Capítulo 49

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Ele não havia ligado... Não havia mandado uma mensagem de texto, sinal de fumaça ou um recado oculto na rádio local. Nada. Já exausta de esperar por um contato seu, eu mesma havia ligado, mas ele não atendeu, deixei recados contando tudo o que eu sabia agora, mas continuo sem uma resposta sua. Espero ao menos que ele os tenha ouvido, espero que ele saiba a verdade mesmo que eu não o veja mais.

Era como se agora eu estivesse revivendo todo o meu passado, mas dessa vez, eu parecia, realmente, ter morrido pra ele e era doloroso além da conta pensar nisso.

Fred apareceu há algumas horas atrás, faz apenas dois dias que voltei pra casa e os ânimos ainda estão exaltados por conta das revelações que surgiram com o episódio do hospital. Eles não demostram apoio a ninguém em específico, meu amigo e Alice parecem querer se insentar de uma possível discussão.  Por isso escolheram ficar neutros, não falam sobre o assunto e também não defendem minha mãe ou a mim, ela errou é claro, mas não podemos condenar ninguém permanentemente. A verdade é que os dois estão visivelmente preocupados com meu estado de silenciosa tristeza, a missão é coisa do passado, é como se tudo tivesse acontecido a uma eternidade, era passado, e a minha tristeza palpável é a bola da vez.

Eles parecem querer me polpar, é bem provável minha mente abalada seja visível por fora tanto quanto era real dentro de mim, eu me sentia uma bagunça por dentro e com certeza todos notavam a verdade. Eu precisava de um tempo em paz comigo mesmo, precisava pensar...

Talvez seja por isso que Fred ainda não me contou sobre o seu noivado com Samantha, embora ele ainda não saiba que sua noiva e também minha amiga já tinha me avisado da notícia com muita animação hoje pela manhã. Sam não tinha idéia de tudo que havia acontecido e que ainda estava acontecendo, por isso eu não a culpei por me forçar a fingir uma animação ao ouvir a notícia. Esse foi um dos poucos momentos em que eu fiquei bem perto de sair da bolha invisível em que estava presa pelos acontecimentos recentes. Bem perto...

Mas não o suficiente, somente uma coisa conseguiria me tirar do transe, ou melhor, apenas um alguém. Mas ele estava fora do meu alcance, o que só tornava tudo muito pior.

Minha irmã seguia com sua vida, embora eu já tivesse dito que ela podia deixar a floricultura, ela me disse que ficaria lá pelo menos até o fim do ano, pois não queria deixar a sua empregadora com problemas e contratar alguém para trabalhar a partir do novo ano seria mais fácil; eu aceitei é claro, e essa foi a única conversa que tivemos, eu já havia dito a eles que não contaria mais nada sobre a missão e agora tínhamos uma acordo velado sobre esse silêncio. Eu não precisava me preocupar com isso. Pelo menos uma coisa a menos, das infinitas com a qual minha mente se enroscava.

Meu telefone toca e minha curiosidade é despertada quando vejo o número novo ainda não gravado em minha agenda, quem seria? Estremeço com a possibilidade de que seja ele... mas me desepciono. De novo.

- Alô?

- Ana Laurell? - uma voz feminina surge do outro lado da linha, havia um tom profissional em sua fala, que me entristeceu. Não era ele.

- Ela mesma. Quem fala? - questiono de uma vez, não estava a fim de mais perguntas sem respostas, na minha mente já haviam demais dessas.

- Sou Ellen Pan, do escritório Smith advocacia, estou ligando por uma recomendação sobre você. Pode falar agora? - pergunta educadamente.

Meu pai! Smith advocacia era um dos escritórios mais respeitados da cidade! Se Selso estivesse ao meu lado eu o abraçaria. Me sinto borbulhante de expectativa, era mais do que eu esperava... isso sem dúvida.

- Ah! Claro. Pode falar sim. - comento pensando em sua pergunta, eu podia falar agora e sempre, afinal não tinha mais nenhuma ocupação, eu estava no nível zero novamente.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora