Capítulo 35

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Era definitivamente a coisa que ocupava os meus pensamentos.

Sério? Eu o amava?

Havia descoberto isso há quase duas semanas, desde então tenho entrado e saído da sede para caminhar por aí e voltava de novo para a minha sela, a mesma que alguns chamariam de quarto. Vi Calebe algumas vezes desde o dia da descoberta, no dia da ligação de Selso e do seu alerta, esses encontros só me fizeram ter a certeza do que eu já havia notado.

Eu amava Calebe Jollen e sentia que já o conhecia, o que no mínimo é estranho. Ele era tão teimoso e irritantemente lindo, mas era ao mesmo tempo gentil e educado, por que será que agora eu tinha que notar isso?

Esses eram os pontos que eu não conseguia explicar então preferia pensar em coisas mais simples, como o fato de que hoje a tarde tenho uma reunião com o chefe e seus capangas.

Estremeço só de pensar em ter que bancar a durona outra vez.

Acho que eles vão falar sobre o plano que entreguei, já que desde que fiz isso não recebi nenhuma resposta. Estou suportando os jantares malucos e estranhos deles, seus olhares mortíferos e tudo mais por quase um mês. Estou quase saturada de tudo isso. Quase.

Tomo um banho e troco de roupa, me preparando mentalmente para encarar a reunião que me espera. Caminho pelos corredores em direção  sala e nem mesmo olho para as laterais, como já estava acostumada a fazer, minhas botas faziam barulho conforme eu avançava em passos determinados, percebo que assim como eu algumas pessoas também seguiam até lá e isso só me deixa mais nervosa, um deles abre a porta e todos os demais entram, inclusive eu. Na sala foi posta uma mesa grande de reunião e ao redor as cadeiras onde alguns já estavam sentados, tomo o meu lugar em uma delas e espero que algo aconteça.

Alguns minutos se passan e ainda nada, as cadeiras estão todas ocupadas, com exceção de uma, mas isso logo muda quando ele entra na sala.

- Olá Bankers. - sua voz grave e forte preenche a sala, eu me remexo desconfortável na cadeira inconscientemente quando ele olha na minha direção. Está com um terno cinza com direito a lenço no bolso e tudo, parecia até que iria se casar a qualquer momento, penso com ironia que a noiva seria uma louca, assim como ele. - tenho atualizações muito pertinentes sobre nossos planejamentos. - ele se senta assim que para de falar.

Espero que diga mais alguma coisa, que termine logo com isso e eu possa fugir dali para o refúgio frágil do meu quarto, mas o que ele diz a seguir me faz querer evaporar em gotículas que poderiam sair sorrateiramente pela janela.

- Aceitamos o seu plano Lana. - eu preciso de alguns milissegundos para processsar que é comigo que ele fala. - vamos fazer isso.

- ótimo. Tenho que dizer: é uma boa decisão. - consigo falar com total confiança na voz, e agradeço mentalmente por isso.

- Que bom que pensa assim. - ele sorri de modo sinistro e seu olhar agora está sobre todos na sala. Assim que seus olhos saem de cima de mim eu sinto como se tivessem me livrado de carregar um peso, aquele cara era apavorante, todos ali eram, isso sem dúvida. - chamei vocês aqui para discutirmos os detalhes, e explicar sobre o plano, mas nem todos poderão participar dessa vez. - a última parte de sua fala parece ser mais dura, como se não quizesse deixar espaços para objeções, mas ainda assim um corajoso, ou louco, resolve falar. Ou melhor, uma louca.

- mas isso acabaria com toda a diversão chefe. - retruca uma garota, reconheço ela de uma das minhas idas e vindas pelo corredor, foi ela que se esbarrou em mim propositalmente, ela era doida mesmo.

- sim, pode até ser, mas esse é o nosso último trabalho, lembre-se disso. Não vamos falhar. - com isso ela se cala. - além do mais, o plano de Lana é tão simples e eficiente que não é necessário a presença de todos. Um número maior de pessoas poderia colocar tudo a perder.

- está bem. - concorda um dos capangas, era ele quem havia me perguntado sobre como eu era muito boa no que fazia se ele nunca havia ouvido sobre mim, eu tinha nojo dele, principalmente por ter me lançado um sorriso insano ao continuar. - Em que consiste esse plano tão brilhante?

Ele me dava medo, seu olhar, seus jestos, o seu jeito, ele todo e por completo me fazia lembrar o lobo mal da chapeuzinho vermelho misturado com  qualquer outro personagem maléfico.

- pois bem. Explique a todos Lana. - ele me entrega o material e faz isso sem nem me olhar, mas nem precisa, por que todos os outros pares de olhos estão sobre mim. Seguro a vontade de engolir em seco e começo o meu habitual teatrinho convincente.

- bem para começar, vamos ter uma equipe de segurança, serão responsáveis por estarem disfarçados e serão os olhos da operação contatando os demais sobre qualquer coisa suspeita que aconteça do lado de fora do banco, e claro armados e vestidos como pesssoas normais. - abro o mapa sobre a mesa e aponto a localização de cada um dos membros dessa equipe. - Dez pessoas ficarão nessa equipe, três nas entrada, dois em cada lateral e três nos fundos. A outra parte do plano envolve a distração, cinco pessoas ficarão com essa função, terão que dar um jeito nas câmeras um dia antes o que inclui invadir o sistema e distrair os funcionários. - aponto as localizações das câmeras e informo a quantidade - Oito pessoas entrarão na ala do cofre, duas farão os procedimentos enquanto os demais darão um jeito nos guardas e em que estiver no caminho. E por fim a última equipe, está vai ser a receptora, precisam dar um jeito de esperar pelos demais na parte dos fundos do banco, a segurança ali é menor e sem as câmeras ninguém vai ver nada, peguem o carregamento e contatem os outros sobre o sucesso da operação, todos entrem no caminhão que estará ali e esperem até que todos tenham voltado para sair. E pronto. Com dedicação, trabalho em equipe e agilidade o plano será um sucesso. - termino minha explicação me sentindo aliviada por não ter gaguejado e nem hesitado.

- fez um ótimo trabalho. - elogia o lobo mal observando o mapa, me seguro para não revirar os olhos enquanto me sento.

- só faço o meu trabalho. - digo sem agradecer e muito menos me gabar, quanto menos contato eu tivesse com esse pessoal melhor. - Alguém tem dúvidas?

- como farão para selecionar os participantes? - a mesma garota de antes pergunta. Como ela é insistente hein?

- eu vou ser responsável por isso Anabel, por favor pare de bater na mesma tecla. - Anabel? Ele a tratou com dureza, mas ainda assim com olhar diferenciado, eu não acredito nisso. Ela era filha dele? Agora o seu jeito rude e arrogante estava explicado.

- Está bem Senhor. Me desculpe. - pede ainda contrariada.

- amanhã terei uma reunião com os participantes, e não quero ouvir nenhuma reclamação sobre minha escolha, se forem avisados, não se atrasem. Precisamos ser meticulosos e quanto antes começarmos o treinamento melhor.

Treinamento?

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora