- Sou eu. - aviso depois de ter batido na lataria do veículo, como tantas vezes já havia feito. Pensar que depois que isso tudo acabasse eu não veria mais Calebe, era a única parte ruim nisso tudo.
Percebo no quanto meus sentimentos por ele haviam mudando. A forma de como eu odiava a sua presença antes e agora queria ele por perto, me fazia querer sorrir, havíamos progredido.
- Oi Ana. - cumprimenta parecendo cansado. Entro no carro enquanto ele fecha a porta, apesar do seu estado as coisas estavam como sempre muito organizadas.
- Você está acabado. - comento divertida enquanto me sento em um dos banquinhos.
- obrigada pelo elogio. - diz ironicamente, mas ainda assim sorrindo. - passei a noite em claro ontem. - explica vindo em minha direção.
- nossa! - digo vendo seu estado, ele estava péssimo, me sinto mal por ele, mas eu não podia fazer nada.
- É nem me fale. Assuntos pendentes. - ele me observa atentamente enquanto diz isso. Ele estaria se referindo a mim?
- bom, eles finalmente, resolveram marcar o dia do assalto. - informo deixando seu comentário anterior de lado, quando ele se senta perto de mim.
- É. - confirma como se aquilo não fosse novidade. - eu sei. - diz casualmente.
- Como assim, sabe? - pergunto confusa.
- O seu broche lembra? Eu posso ouvir tudo o que acontece ao seu redor. - ah! Então era isso, ele escutou tudo o que aconteceu na reunião então.
Ainda bem que eu havia desligado temporáriamente a escuta antes de sair hoje cedo.
Se não tivesse feito isso, ele teria ouvido toda a minha conversa com Fred, onde eu nitidamente admito que o amo. Hoje eu estava agindo tão sabiamente que até me surpreendia.
- ah! - digo simplesmente. - bem. - começo um tanto decepcionada por já ter que ir ambora. - então acho que não tenho mais nada de novo para contar. - falo já prestes a me levantar.
- Não tão rápido. - diz intenso segurando em minhas mãos e me impedido de me mover. Olho para ele e vejo que me observa atento, sinto sua pele contra a minha e me vejo paralisada, o tempo por um momento perece ter parado, mas não por tanto assim. - bem... - ele pigarreia e me solta antes de continuar. - tenho que te repassar algumas informações, antes que vá.
- claro. - confirmo de sentando novamente. - pode falar. - ele ri.
- Pelo que ouvi você está na equipe de segurança e vai ficar junto com mais dez pessoas ao redor do prédio, é isso mesmo? - eu confirmo com um aceno e ele continua - isso é ótimo! Vai tornar sua fuga mais fácil. - explica calmamente.
- minha fuga... - repito confusa.
- sim, você tem que sair de lá antes de toda a operação de prisão começar, eu vou avisar a você pelo ponto o momento exato de você se afastar. - continua, eu o ouço atentamente, a última coisa que queria eram imprevistos. - o muro ao redor do banco e bem alto, mais há um trecho de portão com grades, e sem as câmeras e os seguranças, tudo o que você tem que fazer é saltar para fora dali e sair o mais rápido possível.
- está bem, entendi. Mas e depois que eu sair, como vão me localizar?
- apenas se afaste o máximo que puder, quando já estiver longe me chame pelo fone, eu vou até você e te levo embora em segurança. O único risco aqui é que eles vejam você se afastar, por isso por favor Ana, seja discreta e rápida. - a última parte ele diz parecendo angustiado.
- pode deixar eu serei. - garanto entenda, ele suspira.
- bem, eu queria te dar equipamentos novos, trocar os seus fones e o broche, não quero correr nem mais um risco. - diz sério.
- tudo bem. - eu retiro os pontos e o broche antigos, enquanto isso ele pega os novos de uma caixa e me entrega. Coloco os novos com cuidado. - pronto.
- vamos fazer os testes. - pede indo até as câmeras e apertando em alguns botões, logo depois a imagem dele, da van e de tudo que estava na minha frente, ou melhor na frente do broche aparece na tela do aparelho. - com as imagens está tudo certo. Agora fale alguma coisa. - pede.
- Ca- le- be. - soletro seu nome em voz alta e o som se replica em um fone sobre o notbook, ele ri com o que eu disse.
- agora vou testar sua escuta. Fica atenta ao som. - pede antes de se aproximar do fone. - A-Na. - soletra com voz de locutor de rádio.
- tudo certo! - confirmo sorrindo. - o que mais preciso saber?
- na verdade, é algo que eu preciso saber. - corrige voltando a se sentar perto de mim. - Tem alguém atrás de você? Algum banker está de incomodando? Eu ouvi um cara falando com você, eu imagino que foi ma sala de treino, já que ouvi os tiros e o barulho de conversas. Você quer me dizer algo sobre isso? - eu não sabia que ele me perguntaria isso.
- Não é grande coisa. - digo, afinal não era mesmo - eu nem mesmo sei o nome do tal cara, mas ele apenas se aproximou de mim. Não se preocupe, eu sei me defender. - garanto, hoje mais cedo havia sido a prova viva disso, se ele tentasse outra gracinha ele veria que tinha tentado brincar com a pessoa errada.
- Quero que preste atenção, hoje você passou quase o dia todo com a escuta desligada, não quero que faça isso outra vez, essas pessoas não são como nós Ana. - continua com seriedade. - elas não tem moral e muito menos respeito e escrúpulos, se te ameaçarem não hesite sequer por um segundo em se defender. - instrui com cuidado. - entendeu?
- entendi. - confirmo, visto seu olhar preocupado sobre mim.
- tudo bem. Nos vemos amanhã depois que tudo isso acabar. - avisa com carinho.
- está bem. - eu me levanto e ele faz o mesmo abrindo a porta e olhando ao redor. - por favor, tome cuidado. - seu tom era quase uma suplica, eu nunca o tinha visto tão exposto daquela forma. Antes de sair da van eu seguro em uma de suas mãos e bagunço seus cabelos com a outra.
- eu vou. - digo antes de sair e deixa-lo ali.
Eu espero conseguir...
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De repente agente duplo (CONCLUÍDO)
RomanceAna Laurell não podia estar mais feliz com seu grande feito, depois de um ano sendo mais uma nas estatísticas, a garota finalmente havia conseguido um emprego em um escritório de investigação da cidade. Ana não queria correr risco de vida, mas o pos...