Capítulo 43

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- Você tem certeza de que é uma boa ideia eu ficar na sua casa? - pergunto enquanto caminhamos até o carro dele. Tínhamos ido juntos até a sala de Selso, eu havia recebido as últimas informações sobre a destruição dos meus apetrechos e gravações com minha voz, e também a notícia de que o carro que usei para ir até lá seria modificado inteiramente pela empresa para ser usado em uma futura missão. Meus rastros estavam oficialmente apagados.

- Claro que sim! - responde sem hesitar, diferente dele eu não estava tão certa de que isso seria uma boa ideia. Sério?! Eu e o cara que por tanto tempo odiei, mas que agora sabia amar ficando sob o mesmo teto por dois dias? Era demais para a minha mente já cheia.

- Eu posso ficar em um hotel até resolver voltar. Achei uma boa sugestão. - sugiro começando a gostar imensamente da ideia de me manter longe dele. - não quero incomodar você. - tento novamente, ele não diz nada por alguns segundos. Mas parece enfim ter decidido sobre sua posição final quando para de caminhar e me olha atento, eu também paro de andar e prendo a mala com as mãos para que a mesma ficasse ao meu lado e não saísse descontrolada rua a baixo.

- Não é incômodo nenhum. Afinal, sou seu parceiro de missão tá lembrada? Esse arranjo é perfeito, pois vou conseguir manter você segura.

- Eu pensei que esse arranjo terminava mesmo com o fim da missão. - comento divertida, ele sorri.

- Você já ouviu sobre isso na sala ainda a pouco. - lembra com um pequeno sorriso. - A missão só termina quando você estiver na sua casa e tudo estiver resolvido. E além do mais... - ele volta a andar. - isso não é negociável. Você vai ficar na minha casa até se sentir pronta para voltar. Fim de papo.

- Você é tão insistente. - ele abre a porta do carro e eu entro.

- Sou mesmo. - sorri ao fechar a porta e dá a volta no veículo para entrar pelo lado do motorista. Muito insistente mesmo...

- Muito bem Ana. - começa já sentado ao meu lado. É inevitável me lembrar da primeira vez em que ele deu as caras com seu lado gentil, ao vê-lo assim tão calmo. Naquele dia na van a caminho do restaurante para fazer a espionagem do encontro criminoso ele elogiou o meu vestido e foi a primeira vez que eu recebi uma palavra sua sem sentir a irritação habitual, foi aí que todo o perigo real começou. Eu relaxei a guarda quando estava perto dele a partir daquele dia, e meu coração exposto caiu no erro de amá-lo.

- Quero dizer que foi um prazer trabalhar com você. - comenta me trazendo para o hoje novamente.

- Digo o mesmo Calebe. - falo sinceramente.

- Formamos uma bela dupla no fim das contas, não é mesmo? - o seu sorriso maroto dá as caras e meu estômago se revira com as infindáveis borboletas. Eu mereço.

- É. Acho que devo admitir que você tem razão. - concordo sorrindo de volta, mesmo sem querer. Era inevitável permanecer indiferente a esse sorriso dele.

- Ótimo. - diz satisfeito.

- Muito bem, já que eu não tenho escolha. Vamos então. - digo me acomodando no banco, ele sorri novamente, mas dessa vez eu não me viro para olhar, meu coração já estava descontrolado demais para o meu gosto.

Seguimos em silêncio por várias quadras, o dia estava um pouco nublado e eu sorrio com ironia, até o clima estava refletindo meus sentimentos. Eram confusos, um tanto indefinidos e dificultavam para que o sol - símbolo da solução na minha metáfora piegas - viesse a aparecer. Era oficial, eu tinha pirado de vez.

- Chegamos! - diz do nada me assustando e me trazendo para o tempo presente. De novo...

- Ah! - pigarreio e tiro o cinto olhando pela janela, o prédio era inteiramente envidraçado e assustadoramente alto. - Quantos andares tem essa coisa? - pergunto ao sair do carro. Ele faz o mesmo e vai até o porta-malas para tirar minha pequena mala dali de dentro.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora