Capítulo Sessenta e Nove

218 55 173
                                    

Chegamos a casa de Julia e Rogério as 18:00 horário de Brasília, como combinado. Assim que o carro de Carla estacionou na frente do portão, me veio mais uma lembrança de três anos atrás. A festa a fantasia que eles deram aqui quando eu ainda namorava Mônica.

Aquele dia foi maravilhoso, e também foi tenso, porque pelo que me lembro bem, Helena me surpreendeu mais uma vez dentro do banheiro como quando fazia sempre.

Eu preciso espantar essas lembranças, mas não tenho auto-controle sobre essa parte da minha vida.

As memórias vem a tona mesmo quando eu não quero, eu não preciso buscar no mais profundo da minha mente para poder me lembrar de algo, elas logo surgem, é inevitável.

A casa já havia gente, dava para perceber pela movimentação de pessoas.

— Olá meus amores... — Somos recebidas por Júlia que abriu um largo sorriso ao nos ver.

— Olá Ju, que saudades de você. — Eu digo a abraçando forte para matar a saudade.

— Sentiu saudades só de Júlia é? E eu? — Ouço a voz de Rogério e logo procuro de onde vem.

— De você também senhor ciumento. — Sorrio ao brincar com o esposo de Julia que nos abraçou calorosamente para nos dar as boas vindas.

— E esse sotaque português ai? Isso pega? — Foi uma grande surpresa Caio adentrar no recinto zombando do nosso jeito de falar. Carla ainda mantinha seu sotaque abrasileirado, já eu, parece que perdi a língua brasileira um pouco mais.

— Como vai mulher? — Ele também abraçou Carla e parecia nunca mais larga-la. Ele estava agora acompanhando de uma mulher a qual nos apresentou como namorada. E isso fez com que um silêncio se instalasse entre nós por uns míseros instantes.

Foi engraçado até Carla quebrar o momento silêncio dando os parabéns a Paulinha por domar a fera interior de Caio. Que ela era uma guerreira pra conseguir fazer Caio assumir um relacionamento sério. A cozinha virou um cenário de risos e conversas descontraídas.

—Venham aqui meus pequenos terroristas... — Rogério grita em direção ao jardim de sua casa, haviam algumas crianças brincando de correr uma atrás das outras. Duas delas sairam da roda e vieram em nossa direção. — Venham aqui conhecer mais uma tia de vocês. — Eu fiquei boba quando Rogério me apresentou duas crianças que eram a cara dele misturadas com Julia. São lindas.

— Como se fala crianças? — Rogério espera algo dos filhos.

— Olá tia Alice... seja bem vinda tia Alice. Nós te amamos!

Os dois pequenos diziam em uníssono e vieram para me abraçar. Não por tão espontânea vontade, como mostrou João, o filho mais velho do casal, que eu já conhecia, ele nasceu antes de eu ter me mudado para Portugal.

Já Raianne a menininha linda com cara de mini-Julia nasceu depois que eu fui embora, a garotinha tinha um brilho no olhar e a recepção parecia natural para ela. O menino era um pouco maior, estava com pressa para correr e brincar, era isso o que ele queria. Nada de fazer sala para a visita isso não era com ele.

Eu estava encantada com os irmãos que são lindos, e agora estava ouvindo Julia e Rogério me reprimir por ficar tanto tempo sem voltar ao Brasil, tive que aguentá-los me dizendo que logo depois que fui embora, Julia engravidou da filha caçula.

Eu ria com tudo, e mostrava na minha galeria que guardei todas as fotos desde o nascimento dos meninos que Julia e Rogério me mandavam por via whatsaap para apresentar a nova integrante da família.

E que, se não vim para o nascimento da pequena foi porque não pude mesmo. Eles sabiam, e entendiam, mas não deixariam de puxar a minha orelha quando viesse ao Brasil. E isso eles sempre me prometiam que fariam quando me vissem.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora