- Você está bem? - pergunta Calebe enquanto se assenta ao meu lado no banco rígido e desconfortável do corredor do hospital, eu estava com a mente tão nublada, que nem o tinha visto se aproximar pelo corredor. Alguns minutos se passam, eu tentava organizar meus pensamentos... para poder dizer alguma coisa, embora não soubesse bem como. Me viro e olho para ele pela primeira vez desde que chegou.
- Estou confusa... - digo com voz fraca e perdida. - Completamente confusa. Você e minha mãe já se conheciam? - pergunto me referindo sobre o que aconteceu ainda a pouco. O encontro deles tinha sido no mínimo estranho.
- Calma Ana. - pede ele angustiado, havia algo difente nele, de certa forma parecia que tudo havia mudado nos último minutos. Ele respirou bem fundo antes de falar algo, e isso só confirmou que a coisa era séria - sinto muito, mas eu tenho certeza que sua mãe é a pessoa que deve explicar tudo isso. - é só o que ele diz, isso me traz uma sensação de importância imensa. Eu precisava de respostas, mas por outro lado ele continuava parecendo tão confuso quanto eu. Percebo só agora, que seja lá o que tenha acontecido, ele também é uma vítima da situação.
- Você não pode me contar? - ele move a cabeça em uma lenta negação - Certo. Tudo bem. - concordo deixando essa conversa de lado até que mamãe pudesse receber visitas. Ele não diz mais nada após isso, e eu não consigo elaborar nenhuma frase que faça sentido para dizer nesse momento. O silêncio era a melhor opção.
Mas o silêncio foi quebrado um tempo depois, não por um de nós, mas pelo médico responsável por minha mãe.
- Ana Laurell? - pergunta o homem de jaleco vindo até onde estamos.
- Sim. Eu mesma. - confirmo me colocando de pé, Calebe faz o mesmo, ele continuou ao meu lado.
- Sua mãe teve uma queda de pressão arterial rápida e intensa. Maz ela já foi medicada e agora está bem, já pode ir vê-la se assim desejar. - minha garganta parece seca quando respondo.
- Claro... - com isso o médico dá um breve assentimento com a cabeça, antes de se afasfar pelo corredor.
- Eu acho que você e ela precisam desse momento a sós. - comenta Calebe.
- Eu não sei se estou preparada pra isso. - digo insegura.
- Eu sei, mas você precisa entender tudo.
- Eu sei... - ele me abraça apertado e me conforta antes se despedir com um beijo rápido em meu rosto. Observo ele se afastar com passos rápidos pelo corredor e sinto meu peito doer com o medo do que precisava "entender". Ele nem ao menos tinha dito um "nos vemos depois". Ele estava partindo?...
Caminho lentamente até o quarto em que ela estava e sem bater a porta entro no cômodo. A visão de minha mãe ali me faz estremecer, ela parecia tão frágil deitava sobre a cama estreita e rodeada de aparelhos que não paravam de dar os mais variados bips, se minha mente não estivesse tão entorpecida eu talvez até tivesse deixado uma lágrima solitária rolar, mas não aconteceu nada.
Eu fico de pé ali por algum tempo, entrei em silêncio e continuo assim. Ela ainda não me viu chegando e por isso continua com os olhos fechados. Eu queria ir embora, isso sem dúvida, estar aqui neste lugar prestes a ouvir alguma verdade até então secreta, sobre a minha vida, é apavorante. Ninguém podia me culpar por sentir isso, afinal, quando tudo na minha vida parecia estar em fim se encaixando, minha mãe desmaia no meio da sala após ver um cara.
...essa era a minha vida... mas o que tinha ainda pra saber? Que segredo ela me contaria?... suspiro frustrada e ela finalmente percebe minha presença no quarto.
- Ana... - sua voz está baixa, mas não tão rouca a ponto de que não conseguisse entendê-la. O que era bom... - Se aproxime. - pede me observando, sua expressão parecia ser de arrependimento e isso impediu que eu me movesse, porque ela se sentiria assim? - Ana... por favor. - sua voz ansiosa me desperta e eu por fim consigo mover meus pés e me coloco de pé ao seu lado.
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De repente agente duplo (CONCLUÍDO)
RomanceAna Laurell não podia estar mais feliz com seu grande feito, depois de um ano sendo mais uma nas estatísticas, a garota finalmente havia conseguido um emprego em um escritório de investigação da cidade. Ana não queria correr risco de vida, mas o pos...