusão tão facilmente. De como as pessoas se atraírem por mim, não tem sido boa coisa, ultimamente.

A dor de cabeça ainda estava me incomodando, mesmo depois do café forte e do chá de boldo misturado a outras ervas. Acho que a dor de cabeça era de arrependimento por ter exagerado na bebida.

Eu queria muito falar com Helena e explicar tudo. Mas não falaria sobre a noite na casa de Natasha, aí seria se entregar a forca, a não ser que ela perguntasse especificamente, eu seria honesta. Mas também, eu não consigo lembrar de nada o que aconteceu lá.

Não é minha consciência querendo me fazer de santinha não, mas no fundo, eu sinto que pode ser até que dormimos na mesma cama, mas não rolou sexo algum. Estranho seria se Natasha mentiu para mim sobre isso. Porque faria isso? Não faz sentindo.

Liguei para Helena algumas vezes mas recebi a ignorância como resposta. Eu me arrumei e parti para sua casa porque Helena iria trabalhar e eu cuidaria dos meus cuecas, esse era o combinado.

Ao chegar, apertei a campainha e logo senti meu coração acelerar quando aquele pedaço de mal caminho se projetou na garagem, vindo em minha direção.

— O que faz aqui?

—  Como assim, o que faço aqui? O combinado foi eu ficar hoje com os meninos, esqueceu?

— Não preciso que fique, já tenho outra pessoa que está a caminho. Então pode ir embora. — Helena dizia usando um tom de voz autoritário e arrogante.

— Não. Eu ficarei aqui e cumprirei com minha palavra que foi de cuidar de Pepe e Dudu, hoje. Abra o portão que vou entrar. — Eu a encarava também, com autoridade. Ah, quem ela pensa que é para me descartar assim na hora que quisesse? Isso eu não permitiria, por pura bobagem.

— Tia Lilice.

— Oi tia Lilice. — Os meninos já vieram até o portão gritando, ao me verem.

— Oi, meus cuequinhas lindos. Estava com saudades. — Disse sorridente ao vê-los tão eufóricos como na maioria das vezes.

Eles tentaram abrir o portão. Ou Helena abria logo o portão ou  seus gêmeos com super poderes iriam colocá-lo abaixo. Depois de um tempo, Helena resolveu abrir mas me encarava ainda com raiva.

Isso tudo era por causa daquele beijo? Que mulher ciumenta.

— Você pode entrar para falar com esses dois enxeridos mas depois suma da minha frente. — Gente que mulher mais temperamental.

— Que deselegante, Helena... — Eu disse me aproximando mais do que devia dela. Helena me olhava nos olhos, apesar de ver a fúria emanar de seus lindos olhos castanhos eu não deixei que isso me fizesse recuar. Aproveitei que nossas bocas estavam tão próximas e logo lhe dei um beijo, ela se afastou tentando desviar.

— Alice, não brinque com fogo. — Ela me ameaça.

— Eu adoro brincar com fogo.

— Quero ver pensar assim, quando eu lhe queimar para valer. — Isso soou tão desafiador que eu apenas desviei meu olhar e me afastei. Ela está diferente da Helena da qual eu estou acostumada, e algo me deixa em alerta.

Eu entrei e já me senti a vontade com os pequenos, Helena foi cuidar de seus últimos afazeres antes de sair. Eu escutei um celular tocando e percebi o aparelho em cima da mesa perto da bolsa de Helena, cheguei perto e ao ler o nome do contato, tomei a liberdade de atender a ligação.

— Alô, senhora Helena, desculpe ainda não ter chegado a sua residência mas irei atrasar ainda mais devido a um problema de família que surgiu. Peço desculpas, acredito que em 1 hora, eu chegue aí... — A voz soa com preocupação.

— Não tem problema querida, a babá oficial dos meus filhos acabou de chegar,  já que teve um contratempo, eu libero você. Não se preocupe, resolva o que precisa resolver. — Ouço um silêncio do outro lado da linha, como se a nova babá pensasse algo por um tempo. Talvez, esteja tentando assimilar a voz de Helena de antes com a voz de agora. Acho que percebeu a diferença, pois, minha voz não tem nada a ver com a voz de Helena.

— Muito obrigada, senhora Helena. Espero não tê-la prejudicado...

—  Não mesmo, fique tranquila. Eu quem agradeço.  — Desligo a ligação. “Espero nunca vê-la" digo ainda em voz alta mesmo que não tivesse mais ninguém na linha para ouvir. 

Helena apareceu bem na hora com uma cara de quem estava perplexa pelo o que havia acontecido, mas não disse nada, ela ainda movimentava seus lábios como quem fosse falar,  foi até os meninos para se despedir depositando um beijo no topo da cabeça de cada um.

— Comportem-se, meninos. Quero ouvir coisas boas sobre os dois quando chegar

— Sim, mamãe... — Um deles respondeu se demostrando obediente, enquanto o outro já pedia para a mamãe trazer presentes, quando voltasse.

Helena sorriu e disse que pensaria no caso. Em seguida, me olhou fixamente, meneou a cabeça em negativo enquanto colocava um brinco em sua própria orelha, veio até mim, a passos largos e rápidos fazendo seu salto ressoar sobre o piso.

— E você, dona Alice... — Ela chega tão perto que sinto sua respiração chocando-se com o meu rosto. — Temos muito o que conversar, mocinha.

— Eu já disse tudo o que precisava saber Helena. Deixa esse orgulho de lado. — Digo.

— Eu disse... Que temos muito o que conversar. — Diz curta e grossa. Helena se dirigiu ao seu carro e sumiu estrada a fora.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora