Trinta e Três

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   A semana estava intensa de prova. E eu, afundada nos estudos para tirar nota satisfatória em todas. Nesse meio tempo, foi bom porque eu não ficava só pensando em Mônica. Embora, eu ainda estivesse muito triste com tudo. Andei até mesmo falando pouco com Carla. Ela me ligou ontem me convidando para um passeio.

Eu não queria ir, mas já havia estudado tudo o que tinha para estudar, a prova já seria hoje. O passeio é a noite. Ela sabia que eu não teria o porquê recusar. Insistiu tanto e eu aceitei.

Então nos veremos mais tarde. Mas com uma condição. Que eu não me encontrasse com Mônica de jeito nenhum. Carla me garantiu que Mônica não estaria lá, não tinha nada a ver com ela. E que jamais faria um convite sabendo que Mônica estaria no local.

Vestido preto de alça de saia gode, e tênis. Minha escolha para está noite.  Carla disse que o ambiente era bem descontraído, nada de saltos ou roupas apertadas demais. Era para ser despojado mesmo. Maquiagem leve de sempre. E, estou pronta.

O ponto de encontro não é mais o mesmo de quando eu encontrava Mônica. Aliás, não quero mais se quer passar por lá, ainda me traz muitas lembranças dela e meu coração aperta. Quero esquecer tudo o que lembre. Exceto por sua amiga, Carla acabou se tornando uma amiga para mim, também, e afinal, ela é uma pessoa, não dá para se livrar assim de uma hora para outra.

E além do mais, ela me adora e eu também gosto demais dela. Pegamos amizade o que posso fazer!? Ela me lembra Mônica, sim mas, também parece que está me ajudando mais a suprerá-la do que lembrá-la.

Cheguei a casa de Carla bem rápido porque não tinha tanto trânsito. De lá, seguimos para o nosso passeio. Ao longe, eu conseguia enxergar uma roda gigante brilhante. Suas cabines subiam e desciam, por um minuto aquilo me fez refletir sobre a minha vida. De como num instante estamos atingindo o ponto mais alto e no outro estamos atingindo o mais baixo.

Mas nesse ciclo, faz diferença a posição das cadeiras? O que importa não é a roda girar independe da posição de cada cabine? Elas seguem uma atrás das outras, e aparentemente, não é uma corrida de quem ultrapassa quem para chegar ao topo primeiro? Quem está em primeiro lugar? E quem está por último? Também, não da para saber.

Cada um tem seu lugar ao sol, ou a chuva. O que vem para um, vem para todos. E quem alcançou o topo, logo alcançará o nível mais baixo, mas não por muito tempo, porque a roda gira e quem desce, uma hora sobe. 

Fui despertada do meu transe quando Carla estacionou avisando que havíamos chegado. Eu nem havia me dado conta de que a roda gigante estava ali tão perto de mim. Estamos num parque de diversões. Carla me pegou de surpresa.

Entramos e logo encontramos Julia e Rogério. Nos cumprimentamos e tudo parecia bem legal. Exceto por alguns pensamentos que me traiam pensando em Mônica. Que, se estivéssemos bem, ela estaria aqui neste momento de mãos dadas comigo curtindo esse clima bom. Eu esmureci um pouco.

Carla percebeu e logo falou disso comigo. Ela sabe que mexe muito comigo estar com os amigos da Mô. Ela tentou me levantar com palavras de ânimo. Pouco tempo depois, funcionou. Eu me sentia melhor.

— Vem comigo no barco viking? — Carla me puxa pelas mãos.

— Carla, e-eu não sei! — Eu tenho problemas com altura. Então, travei na hora diante o convite de Carla.

— Se solta! Você precisa disso. Tem tanto o que superar... Quem sabe passar por este medo, não te liberta de seus medos passados. — Ela  insiste.

— Como dar de cara com meu medo vai ajudar?

— Alice, emoções radicais é bom para tratar traumas. — Eu a olho ainda sem entender. — Confie em mim. Você confia? — Carla segura firme minha mão olhando fixo dentro de meus olhos. Ela está tentando me encorajar, suponho eu. De qualquer forma, a terapeuta credenciada aqui é ela, não é mesmo? O que eu sei sobre tratamentos psíquicos? Nada. Então, seguirei a recomendação da doutora Carla Ferraz.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora