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Capítulo Cinqüenta e Seis

Eu acordei atordoada por uma certa agitação. Helena falava algo para um homem e mais umas três mulheres ao seu redor. Dava pra perceber que era um médico e enfermeiras pelos uniformes. Eu observava Helena agitada.

Ela já estava sem o soro, reparei que eu tambem já não tinha mais aquela mangueira enfiada em meu braço. Dormi tanto que nem vi quando tiraram.

— Oi meu amor, está se sentindo bem?

— Sim estou bem melhor Lena. O que houve porque está tão agitada? — Pergunto ao olhar direito e ver seu rosto e suas sardas avermelhadas. Isso é um sinal de quando está brava.

— Bom... as notícias não são das melhores... Mônica fugiu e ninguém sabe seu paradeiro.

— Como assim? Ela não estava em observação?

— Sim, estava. Mas você sabe... A observação de um hospital é só nome, ninguém de fato fica vigiando um paciente vinte e quatro horas por dia. No momento em que ela estava só, aproveitou para sair sem que ninguém visse.

— Puxaram nas câmeras? Deve ter algo... — Sugiro.

— Já sim. Deu pra ver claramente quando ela passou pela porta da emergência como se fosse uma paciente comum.

— E agora?

— Agora não temos o que fazer... apenas continuar a busca. Rogério, Julia, Carla, Dona Rosa já estão a procura dela. Mas ninguém a encontra.

— Mônica tem muitas formas de se manter escondida Helena. Suponho que não será fácil.

— Pois é. Ela tem poder o suficiente para isso. Mas eu ficaria de fato aliviada se ela realmente decidisse ficar apenas escondida e longe de confusão.... — Ela diz respirando forte.

— Como assim? Porque ia querer isso? - Estou confusa. Penso que se Mônica aparecer seria um alívio. Pois não está bem da cabeça precisa de cuidados.

— Alice... — Helena segura em meus ombros me olhando dentro dos olhos. — Preciso revelar umas coisas a você antes que Mônica volte...

— Mostrar o que Helena? — Estou ficando preocupada com seu modo de falar.

— Hoje ainda farei isso. Você precisa saber tudo. Não irei mais adiar.

— Tudo? Tudo o que?

— Fique calma, logo saberá. Agora precisamos ir, venha.

Helena segura em minhas mãos me guiando pelos corredores do hospital até chegarmos no estacionamento. Entramos em seu carro e seguimos viagem. Eu liguei para minha mãe pra avisar que estava bem, ela fez algumas perguntas como sempre faz mas ficou de boa, como sempre fica também. Ela sabe que quando estou com as "amigas" não volto tão cedo para casa, ela já até acostumou, além do mais ela confia muito em mim quando digo que estou bem, não fica tão preocupada sabe que sei me cuidar.

❤🏡❤

Chegamos enfim a casa de Helena, fiquei muito feliz quando Carla apareceu na porta, ela estava de babá dos meninos enquanto Helena resolvia as coisas, como me salvar de Mônica.

Eu estava com uma saudades dos gêmeos, que me abraçaram com toda aquela alegria de sempre. Se não fosse por Helena botando todo mundo na cama pra descansar o soninho da tarde eu não teria pique para aguentar tanta energia.

Tomamos banho, almoçamos, e estava tudo calmo, conversávamos entre nós três falando sobre as ações de Mônica. Eu entendo algumas coisas que Carla e Helena dizem mas ainda está muito confuso porque são histórias de muitos anos atrás, coisas que parecem estar se repetindo.

Foge da minha compreensão, eu não fazia ideia do quanto Mônica é um perigo para si própria e para as pessoas que se aproximam dela. Estou perplexa por saber sobre sua vida.

Mônica além de sofrer de uma bipolaridade rara, que chega beirar a esquizofrênia, ainda por cima sempre gostou de usar entorpecentes das pesadas. Eu me tremia sobre essas revelações.

Como nunca reparei nisso? Bom eu estava com Mônica havia apenas três meses, e ela estava no seu momento mais pleno pelo o que diziam. Mas como as coisas entre Helena e Mônica saíram dos trilhos, Mônica se transformou num trem de carga desgovernado. E olha, eu posso dizer que "grande trem de cargas" muita bagagem pra uma pessoa tão jovem.

A conversa era tensa, eu me segurava para não chorar com toda a informação. E estava ciente de que ainda teria mais. Helena me mostraria o que havia dito lá no hospital mas isso ficaria para depois, por que uma ligação fez Carla e Helena correrem para ir encontrar "supostamente" Mônica. Ela ligou, eu ainda consegui ouvir sua voz desesperada através do celular.

Tinha dificuldades de dizer onde estava, mas por fim, Mônica revelou que estava no hospital longe do que fugiu hoje. Ela estava muito assustada pelo seu modo de falar. Estava chorando e pedindo para Carla e Helena irem ficar com ela porque estava com medo.

Eu já estava chorando, e pedi para as duas amigas cuidarem dela, embora Mônica estava maluca, mas era justo por isso mesmo que tínhamos que perdoa-la e cuidar dela. Afinal, ela está doente.

Óbvio que me prometeram cuidar de Mônica. Por isso, me deixaram na casa de Helena cuidando dos meninos que já dormiam o soninho da paz, e foram correndo socorrer sua amiga enquanto eu fiquei rezando por todos inclusive pra Mônica receber muita luz em sua vida conturbada.